2012 foi/está sendo sem dúvida o ano mais ocupado, conturbado e confuso da minha vida. Muuuuuita coisa importante acontecendo ao mesmo tempo, naquele nível em que as pessoas pra te confortar falam: “ah, você deveria fazer uma lista de prioridades”, no que eu só posso cabisbaixa responder “infelizmente, tudo é prioridade no momento”. E tudo acontecendo em duplicata, triplicata. Multiplicidade que, aliás, já começou lá no início do ano: um 01 de janeiro de 2012 vivido duas vezes – quase um presságio do ritmo que seria meu 2012. Um ano que valeu por 2, 3 ou mais.
Escritas do ano
Escrevi bastante, apenas não aqui no blog. Em vez disso, tive:
– uma tese de doutorado, pra escrever e defender;
– antes disso, um proposal de doutorado, pra escrever e defender;
– um artigo científico denso pra escrever, longamente revisado e discutido, e que foi finalmente publicado online em agosto;
– dois capítulos de livros que serão publicados ano que vem;
– uma entrada em enciclopédia técnica que também será publicada só ano que vem;
– mais dois artigos científicos complicados no pipeline, que ainda estou tentando achar tempo para terminar;
– experimentos que não pararam de gerar pepinos;
– um novo projeto de pesquisa, pequeno, pero no mucho;
– uma mudança de emprego, que me trouxe mais responsabilidades urgentes;
– a necessidade de (re)aprender pra ontem todo um campo de pesquisa que será meu feijão-com-arroz daqui pra frente (inclua aí muitas horas de webinars e afins);
– uma duas pequenas, mas chatas, cirurgias;
– e pra fechar com chave de ouro toda essa ocupação, a participação (e apoio indireto na organização) em um programa de verão com mais de 40 cientistas em julho.
Vida de cientista acadêmica, enfim.
Chega de escrever?
Talvez pelo excesso de escrita científica, fiquei um pouco cansada de escrever. Quando chegava em casa, tudo que eu queria era sair da frente do computador e pensar em coisas lights. Dada a ocupação offline non-stop, o número de posts também foi bem menor que em anos anteriores, e o tom da maioria bem mais brando (nada da quase-militância vista no passado). O que é uma lástima, já que uso o blog como meu hobby e ponto de organização das viagens na maionese que passam pela minha cabeça também non-stop.
Mas eis que chega pelo menos um momento de celebração, esta data querida, 09 de outubro, de aniversário de 8 anos do meu blog. Quero comemorar. Em 8 anos, vi tantos blogs bons abrirem e fecharem as portas, outros tantos se profissionalizarem, vi uma Associação de Blogs nascer, e mais uma leva de blogs que continua aí, sem pretensão e com ternura de sobra. Muitos amigos foram feitos nas caixas de comentários, muitas risadas foram compartilhadas. A mutabilidade virtual, o dinamismo da plataforma blog, é das coisas mais interessantes de se observar. Como todo blog que se preza, o meu também tem ciclos, e ano retrasado cheguei a comentar sobre eles. No final das contas, são 8 anos de muitas mallices, espalhados também no rádio, na TV e no jornal, para todos os gostos e temperos.
Todos os anos, celebro o aniversário do blog com uma auto-linkania/retrospectiva desvairada, ressaltando os diversos posts que passaram pelo ano, no chamado “Prêmio Malla Bloggel” – eu que inventei essa palhaçada (#mejulguem). Não quebrarei a tradição este ano, né? Eis portanto meus links favoritos/de destaque de 2012.
Prêmio Malla Bloggel 2012
Vamos lá.
1) Economia
Em novembro, a cidade de Honolulu recebeu o APEC, maior encontro econômico do Pacífico. Foi o momento econômico do ano, mas como não fiz grandes análises sobre o evento, deixo o prêmio para a riqueza do níquel, que movimenta a economia da Nova Caledônia.
2) Ciência e Medicina
Um milhão de posts imaginários de ciência na minha cabeça em 2012 – Yes, I have many dreams. Entretanto, poucos vieram pro papel virtual, a maioria continua rascunhado em algum neurônio perdido por aí. Em termos de ciência, com todos os altos e baixos e ansiedades, absolutamente nada supera o fato de que este foi o ano em que virei doutora em Biologia Celular e Molecular. Finalmente. 🙂
3) Literatura
Teve um meme literário supimpa, onde expus diversas das minhas leituras do momento. Mas resenhei um livro que curti à beça ler, sobre a rotina em Tuvalu. E a escolha é dele.
4) Política
Este foi um ano a-político por estas bandas, já que meu foco era na ciência offline. As discussões políticas não pararam, mas se deslocaram para a mesa do bar em happy hours incontáveis. Em termos de post político, o post sobre turismo responsável entretanto se destaca não pela popularidade real, mas pela importância da idéia ser levada aos canais políticos em algum ponto no futuro próximo.
5) Popularidade Google
Bizarramente, um dos posts mais populares deste ano foi sobre a visita ao Centro Cultural Tjibaou, em Noumea, Nova Caledônia. Ao escrevê-lo, não imaginava que a demanda pelas fotos do prédio – e principalmente pelo croqui do design do Renzo Piano – fosse algo tão em falta entre os arquitetos (ou aspirantes a arquitetos) brasileiros. Pela boa surpresa, vale o prêmio.
6) Fotografia
Uma foto tirada pelo André foi parar no rótulo da cerveja Paulistânia por votação popular (eeeeeeeee!!!! valeu galera!!!!), outras nas páginas da Revista Mergulho de julho. E mais: outra foto foi exposta em espaço público em Londres durante as Olimpíadas. Impossível não ter orgulho… <3
7) Filosofia do mundo
Minha filosofia de mundo número 1 é pela diversidade. Principalmente a biodiversidade, fruto de um processo evolutivo de tantos milhões de anos. E então que eu fico triste quando animais se extinguem, mesmo que localmente. Porque todos, os 3% e os 97%, saímos perdendo, a cada um destes eventos de extinção causados pela ação de uma única espécie (e a mesma, coincidentemente). E quando a gente está aí, perdendo todo um ecossistema, a coisa fica mais difícil de engolir ainda.
Por outro lado, fico feliz em saber que tem gente pensando bastante no assunto. E mais ainda, gente produtivamente preocupada com a possibilidade de perda de biodiversidade. Pessoas e entidades que estão fazendo a sua parte de maneira formiguinha, mas exemplar. Quanto mais gente nessa empreitada, melhor prognóstico de futuro nosso planetinha azul tem.
Sou otimista. 🙂
8) Visita ilustre
Este ano, desencanei de olhar o mapa das visitas. Não tive tempo. Perdi a senha do sitemeter, onde antes eu coletava o mapa de onde as pessoas vinham (e torcia imensamente por alguém vindo do Kamchatka, algo que nunca aconteceu, infelizmente). Acho o Google Analytics um saco. Filosoficamente, também, tenho refletido cada vez mais no quão desinteressante essa numerologia é, pelo menos para mim.
Como consequência dessa atitude, o prêmio de visita ilustre vai para quem merece de fato, nesses 8 anos: TODOS os amigos e amigas que insistem, ano após ano, em viajar com esta Malla sem klout mas com muita ternura no coração. 🙂
9) Pior título de post
Há vários, como sempre. Aqueles trocadilhos infames. Mas… who cares? O que vale é a brincadeira. Pela morbidade, eu voto neste título – apesar do post ser bem bacana… #mejulguemdenovo
10) Melhor viagem real relativamente longa
Neste oitavo ano de viagens reais, virtuais e principalmente na maionese, a grande surpresa foi a incrível ausência de viagens reais. Só tive tempo para pequenos passeios de fim de semana aqui mesmo pelo Havaí, única exceção sendo minhas férias em dezembro – que quase entram na categoria“expedição”. Conhecer 3 países do Pacífico Sul tão diferentes entre si foi emocionante.
Fiji, com sua forte influência indiana, seus tubarões, suas surpresas. Nova Caledônia, com sua arquitetura, seus recifes de corais patrimônio da humanidade, sua fauna, até seu marketing – e já adianto que o melhor de lá eu ainda nem contei… Wallis & Futuna, esse país na curva do tempo e do espaço, que também não teve uma linha sequer escrita por aqui (minha vida em 2012, um oferecimento: falta crônica de tempo), e dos lugares mais surpreendentes que visitei. E de quebra, sobrevoar uma das paisagens mais lindas do planeta, em Kiribati. Vencedor que vale por uma vida inteira de viagens. 🙂
(Na volta, escrevi no meu FB:
“Loved this marvelous journey throughout 3 countries in the South Pacific: Fiji, New Caledonia and Wallis & Futuna. Melanesia and Polynesia in the big melting pot of my brain. Cannot point out which one I loved most, they are all so incredibly different and wonderful. Thank you all the smiley souls I met around this journey, you all made my vacation unforgettable. :)”
É isso.)
11) Melhor viagem real relativamente curta
Para Maui, sem dúvida, com André, nossas sobrinhas e meu sogro. O passeio das baleias foi inesquecível – a Ju depois confirmou isso num post aqui no blog.
12) Viagem na maionese
Às vezes, eu “viajo” nos lugares que visito… 😀
13) Onde fica?
Jeju, na Coréia do Sul, veio à luz do noticiário em novembro/2011 por conta de uma eleição muito suspeita. Mas enfim, foi um point de mergulho bacana quando lá estivemos. A trilha do Sokehs também é um ponto desconhecido do nosso planetinha, mas que deveria ser mais visitado. E um bairro de Taipei é dos must-visit menos falados por aí. Entretanto, dos lugares mais bizarros, sem dúvida o prêmio “Onde fica?” vai pra ilha de Wallis, onde pisei, nadei, pensei e repensei nosso ritmo desvairado de tempo.
14) Tudo de bom sempre
Para o moço generoso e desprendido que montou seus telescópios pessoais no local onde trabalho e, com isso, permitiu que um bando de não-astrônomos desnorteados – mas beeeem curiosos – pudesse apreciar o evento astronômico ímpar de 2012: a passagem de Vênus em frente ao sol. Pelo gesto marcante, tudo de bom sempre pra… Thanks, Steven! 🙂
15) Mallice da Malla
O Havaí foi A mallice da Malla este ano. Inúmeros posts, rankings; inúmeras descobertas, belezas, bagunças, celebrações e aventuras. Até um filme emocionante. E taaaaaanta coisa ainda a escrever. Até reorganizei melhor os links, para facilitar a viagem do pessoal. Esta mallice foi melhor ratificada com o novo avatar, mais havaiano e pessoal, feito pela minha amiga demais Rute.
Para atiçar a curiosidade (#soumallamesmo), só posso dizer por agora que em muito breve esta mallice vai crescer ainda mais. Surpresas vêm aí. 😉
16) Malla Bloggel da Paz
Será que um dia voltarei a ter paz? (E tranquilidade, principalmente.) #acaba2012
Este ano, meu prêmio da Paz vai pra todos que participaram de alguma forma da minha jornada de PhD. Sejam eles reais, virtuais, ou na maionese. 😛
Muito obrigada!
E que venha logo 2013!
Tudo de blog sempre. Tintim!