Fotografia de vida selvagem 2007

por: Lucia Malla Animais, Antigos, Arte, ArteSub, Fotografia, Prêmios, Publicidade

Hoje abriu a exposição online – e real, para os que moram em Londres – do Museu Britânico de História Natural, com as fotos premiadas no Shell Wildlife Photographer of the Year 2007. Ou seja, as melhores fotos de vida selvagem do ano no maior concurso do tema que existe no planeta. Como sei que as regras do Museu me permitem reproduzir 5 fotos para divulgação não-comercial (foi a própria diretora do concurso quem me disse isso pessoalmente no ano passado, quando André ganhou uma das categorias do concurso), então resolvi colocar as 5 fotos desse ano que mais gostei. Mas aconselho todos a irem no site da competição visitar os vencedores do ano, porque as fotos estão excelentes, really breathtaking. Foram mais de 30,000 imagens concorrendo. Aos curiosos de plantão, André chegou à fase final de escolha das 3 categorias mais concorridas na competição desse ano com 1 foto em cada (o que significa estar entre os top 100 do mundo!!), mas nenhuma delas levou o prêmio final infelizmente, apesar de serem MARAVILHOSAS, em minha parcialíssima opinião corujística. Essas 3 fotos podem ser vistas no site da ArteSub: um peixe-boi, um tubarão de Galápagos e uma ostra que eu amo de paixão.

Esse ano, houve uma forte predominância dos animais de ambientes gelados entre os vencedores – pode ser uma simples questão de estatística, mais fotógrafos de gelo enviaram imagens para concorrer que de vida selvagem tropical. Mas pode ser também uma escolha proposital: dado o caráter de alerta ambiental que esse concurso em geral tem, mostrar a riqueza biológica que estamos perdendo com o problema do aquecimento global parece ser uma boa mensagem. De nenhuma forma isso tira o mérito de cada uma daquelas imagens para mim; são geniais e os fotógrafos todos estão de parabéns. Mais uma vez, entretanto, eu não gostei muito da vencedora-mor. É a foto de um elefante se chafurdando na lama, e pode ser vista aqui. É uma foto tecnicamente bonita, parece um pintura de lápis-grafite, mas há outras entre as demais vencedoras que em minha opinião são muito mais belas, interessantes e criativas. Vamos então às minhas prediletas do Shell Wildlife Photographer of the Year 2007:

Essa é minha foto predileta do ano. É de uma simplicidade sem fim – e a primeira idéia que pensamos é “qualquer criança tira essa foto”. Não, meus caros. O olho do Gary Steer viu uma pintura abstrata expressionista, bem Mark Rothko, e para ver isso na frente do mar… o cérebro preparado sucumbiu à arte arrebatadora. Ou sucumbiu à criança guardada no fundo de seu coração. Composição perfeita, e uma emoção à flor da pele brota quando olho para essa imagem. Foi tirada perto de Sidney, mas é uma paisagem marinha universal. Nota 1000 numa escala de 0 a 100. Mais explicações sobre a foto aqui.

Uma foto de muita sorte, como o próprio fotógrafo Csaba Karai explica, que rendeu uma imagem eterna. O avião passando em frente da lua deu o toque humano e reflexivo a uma foto que seria “como outra qualquer feita com telefoto”. É a miudeza da nossa existência ali escancarada que espanta, faz pensar e delirar. A lua nunca esteve tão filosófica como nessa imagem.

É um elefante embaixo d’água!! Sem noção a dificuldade para conseguir esse clique – e numa água tão clara. O bicho é desengonçado, Jeff Yonover provavelmente correu um risco danado (e provavelmente se emocionou deveras), mas trouxe uma leveza a esse corpanzil digna de gênio. Eu já tinha visto um livro de fotografia só de elefantes embaixo d’água na livraria da Universidade de Oxford (não sei se era do mesmo fotógrafo, though), mas fico alegre de constatar que finalmente uma dessas maravilhas foi premiada. Merecidíssimo. A foto foi tirada nas ilhas Andaman, no Índico.

Bob McCallion conseguiu o impossível: mostrar uma imagem de cinema mágico à la Lord of the Rings com um clique simples de máquina fotográfica, sem efeitos especiais ou algo do gênero. O capturado aqui não é um momento: é uma atmosfera, onde se você viajar na maionese como eu, verá até os duendes saindo pelos cantinhos. Desnecessário qualquer outra referência: é magia pura. Leia mais sobre a foto aqui.

Paul Nicklen é uma sumidade na fotografia de vida selvagem. Fotógrafo da National Geographic, seu site é um dos meus favoritos dentre todos de fotografia que conheço, não pelas tecnicalidades, mas pelas imagens, que são sempre belíssimas. Tirou essa foto aérea das baleias narwhal, espécie ameaçadíssima de extinção, vindo à superfície para respirar num buraco do gelo do Ártico. Para mim, essa foto é quase uma xilogravura. A textura da foto é tudo, nesse caso. Eu adorei a criatividade de sempre do Paul nesse clique.

Tem pelo menos umas 5 outras que eu amei muito. Mas vejam no site do Museu todas as fotos, façam suas escolhas próprias. São muito maravilhosas. Mostram poeticamente um lado da vida animal que nos escapa à vivência. Te fazem pensar o mundo com uma cara mais leve, mais sorridente, levantando questões importantes e sérias (como boa obra de arte que são) mas sem perder a leveza das cores, texturas e frescor. São inspiradoras.

Tudo de bom sempre aos fotógrafos de vida selvagem do planeta, que nos trazem um olhar tão peculiar do mundo natural que (n)os circunda.

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– E já que estamos no clima de fotografia selvagem, fica a dica: se você mora no Reino Unido, ou tem acesso à revista de divulgação científica BBCFocus em algum lugar do mundo, caso caia em suas mãos a edição número 181, não perca a seção “Eye opener”, com uma nota sobre ostras gigantes. Qualquer semelhança da página principal com a foto abaixo não é mera coincidência… 😉



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