No topo do mundo

por: Lucia Malla Antigos, Montanhismo, Nova Zelândia

O mundo montanhista hoje está mais triste. A eterna fonte de inspiração se foi. Edmund Hillary faleceu hoje de manhã em Auckland. A Primeira-Ministra da Nova Zelândia já anunciou um funeral de estado para ele. Merecedor.

Ele, que foi o primeiro homem a chegar no topo do Everest junto com Tenzing Norgay em 1953, era também um homem de extrema bondade e humildade, de acordo com a maioria dos que o conheciam. Devotado à causa dos povos himalaias, ajudou muito os sherpas, uma etnia quase-esquecida pelo governo nepalês, a terem escolas e hospitais. Além de tudo, era um aventureiro inato. Foi o primeiro a atravessar a Antarctica de trator. Em sua autobiografia deliciosa “View from the summit”, conta quando subiu junto com a então namorada June pelo rio Ganges, na Índia, de bote inflável, da foz à nascente sagrada – que são 4 locais diferentes, na realidade.

Ironicamente, nesse mesmo livro, comenta como vinha sendo afetado pelo mal da montanha até em altitudes não tão elevadas, como próximo ao Tibet, uma das razões pela qual não mais conquistou outro pico de mais de 8000m. Sua noção de segurança montanhista era extremamente atinada e provavelmente salvou sua vida em outras ocasiões.

Um homem grande e um grande homem, com grandes feitos, que foi pioneiro na conquista da maior montanha do mundo e que foi pioneiro na luta pelo fim do “circo” que o Everest virou a cada estação – ele e o fantástico Messner chegaram a pedir ao governo nepalês recentemente para fecharem a montanha às expedições, ou limitá-las a uma ou duas no máximo, por ano. Edmund Hillary deixa seu legado, no topo do mundo e sobre o topo do mundo, e no coração dos que por lá vivem. Condolências à família e R.I.P., Hillary.



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