por:
Lucia Malla
Amigos de viagem, Corais, Estados Federados da Micronésia, Ilhas, Mergulho, Micronésia
Publicado
02/07/2011
“Black Coral Island é uma ilha em Pohnpei, Micronésia, com recife de coral maravilhoso. E está reservada só para nós.”
Quando a proposta de passeio nos foi feita, achamos que era uma brincadeira. Mas, well, estávamos em Pohnpei, na Micronésia, onde não há local cheio de gente. Então logo a ficha caiu e percebemos que nossos amigos, que nos faziam tal proposta indecente, estavam não só falando sério, como praticamente nos obrigando a ir com eles. Obrigação esta que eu e André aceitamos com um sorriso de canto a canto, claro.
Numa ilha deserta da Micronésia
O fim de semana chegou e íamos para a Black Coral Island, a menos de 30 minutos da costa de Pohnpei, no município de Palikir. Nossos amigos nos avisaram, cheios de dedos: a ilha não tem luz elétrica nem água encanada. Será que vocês vão se sentir desconfortáveis com isso, etc.
Resposta imediata: não. Isso porque as palavras-chaves para a gente topar a parada já tinham sido ditas na primeira frase do convite: recife de coral maravilhoso. Só para a gente. Precisa mais?
E foi assim que nos dispusemos a acampar por um fim de semana numa ilha só nossa em plena Pohnpei, Micronésia. Nossos amigos convidaram outro casal e suas filhas, e com isso éramos 8 pessoas. A 10 dólares por dia por pessoa – valor do aluguel da ilha (!!!), pechincha das pechinchas.
(Aliás, vale ressaltar, a ilha consta como “acomodação” no website oficial da Micronésia. Se você acha que está indo para um hotel-resort… Reveja seus conceitos e contatos.)
A ilha é privada e é uma área de conservação. Possui uma estrutura turística rudimentar, portanto, para espíritos mais aventureiros. Há 4 bangalôs de madeira, sem móveis. Dois banheiros “movidos” à água do mar. Um galpão ao ar livre com uma “mesa” de centro de pedra, que funciona como o local de reunião da família, tradição bem micronésia/polinésia. Além disso,o melhor: uma paisagem de cair o queixo.
Acampamento em Black Coral Island, Pohnpei
Levamos absolutamente tudo que precisávamos pro fim de semana relax: de repelente a água potável, passando por cadeiras, colchões, comida e jogos de tabuleiro. Nada de celular ou eletrônico, que a idéia era desligar-se do mundo completamente. No sábado de manhãzinha, chegamos num píer improvisado na costa do Palikir e esperamos uns 30 minutos o barqueiro aparecer. Seriam 2 barcos que fariam a travessia, um com os nossos apetrechos e outro com a gente. Às 9 da manhã, estávamos embarcando rumo à ilha.
A chegada não podia ser mais impressionante. Afinal, a sensação era de que o paraíso existia e nós estávamos prestes a pisar nele. Os bangalôs na água, sonho romântico de 99.999% dos apaixonados por ilhas. Saca só o visu da varanda.
Desembarcamos as bagagens. Os barqueiros, com pressa de voltar pro continente, assim que deixaram a gente, zarparam – de acordo com nossos amigos, eles sempre se perguntam quem são os “loucos” que curtem ir para um lugar daqueles “sem nada”. O inferno de uns é o paraíso de outros, definitivamente.
Snorkel de reconhecimento
Ajeitamos a cozinha improvisadérrima embaixo do galpão, tomamos um suco e… Caímos então na água. Que era um convite constante ao mergulho, diga-se de passagem. Ao lado, outra ilha um pouco maior. Entre as duas, um canal – geografia perfeita para ver diversos peixes legais.
Passamos a manhã inteira explorando o coral. Esta ilha em Pohnpei leva o nome de Black Coral por causa de uma espécie de coral que existe ali, a Heliopora coerulea, que é preta – embora biologicamente seja considerado um blue coral. Mas, para os moradores locais, pelo visto o que vale é a cor real do bicho.
O snorkel é espetacular. Por causa do isolamento e da presença do canal, a quantidade de peixes é absurda. O coral é super-saudável e biodiverso, com espécies das mais diversas cores. André e eu primeiro demos a volta na ilha, e depois ficamos explorando os inúmeros recantos dos vários cabeços de coral.
Relax, relax…
O almoço foi já no meio da tarde, e depois dele, pausa para jogar palavras cruzadas, bocci (um jogo que lembra um pouco a bocha) e… cair na água de novo. Mais snorkel, porque aquele mar azul ali, na nossa cara, era muito convidativo. E a água morninha dava o toque chantilly ao paraíso aquático.
Depois do pôr-do-sol – maravilhoso, diga-se de passagem – começamos os trabalhos de janta. Uma divertida reunião de amigos, com muitas piadas e sorrisos. Tudo ao som da trilha sonora das ondinhas que batiam.
Mais snorkel em Black Coral Island
No dia seguinte, mal tinha acordado e fui tomar meu café ilhéu na varanda do bangalô. A maré estava cheia e uma moréia então passeava por entre as pedrinhas. Fiquei da varanda só acompanhando a moréia em sua busca matinal pela mesma necessidade: café da manhã. 😀
O domingo amanheceu meio nublado. Demos uma olhada em algumas espécies terrestres que habitavam Black Coral.
Mas, óbvio, o tempo nublado não foi suficiente para inibir atividades de snorkel. Mais uma vez, caímos na água. A saúde daquele coral era tão inspiradora que a gente não podia perder um minuto sequer longe nele. Para se inspirar, mais e mais.
(Minha definição imaginária de paraíso perfeito com certeza inclui um recife daquele ao redor – embora não tenha visto nenhum tubarão, mas André viu uma raia, que é parente, vai…)
Sala de jogos
Depois do almoço, pausa para a jogatina de ilha: palavras cruzadas e baralho. Frisbie aquático na parte de fundo de areia. Mais snorkel. Ô vida…
Até que chegou a hora em que os barqueiros vinham nos buscar. Nossas tralhas diminuídas um pouco, já que bebidas e comidas foram consumidas e o coração e a mente estavam mais leves, da tranquilidade do isolamento de fim de semana que só uma ilha tropical deserta pode trazer.
A volta foi meio “molhada”, já que o mar estava um pouco mais mexido perto do continente e o barco ia em velocidade máxima. Mas ninguém se importou em se molhar, nem mesmo uma das meninas que lia um livro de papel sentada na popa – o livro quase se desintegrando e ela ali, firme e forte no enredo.
Saudade do paraíso na Micronésia
Black Coral virara um pontinho no horizonte de novo. E deixou saudade, já que só enquanto escrevo este post, já soltei uma profusão de suspiros e sorrisos pra mim mesma. Principalmente, relembrando as delícias deste fim de semana numa ilha deserta só nossa.
Ao rever as fotos então… Certamente, felicidade para mim é um mar azul repleto de amigos ao redor.
Tudo de mar sempre.