*Atenção: Lost memories é um post de fã. Se você acha portanto que Lostmania é uma grande besteira, pare de ler por aqui para sua própria sanidade. 🙂

Hoje é um dia especial. De perda. De se sentir inesperadamente Lost.

É hoje, dia 23 (um dos números… coincidência?) o último episódio de “”. A série de TV que sem dúvida mais me emocionou nos últimos anos com suas obviedades apaixonantes. Aventura, ciência (ficcional, mas ainda assim), viagens (de avião e na maionese), pessoas isoladas numa ilha… O que para uma viajante islomaniac como eu, é decerto o plot inicial perfeito para qualquer história. A vida de pessoas interligadas por um acidente de avião, em síntese.

Desde que o Oceanic 815 caiu na ilha de Lost, milhões de pessoas pelo planeta passaram a espiar, torcer, acompanhar e amar/odiar os personagens que do acidente surgiram. A ilha se tornou em suma a metáfora da vida. E um linguajar próprio emergiu, com novas gírias incorporadas no dia-a-dia (“you gotta open the hatch” ou “because you didn’t press the button” uso rotineiramente no lab). Além de menções (pseudo)filosóficas deliciosas, inesquecíveis.

Foram estas frases que, em homenagem aos 6 anos de emoção que a série me trouxe, resolvi repostar no twitter durante a semana que passou, sob a tag #lostmemories. São as memórias que Lost me deixou, afinal. Memórias que marcaram a história da televisão mundial, o modo de se acompanhar um programa. E que decerto mudaram a dinâmica internet/TV. Eis algumas das frases. Porém, sem nenhuma preocupação com ordem lógica ou temporal. Afinal, nem o seriado tem… E além disso, com os respectivos personagens que as disseram em “Lost”.

Lost memories  

• “Previously on Lost…”
• “I’ve looked into the eye of this island and what I saw was beautiful.” (Locke)
• “Guys, where are we?” (Charlie)
• “There are two sides, two players. One is light, the other is dark.” (Locke)
• “Each one of us was brought here for a reason.” (Locke)
• “We do it [push the button] because we believe we are meant to.” (Mr. Ecko)
• “This is all there’s left. This ocean, and this place here, we are stuck in a bloody snowglobe!” (Desmond)
• “That’s the real joke; there’s nothing to protect it from. It’s just a damn island!” ((F)Locke)
• “What if I told you that that plane they have found is an elaborate and expensive hoax.” (Charles)
• “That’s why I became an anthropologist. To find this island again. It’s what I’ve been searching for my whole life.” (Charlotte)
• “Struggle is nature’s way of strengthening it.” (Locke)
• “But if we can’t live together — we’re gonna die alone.” (Jack)
• “I’m sorry but you’ve got a bit of a journey ahead of you.” (Christian)
• “Folks down on the beach might have been doctors and accountants a month ago, but it’s Lord of the Flies time, now.” (Sawyer)
• “I don’t want to die… I want to live forever.” (Richard)
• “Sometimes you can just hop in the back of someone’s cab and tell them what they are supposed to do; other times you have to let them look at the ocean for a while.” (Jacob)

• “They need to know that they can leave if they want to. The sub maintains that illusion.” (Ben)
• “I thought you people were supposed to be tough.” (Sawyer)
• “It doesn’t matter who we were. It only matters who we are.” (Juliet)
• “I was the sacrifice the island demanded.” (Boone)
• “Don’t tell me what I can’t do.” (Locke)
• “The island won’t let you come alone. All of you have to go back.” (Ben)
• “Every equation needs stability, something known. It’s called a constant. Desmond, you have no constant.” (Faraday)
• “I push this button every 108 minutes.” (Desmond)
• “I don’t know how to help them. I’ll fail. I don’t have what it takes.” (Jack)
• “Two players, two sides. One is light, one is dark.” (Locke)
• “Why do you find it so hard to believe?” “Why do you find it so easy?” (Locke & Jack)
• “Do you know why they call Australia “Down Under”? Because it’s as close as you can get to Hell without being burned.” (Christian)
• “Crazy people don’t know they’re going crazy. They think they’re getting saner.” (Locke)
• “If we tell them what we know, we take away their hope… and hope is a very dangerous thing to lose.” (Sayid)
• “This is not your island. This is our island. And the only reason you’re living on it is because we let you live on it.” (Other)
• “It only ends once. Anything that happens before that is just progress.” (Jacob)
• “Just as it’s your path to go to the island. You don’t do it because you choose to, Desmond. You do it because you’re supposed to.” (Eloise)
• “Not Penny’s Boat” (Charlie)
• “4 8 15 16 23 42” – The Numbers
• “See you in another life, brotha!” (Desmond)

Se você se lembra ou entende cada uma das citações acima… Parabéns! Você também é um fã de Lost. 🙂

(E ainda mais, dê risadas com todos os “Dude!” de Hurley…

… ou com os apelidos que Sawyer colocou nos seus companheiros de ilha…)

Lost pelo Havaí

Sinto-me privilegiada de ter presenciado Lost no último ano de forma tão intensa.

O episódio “Not in Portland”, no season 3, foi gravado dentro do lab onde hoje trabalho. E assim já revi milhares de vezes a cena em que Juliet se mete embaixo da bancada que usamos para correr nossos Western Blots. Quando este episódio foi gravado, eu ainda não morava no Havaí. Mas o fato de eu não estar lá não me tira o sorriso do rosto ao ver as várias fotos com Elizabeth Mitchell espalhadas pelas bancadas do pessoal do lab. Trabalho afinal num pedaço da jornada lostiana. E isso, antes de mais nada, basta para uma fã.

Já morando no Havaí, diversas vezes vi os caminhões de Lost pela ilha, com toda a parafernália que acompanhava a equipe. Em geral, era impossível chegar perto para acompanhar as gravações. Afinal, muitas vezes estas eram em locais de acesso restrito. Como por exemplo na escola em downtown, no Kualoa Ranch (onde boa parte das cenas de mata eram feitas), no Castle Hospital.

Mas quando a cena era muito aberta, aí não tinha jeito. O twitter fervilhava com as dicas locais. Perdi a gravação do atropelamento de Nadia, feita a 3 quarteirões de onde trabalho, porque acordei tarde. Mas terminei num outro momento passando uma manhã inteira de sábado em downtown Honolulu. No meio da fuzarca da gravação de uma cena de Sawyer e Miles, do episódio “Recon“. Foi muito animado.

Lost na minha vida

Assisti também a uma apresentação da Honolulu Symphony Orchestra em que Michael Emerson, o manipulador Ben, leu algumas “Histórias de Babar”, aquele elefante. Excelente ator que é, o olhar psicopata de seu personagem em Lost não atrapalhou a incorporar o sotaque francês de Babar – e a música abraçou a história. Sentada na segunda fileira da sala de concerto, fui então ao delírio a cada frase pausada de Ben, desculpa, Emerson.

Até que finalmente Lost foi para outra ilha, onde fica o laboratório com o qual colaboro. Soube com alguns dias de antecedência e no dia anterior ao das gravações, o veleiro “Elizabeth” já estava ancorado no píer do trabalho. Que spoiler… Mas me contive. Assim sendo, como foi pedido por email interno, só falei pros amigos no dia seguinte. Gravações acontecendo (episódio “The Last Recruit”), e me dividi entre a pesquisa no lab e espiar a movimentação nas tendas da equipe. Foi o máximo, chegar pro trabalho e encontrar Jack, Hurley, Lapidus e Sun sentados no píer, lendo seus scripts. Conversar com Claire sobre tubarões. Ouvir as fofocas dos diretores. Memórias deliciosas que certamente jamais esquecerei.

E claro, não faltei ao “Lost in the beach”. O evento feito pelos produtores da série, em conjunto com a prefeitura de Honolulu, preparado à beira da praia de Waikiki como premiere desta última temporada. Todos os atores principais presentes, numa homenagem à ilha real que os abraçou e sobretudo se orgulhou nestes 6 anos de aventura. Um sentimento generalizado nas areias de Waikiki de aloha e carinho pelos artistas, que eram em suma só sorrisos. Foi emocionante demais.

O Havaí de Lost

Há outras miudezas memoriais. Inegavelmente, Oahu tem outra vibe depois de Lost.

Como passar pelo Kahuku Shrimp e não relembrar do dia em que vimos Ethan comendo camarão? Ou então ir ao Lucy’s em Kailua sem esperar Jorge Garcia buscar seu jantar? Ou andar por Makapu’u e não pensar que ali estava a torre de Jacob? E os restos da fuselagem do Oceanic 815 estacionados perto do He’ia Pier em Kaneohe? Como não ligar agora aquela paisagem espetacular das ravinas vulcânicas do Ko’olau com o background que apareceu em praticamente todos os episódios da série? E as praias da Mokuleia, do North Shore, com tudo que ali se passou afinal?

Lost para o Havaí

Em alguns anos, é provável que todas essas coisas serão lembranças efêmeras. Mas por enquanto, ainda são memórias muito vivas, presentes que estão por todos os cantos da ilha. E elas só existem porque o Havaí abraçou Lost – e porque a série entrou para a história pop do estado.

Por exemplo, a série deixou cerca de 400 milhões de dólares no estado, direta e indiretamente. Trouxe ainda mais propaganda valorosa de turismo em tempos de crise pesada. Então, os havaianos estão um pouco mais tristes neste domingo. Os próprios atores também o estão: paradise lost. Para enfim usar a metáfora da série, é hora de sair da ilha.

A dor do adeus

Homenagens já pipocam por todo canto da internet. Na blogosfera brasileira, o pessoal d’OEsquema está com a série “Let’s get Lost”, onde blogueiros contam um pouco de sua experiência e análise dos tempos de Lost. Já foram publicados os posts de Tiago Dória, Chico Barney, Gustavo Mini e Chiquinha. Além disso, não esqueçamos de todos os blogs de Lost que existem nessa rede sem porteira. E que inegavelmente amanhã estarão mais-que-ligados no final de série que é provável que seja o mais aguardado da década.

Da mesma forma estarei mais-que-ligada, com minha camiseta de Lost que ganhei na premiere. Para evitar qualquer tipo de spoiler, a partir de meio-dia, portanto, desligo a internet. Por conta do fuso horário, esta será a hora em que a costa leste americana começará entrar no clima de Lost. Por isso, não quero perder a surpresa.

Tenho certeza que o capítulo final de Lost não vai me decepcionar. Pode ser o pior ou o melhor de todos, já que não interessa. Ainda assim, não estarei decepcionada. Afinal, sou fã mesmo. Porque para mim Lost não são os mistérios, não são os romances. E não são contudo as realidades paralelas nem as dicotomias John x Jack.

Uma épica expedição

Lost para mim foi inegavelmente uma jornada.

Hoje, esta jornada chega enfim a seu porto seguro. Uma viagem que valeu a pena, com afinal todas as emoções de um trajeto cheio de diversão. Uma viagem que rolava enquanto a gente estava sentado na janelinha apreciando a paisagem e se perdendo da realidade.

Porque se perder sempre fez parte das melhores viagens da vida.

Obrigada, J.J. Abrams, Carlton Cuse, Damon Lindelof e Jack Bender por tudo de Lost nestes 6 anos.