In’gill, yeah!

por: Lucia Malla Música, Nova Zelândia, Polinésia

Invercargill. Quando montamos nosso roteiro ano passado para a ilha sul da Nova Zelândia, esta cidade foi incluída como uma serendipidade. Porque, afinal, estava a meio caminho de carro entre os fiordes da ilha sul e a baía de Curio, no extremo sul da ilha sul. Era o sul do sul, como eu ficava repetindo em loop.

Roteiro - Invercargill - Ilha Sul - Nova Zelândia

Nossa passagem por Invercargill – In’gill ou Invers, para os íntimos – era planejada, entretanto, para ser breve (e foi, poucas horas). Mas longe de ter passado em brancas nuvens, como imaginávamos ao ler os reviews da cidade por sites, fóruns e blogs. Que aliás reclamavam da falta do que fazer e do que ver na cidade. Para nós, Invercargill foi um verdadeiro tornado of souls.

Invercargill: um túnel do tempo rebelde

A primeira sensação clara que tivemos em In’gill foi de estarmos num túnel do tempo, de volta à década de 80/90, sob reinado do rock e do heavy metal. Sim, em Invercargill, apesar das construções históricas e contidas, a vibe geral era “hell, yeah!”. Afinal, esta é cidade que achei mais rock ‘n roll da Nova Zelândia. A cada esquina, jovens e adultos com suas camisetas pretas do Iron Maiden, atitude por todos os poros, ouvindo Black Sabath em boombox (!!) – quem ainda tem boombox em 2013? Rock nas rádios, nas lojas.

Apesar de pequena, até conservadora, a estranheza e o contraste eram patentes. Invercargill esbanjava rebeldia. E me deu a sensação de, por debaixo daquela superfície pacata e até desinteressante, ser uma cidade da turma do fundão, cheia de atitude. Verdadeira loba coberta em pele de (muito) cordeiro.

Parênteses

Quando eu li semana passada a notícia do médico neozelandês que sofreu uma mordida de tubarão, esfaqueou o bicho, deu ponto em si mesmo e foi ainda sangrando pro bar beber cerveja com os amigos antes de ir para o hospital, juro que pensei logo: só falta esse cara ser de Invercargill. E era. E, de repente, toda a atitude do fulano fez sentido. 😀 

 

Roteiro Invercargill - Devil's Burger - Rock

Como era hora do almoço, entramos na primeira lanchonete que vimos, em uma das ruas principais da cidade. E adivinha? A lanchonete era temática, e o tema era… rock ‘n roll. (O nome Devil Burger já devia ter nos dado a pista…) No menu, sanduíches de nomes inspirados como Death by Pork, The Trouble Maker (para crianças!), Dark Knight, Man Killer e Hard Core Mr. Scratch. Pedi um Old Harry, de peixe. André pediu um de cordeiro. Os sanduíches eram sensacionais. Arrisco dizer que foi o melhor sanduíche de peixe que já comi na vida.

Roteiro para uma tarde em In’gill

Terminado o almoço, fomos rodar um pouco mais na cidade. Perto do fórum da cidade, passamos pelo famoso monumento guarda-chuva (que na verdade é um relógio de sol!), do artista local Russell Beck. A cidade é conhecida por este monumento. Vimos também o Trooper’s Memorial, dedicado aos soldados da longínqua guerra de Boer, na África do Sul (!?!?). Além disso, algumas igrejas, como a Basílica de Santa Maria, eram arquitetonicamente bem fofas. E só, enfim, que nosso tempo ali infelizmente era muito curto.

Basílica de St. Mary - Invercargill - Nova Zelândia
Basílica de St. Mary.

O clima metal da cidade pode ter sido coincidência, eu sei. Afinal, foram poucas horas que passei em In’gill, impossível fazer qualquer julgamento decente não-superficial. Toda a metalice podia ser por causa de algum evento, apenas, ou um show que se aproximava. Vai saber. Mas esta foi minha impressão primeira, que me arrebatou.

Confesso que foi exatamente o contraste entre a rebeldia das pessoas e a calmaria das ruas que me deixaram ainda mais curiosa. Ainda mais: Invercargill é ponto de partida do roteiro para Stewart Island. Stewart é a ilha mais ao sul da Nova Zelândia onde há mergulhos com tubarões brancos. Portanto, algo me diz que voltarei ali no futuro, para outras aventuras e quem sabe, muitos sons compartilhar nesse South of Heaven.

Invercargill - Trooper's Memorial
Trooper’s Memorial.

Tudo de bom sempre.

[para ler ouvindo: “Different World”, da banda de rock Iron Maiden.]

P.S.


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