Hoje é o dia mundial da Água. A data celebrada pela ONU tem como tema esse ano “Água e Cultura”. Pois quando ouço falar em água e cultura, me vem logo na cabeça o Kauai. Explicarei então sobre por que as águas do Kauai são tão especiais. E por que este é meu roteiro predileto no Havaí.
Na última semana, o Kauai, ilha onde casei e passei minha lua-de-mel, tem sofrido bastante com tempestades e inundações. Estas tempestades já deixaram mortos, inundaram resorts e hotéis (incluindo o que ficamos!). Levou o governo do estado a um esforço comparável ao de quando a ilha foi varrida pelo furacão Iniki em 1992, com inspeção manual de todos os reservatórios de água. Afinal, um deles rachou e transbordou, inundando uma parte da ilha. Água em excesso.
Uma tristeza isso.
Leia mais: Meu guia de hotel no Kauai.
O Kauai das águas
Há um mês eu estava lá, tendo o momento mais especial da minha vida. E o Kauai que ficou na minha lembrança é o exótico, verde, cheio de vida e paradisíaco. O Kauai das cachoeiras escondidas, córregos, garoas constantes. Ou o Kauai da Na Pali coast. Além disso, o Kauai dos havaianos que cultuam a água por viverem cercados por ela. O Kauai dos lugares nota 10, que não cabem todos nessas meras linhas. Mas que nos próximos parágrafos, farei o possível para pincelar.
Kaua’i é conhecida como a “ilha-jardim” do Havaí. Este apelido vem da quantidade fenomenal de verde que a ilha tem. Está no Guiness Book como abrigo do um dos lugares mais úmidos e chuvosos do planeta, o topo do Monte Wai’ale’ale.
A chuva, aliás, é uma característica importante do Kauai. Chove bastante na ilha. Mas primordialmente, é apenas garoa, mantendo a umidade constante. No período desta visita de 3 dias, choveu/garoou todos os dias. Exceto na hora e no local do nosso casamento. 🙂
(O que nos garantiu por sorte um mar azul-lindo de background fotográfico.)
Kauai inesquecível
Mesmo debaixo de chuva, o Kauai ainda assim é incrível. Afinal, em quantos outros lugares do planeta você pode ver em um mesmo dia um cânion inacreditavelmente vermelho como o Waimea cercado de vegetação densa tropical com um riozinho no fundo? Ou um santuário de proteção às aves em pleno penhasco à beira-mar – e com direito a uma ilha solitária em frente? Nēnēs (ave-símbolo do Havaí e ameaçada de extinção) andando pelo estacionamento dos lugares turísticos com ondas de surfe no background? Ou ainda praias com piscinas naturais perto de cachoeiras altíssimas? Paisagens insólitas, únicas, majestosas…
A olhos vistos, água por todos os lados. Movimentos e momentos, sob a forma de vegetação rica, névoa de garoa ou ondas salgadas. Águas do Kauai, inesquecíveis.


O que fazer em 3 dias no Kauai?
Roteiro Dia 1 – Visita ao Waimea Canyon
Quando lá estivemos, passamos um dia inteiro visitando o parque estadual do Waimea Cânion. Este cânion é uma fratura do terreno colapsado que rasga a ilha da montanha em direção ao mar. Além disso, é conhecido como o “Grand Canyon do Pacífico”. Seus labirintos de paredões vermelhos e cachoeiras inatingíveis são vistos por várias das paradas na estrada de Koke’e que corta o parque.
Mas dá para fazer uma caminhada também. Basta ter ânimo pros quase 20 km de subidas e descidas ao encontro do riozinho do fundo. A estrada, aliás, termina em uma das extremidades da Na Pali Coast, o vale de Kalalau. Que é, por sua vez, outro lugar imperdível, das visões mais espetaculares do Pacífico.
Roteiro Dia 2 – Hanalei e North Shore do Kauai
Um outro dia do roteiro foi aproveitado no lado norte da ilha. Esta é a área de ondas surfáveis, penhascos e plantações de inhame – o taro, como é conhecido na culinária do Havaí. Estávamos hospedados em Kapa’a. Com o carro alugado, fomos subindo em nosso roteiro em direção às ondas. Paramos em cada recanto, de Kealia Beach até Princeville. Ali, antes haviam construções russas (!) numa tentativa de dominação frustrada dos mesmos.
De Princeville, vemos a baía de Hanalei, com toda a força das ondas quebrando em plena temporada de surfe radical. Muitos surfistas na água, profissionais filmando de cima, aquele clima de “he’enalu ‘oe” na veia.
Um pouco antes de Hanalei, avistamos uma área reservada aos havaianos legítimos (os “herdeiros de Kamehameha”), dedicada às plantações de taro. Como o taro é uma cultura alagada, o local também é um reduto de aves de estuário. Determinando-se uma área específica da ilha para plantar a comida mais importante da dieta havaiana tradicional, matam-se dois coelhos com uma cajadada só. Em primeiro lugar, as aves são protegidas. Em segundo lugar, a cultura local é mantida.
Ponto pro Kauai.


Visita ao Kilauea Lighthouse
Nesse passeio pelo lado norte, o deslumbre ficou maior quando chegamos ao Kilauea Lighthouse, outro reduto de pássaros. Dessa vez, entretanto, aos milhares. Várias espécies estavam entocadas nos penhascos e na ilha em frente ao farol. Além de muitos nēnēs, livres, leves e soltos. Era temporada de baleias, e algumas jubartes também faziam festa na água. Um espetáculo completo para um recém-casado casal de biólogos como a gente.
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Roteiro Dia 3 – Polihale Beach e Shipwreck Beach
No terceiro dia de roteiro no Kauai, decidimos ir para o lado oeste, encarar a Polihale Beach. Dessa praia, podemos ver no horizonte a pequena ilha particular de Ni’ihau, onde só residem algumas famílias tradicionais que só se comunicam em havaiano. Ni’ihau é chamada de “a ilha esquecida”, pois está fora dos roteiros turísticos. Tem problemas sérios de desemprego, secas constantes, e excesso de pesca.
Mas para mim, apesar dos percalços, ela é como um experimento antropológico. Afinal, é onde a cultura havaiana está sendo mantida em sua plenitude, para as gerações futuras não perderem a referência. É aguardar para ver até quando se sustenta.


Depois de ver Polihale, voltamos então para a região sul do Kauai: Po’ipū. Eu queria andar um pouco mais pelas praias dessa área. Dar o “até breve” final a Shipwreck Beach, onde meu grande sonho se realizou. Para chegar em Po’ipū, passa-se por um túnel de árvores fantástico. É como se estivéssemos entrando em um universo paralelo, onde os problemas são esquecidos.

Quando chegamos em Shipwreck, entretanto, o céu estava nublado. Era um dia cinzento. Mas nem a garoa conteve as minhas lágrimas de emoção ao jogar meus leis no mar, uma tradição nas ilhas havaianas que lhe garante um dia o retorno a esse paraíso. Porque quero mesmo voltar para aquelas águas.

Tudo de bom sempre.
P.S.
- ATUALIZAÇÃO EM 2020: Vale dizer que depois de três anos dessa visita… Voltei pro Havaí. De vez, para morar. E já estou aqui há 11 anos. Porque there’s no place I’d rather be. 🙂