Quando eu estava na escola, todo final de bimestre, os professores vinham com uma folha de auto-avaliação pra gente preencher. Mais que uma formalidade, tentavam fazer aquele bando de aborrescentes pensarem nas besteiradas que aprontaram. Principalmente, nos aprendizados que conseguiram obter naquele período. Em princípio, a folhinha não era levada a sério. O pessoal escrevia mais besteiras ainda, e não funcionava muito para a finalidade a que foi criada. Mas pelo menos criou-se o hábito.
Um hábito que carreguei pro resto da vida. De vez em quando me pego fazendo auto-avaliações. Primordialmente, pensando nos objetivos que tracei e no que consegui efetivamente realizar. Nos obstáculos enfrentados, nos retornos que tive. E como este blog é um pedacinho da minha vida, acho que, à beira de fazer 6 anos de blogagem (é dia 09, sábado que vem), devo fazer uma auto-avaliação. E publicá-la, afinal, para conhecimento e curiosidade de quem se interessar.
Blog em números
Nestes 6 anos, foram 1080 posts – and counting. Tendo a data do aniversário do blog, 09 de outubro, como marco dos períodos temos:
2004-2005 -> 160 posts
2005-2006 -> 124 posts
2006-2007 -> 138 posts
2007-2008 -> 254 posts
2008-2009 -> 231 posts
2009-2010 -> 177 posts (até agora)
Interessante notar que em 2005-2006 tenha escrito tão menos que nos anos anteriores. Mas também interessante notar que em 2007-2008, quando mais escrevi, estava no Brasil. Momento recheado de feedback das notícias locais e interações ao vivo com outros amigos blogueiros. Talvez esse melting pot tenha favorecido minhas opiniões a aflorarem mais; talvez tenha sido apenas o fato de que eu tinha mais tempo para o blog.
Afastada do Brasil, embora ligada na internet, há um certo distanciamento mesmo que queiramos negar existi-lo. Pelo menos para mim, aqui no meio do mar, a ânsia de opinar sobre o que acontece naquele momento desaparece junto com a diferença de fuso horário. Afinal, quando vou saber das coisas, já aconteceu há tempos. Esse distanciamento espaço-temporal favorece o foco em outras realidades ou em outros mundos. Outras viagens, se é que decerto me entendem.
As eras blogológicas da Malla
Mas a melhor forma de separar este blog, que tem um pé na ciência, é em eras blogológicas. No início, era a sopa primordial, o pré-Cambriano. Quando qualquer coisa que acontecesse de inusitada ou se passasse na minha cabeça virava post. Não havia muito filtro. Esta fase durou alguns meses apenas.
Aí veio a era Paleozóica, as primeiras interações com amigos, os primeiros posts mais “densos”, onde eu começava a querer organizar caoticamente este espaço de alguma forma.
A blogagem ao vivo da visita do Lula à Coréia do Sul foi um marco de separação de eras do meu blog. Não só pelo volume de pessoas que surpreendentemente passaram a se interessar pelo que eu escrevia. Mas também pela divulgação que obtive à época e pela própria complexidade maionesística que aos poucos o blog foi tomando. Este é o período Mesozóico, a era dos enormes posts-dinossauros, que até hoje são bastante visitados. E a era dos amigos dinossauros da blogosfera, a maioria deles felizmente ainda presentes na minha vida. Deixaram de ser apenas “blogueiros amigos” para se tornarem amigos. Amigos estes que, coincidentemente, também têm blog, como bem disse uma vez a Tata.
O Mesozóico acabou quando, aos poucos, uma nova classe de posts “verdes” foi nascendo. Tal eco-interesse já existia na sombra de muitos posts. Mas tomou forma e floresceu para a existência e sobrevivência na primeira semana de 2007. Foi quando, inspirada pelo filme “Uma verdade inconveniente” e sentindo ao meu redor uma necessidade cada vez maior de compartilhar incômodos ambientais, decidimos montar um blog focado em ações e recheado de discussões e reflexões. Era o nascimento do Faça a sua parte. A era Cenozóica, enfim, chegara.
Entretanto, dentro do mesmo Cenozóico bloguístico, houve diferentes períodos. No Paleoceno, os posts eram mais combativos, havia portanto menos papas na língua. Aos poucos, o verde foi evoluindo para azul Plioceno, a cor predominante até os dias atuais deste blog. Posso dizer também que me deixei relaxar mentalmente ao sabor da maré. Buscando assim um melhor equilíbrio, uma constância menos “radical”.
A seta do tempo é a estrada
Em todas as eras, entretanto, muitas viagens reais e na maionese. Momentos de animação, momentos de exaustão, momentos de introspecção, de aflição e de exacerbação. Porque a seta do tempo que cruza desde os primórdios por todas as eras blogológicas é feita de pés na estrada. De aventuras conectadas por sinapses. De altos e baixos que formam cadeias montanhosas, cujo cumes nos fazem olhar melhor os vales. E por um coração, por certo, repleto de otimismo e esperanças.
Tudo de bom sempre para este blog. Que a cada ano renasce, mais Malla que nunca. E sempre, sobretudo, no ritmo das marés.
P.S.
Perdi a conta dos comentários deixados pelos amigos. Foram muitos e todos lidos, a maioria respondidos, afinal. Ultimamente, entretanto, com a cabeça em diversos pontos do espaço-tempo, tenho esquecido de responder certos posts. Quando vou ver ficaram para trás com a conversa truncada. Shame on me.
Durante a migração do blogspot para o Interney, perdi alguns comentários e não migrei tudo. Tenho todos do blog antigo backupeados offline em formato word (me xinguem à vontade). Mas os da era Interney ainda estão em processo de backupeamento. Leva tempo para organizar do jeito que gosto e por isso, fico sempre adiando a tarefa. Um dia ela se completa.
De qualquer forma, agradeço a todos sem exceção que pararam por uns minutinhos que sejam para deixar aqui algumas palavras para esta Malla que vos escreve. É extremamente gratificante escrever e receber este feedback, ora pois. Sorrio e aprendo muito com todos vocês, enfim. Obrigada de coração.
ATENÇÃO: Esse post será o único post da semana, até a Sexta Sub. Porque quero MUITO ouvir vocês. 🙂
Quem quiser comentar sobre seu momento marcante neste blog, post mais (ou menos) interessante que já leu aqui, temas que gostam/desgostam/viajam… Fique à vontade, para falar o que achar que vale a pena. Gosto especialmente de ouvir as críticas construtivas, que me fazem refletir e podem animar mais o ambiente viajante do blog. Esse é o momento de avaliação – e pra mim, de auto-avaliação. De antemão, já agradeço mais uma vez. Obrigada pela interação amiga. 🙂