Heʻenalu ʻoe – O surfe no Havaí

por: Lucia Malla Esportes, Havaí, Oahu, Surfe

É início de novembro. E na semana passada, última de outubro, bateu o primeiro grande swell no North Shore do Oahu, anunciando praticamente que a temporada de surfe de ondas gigantes no Havaí começou.

(Surfe tem o ano todo no Havaí. Se não tem no norte, tem no sul, e vice-versa. A galera surfa todo dia, chova ou faça sol. Mas a temporada de inverno é algo especial…)

Surfe no Havaí

No Havaí, respira-se surfe. Mesmo alguém que não surfe, como eu, não tem como não admirar a dedicação que os havaianos mostram com as belas formações de água. Shape da prancha, momento certo de descer na onda, o melhor horário, periodicidade do swell. A busca da perfeição hidrodinâmica acima de tudo. A adrenalina explodindo. Junte a isso a comercialização em massa do esporte a cada esquina das ilhas – em qualquer lugar há pranchas ou lojas de roupas, acessórios e afins pra vender. Junte, além disso, a sensação (real) de distanciamento do mundo que já expliquei anteriormente, que o surfe estende ainda mais.

Porque muito mais que esporte, o surfe no Havaí é uma tradição, quase uma filosofia de vida. O bom surfista é respeitado na comunidade e dedica-se muito à apreciação das ondas do mar. Basta ler a biografia de Eddie Aikau, considerado o melhor surfista havaiano de todos os tempos, para perceber que dedicação e entendimento empírico da dinâmica da onda são parte fundamental do ato de surfar. Mais: são parte fundamental da cultura havaiana.

Leia mais: Minha resenha do livro sobre a vida de Eddie Aikau.

Eis que, em outubro/novembro, esta admiração dos havaianos pelo surfe se revigora. E me contagia totalmente, ao som de Jack Johnson ou “Brodda” Iz. Já posso imaginar o trânsito engarrafado na Kamehameha Highway, única via de acesso a essas praias, começando a engrossar…

A origem do surfe

O surfe nasceu na Polinésia, e seus primeiros registros históricos foram feitos pelos britânicos, no Taiti e no Havaí. A atividade de “pegar uma onda sobre uma prancha de madeira” era uma forma de mostrar supremacia de alguém perante a sociedade. Afinal, a pessoa conseguia “domar” o mar. Dominar uma onda mostrava agilidade, força, poder e principalmente, capacidade de comando. Surfar era um ritual nobre.

Estátua do Duke - Waikiki
Estátua em homenagem ao rei do surfe, Duke Kahanamoku, em Waikiki.

Isto explica porque surfar fazia parte das atividades de honra entre os membros da família real havaiana. Era também a atividade dos grandes guerreiros. Desta linhagem real, nasceram depois os que foram heróicos e ajudaram a popularizar o esporte, como o surfista Duke Kahanamoku no início do século XX, e o grande Eddie Aikau, já na década de 70. Já nos anos 2000, foi a vez de Andy Irons se tornar um ícone do surfe radical. E na atual década, este título passou para o havaiano John-John Florence.

Prancha assinada por Andy Irons, em exposição no Hard Rock Café, em Honolulu.

O status de nobreza do esporte explica em parte porque até hoje o surfe é uma atividade tão disseminada na cabeça dos havaianos. É parte intrínseca da definição cultural de ser havaiano.

O que é o swell?

Swell no Havaí
As linhas do swell chegando à costa.

As correntes marinhas trazem de muito longe (do Japão e da Rússia, geralmente) a primeira leva de grandes ondas pro mais famoso point de surfe do planeta. É o swell, uma série de ondas que se formam a partir de sistemas climáticos distantes, e que viajam pelo oceano ganhando energia potencial. Estas ondas apresentam uma certa periodicidade com que quebram na praia. Os surfistas profissionais ficam de olho nesta periodicidade, que indica a qualidade do swell – e das ondas a serem surfadas.

(Não confundir com as ondas formadas pelo vento, que não chegam a criar um swell. O vento local tem um efeito na superfície da água, mas não chega a formar um swell periódico.)

Com o auxílio da Internet, os surfistas ficam de olho em websites conectados a estações meteorológicas cujas bóias de detecção no oceano informam exatamente o swell traçado pela onda que passa e onde ela vai estourar num intervalo de até cinco dias. Há muitos casos de surfistas que, ao saberem que um bom swell está pra chegar no North Shore, saem da Austrália ou Califórnia para chegar até Pipeline no momento certo. Principalmente os semi-profissionais, que estão a poucos tubos e youtubes de distância de terem um contrato profissional .Haja entusiasmo pelo esporte, haja mar no coração.

O surfe no North Shore de Oahu

Leia mais: Meu guia prático para visitar o North Shore de Oahu.

O swell de outubro/novembro é o mais aguardado porque é o primeiro depois de um longo e tenebroso verão sem ondas no North Shore das ilhas. É em novembro também que se abre a temporada de boas ondas constantes, que permitem a realização dos grandes campeonatos mundiais do circuito WCT no Havaí.

Pipeline - Campeonato de surfe
Praia lotada em dia de campeonato no North Shore.

É no inverno, portanto, que as ondas gigantes perfeitas quebram no lado country da ilha, onde estão as praias consideradas as verdadeiras mecas do surfe mundial, sonho de 11 em cada 10 surfistas sérios. Os melhores surfistas profissionais que não são havaianos, como Kelly Slater, Gabriel Medina e Mick Fanning, vêm para o Havaí passar a temporada de ondas no North Shore. E é para estas praias do north Shore que eles convergem entre novembro e março.

Dica importante: Leve um binóculo se quiser ver detalhes do surfe no North Shore. A maioria dos points fica distante da beira da praia.

Waimea Bay

Onda - Waimea Bay
Onda em Waimea Bay.

O point de surfe de Waimea Bay está no canto direito da praia. A onda é uma direita de volume que quebra num recife de coral raso, recheado de pedras de lava. Além disso, Waimea é uma onda que pode chegar até 25-30 pés em dia de swell alto, espantando a maioria dos banhistas normais da praia.

Só os muito corajosos conseguem surfar Waimea à altura do que esta onda perfeita merece. Por isso, é aqui que acontece o lendário campeonato de surfe de ondas gigantes em honra ao havaiano Eddie Aikau.

A explicação geofísica da dimensão da onda de Waimea Bay num dia de swell perfeito você pode encontrar neste link do Surfline, que recomendo principalmente pelos diagramas. E, como diversão no Havaí não tem limites, há ainda a possibilidade de surfar uma onda bizarra de rio (!!) na beira da praia. Esta onda de rio se forma no encontro do rio Waimea com o mar, em dias que o swell está muito forte.

E, se você vai a Waimea apenas para admirar o surfe e não se atrever na água, recomendo chegar cedo e pegar um lugar no barranco do lado direito da praia, sem conforto algum (prepare-se). É dali que as fotos mais tradicionais do surfe em Waimea são feitas.

Pipeline

A onda de Pipeline já diz tudo em seu nome: é o tubo perfeito. Esta onda fica na praia de Ehukai no North Shore de Oahu, e é surfada tradicionalmente para a esquerda. Mas nada impede que, dependendo do swell e dos ventos do dia, ela possa ser surfada pra direita também, algumas vezes saindo por Backdoor.

Surfe em Pipeline
Pipeline em dia de swell: break lotado.

O fundo do mar de Pipeline tem três recifes de corais em paralelo à praia, que formam o fundo e os breaks da onda. Em dias de swell muito alto, as ondas quebram nos três recifes, ou seja, há três camadas de arrebentações. O terceiro swell é mais distante da praia, está um pouco mais fundo. Então em dia que este swell está médio, as ondas quebram mais no segundo e terceiro recife, apenas ganhando mais energia no terceiro recife.

Surfe no Havaí
Momento crítico em Pipeline: ondas monstruosas quebrando no início da temporada de surfe.

As correntes aqui são absurdamente fortes. Portanto, é onda pra profissional também. Os sem-experiência (como eu) devem se contentar em ficar na areia, observando o movimento enorme de surfistas na água. O que, aliás, é uma delícia. Como a onda do primeiro recife de Pipeline quebra super-perto da praia, é em Pipeline que a gente pode apreciar com mais exatidão, sem binóculos, o surfe no Havaí.

Torcida brasileira - Pipeline
Torcendo pela pátria da prancha. #VaiBrasil

Aliás, Pipeline é considerada a melhor arena do mundo pra se ver um campeonato de surfe profissional. Todos os anos, no início de dezembro, rola nesta praia a final do mundial de surfe. É aqui que, se você quer torcer pelos surfistas brasileiros, deve planejar passar a maior parte do seu tempo vendo campeonatos.

Rocky Point

Rocky Point fica entre Pipeline e Sunset Beach, e é uma onda que pode ser surfada tanto de direita quanto esquerda. Por ser uma onda mais consistente e de nível intermediário de dificuldade, este é um point que costuma lotar demais. Porque quem é semi-profissional consegue talvez encarar esta onda. (Mas não aconselho nenhum amador a encará-la em dia de swell alto, diga-se de passagem.)

Como o nome diz, o fundo é de rochas de lava (lava rock), portanto super-afiado e perigoso.

Sunset Beach

O point de surfe de Sunset Beach fica comumente à direita da praia, distante da areia – portanto, prepare-se pra remar com sua prancha se quiser surfá-lo. A onda é uma direita, muito volumosa e também só para os muito experientes. Interessantemente, esta onda só começa a ficar realmente perigosa acima de 6 pés, portanto este é o limite de swell que os surfistas ficam de olho neste point.

Surfe - Sunset Beach
Surfe em Sunset Beach.

Em Sunset, acontece em novembro uma das etapas do Triple Crown, um campeonato tradicional de surfe profissional no North Shore do Havaí. Este campeonato tem 3 etapas; Sunset, Haleiwa e Pipeline. Foi criado para honrar o surfe no Havaí e suas ondas incrivelmente mágicas. É disputadíssimo. Afinal, o prestígio que se adquire quando se vence o Triple Crown é paralelo ao de vencer o mundial de surfe.

Em dias de swell alto, a extensão de areia de Sunset pode desaparecer. Portanto, para quem não surfa, o mais seguro é ver as ondas do calçadão da praia.

Makaha

Não é no North Shore, e sim do lado oeste da ilha de Oahu. Mas por ser um tradicionalíssimo point de surfe havaiano, merece destaque entre os melhores. Makaha é uma onda de esquerda muito poderosa, que quebra do lado direito da praia.

Este point é frequentado basicamente pelos moradores locais. Portanto, é fundamental se adequar à etiqueta comentada abaixo, de chegar com cortesia e paciência para surfar.



Viaje Conectado

O surfe no South Shore

Quando as ondas no North e South shore batem forte… Aí é o sonho dourado da galera das ondas no Havaí. Afinal, é a combinação que garante a grande festa do surfe na ilha de Oahu.

Mas, em condições normais de temperatura e pressão, o South Shore tem swell bom no verão, entre maio e setembro. Às vezes, entretanto, rola um swell no South Shore das ilhas também durante o inverno. Portanto, o swell de inverno não é comum, mas pode acontecer. Para sorte dos surfistas kama’ainas (nativos ou locais) e dos haoles (os de fora) que estão pelo Havaí durante temporada.

O swell no South Shore depende das tempestades formadas no Pacífico sul. Portanto, ele é mais inconsistente, porque esta não é a época de tempestades fortes naquela região. Mas são estas tempestades que determinam se haverá ondas em town. Os points do South Shore são um pouco menos conhecidos pelo mundo, mas altamente mitificados pela moçada kama’aina.

Waikiki

Point de surfe mais histórico do mundo. Cartão postal do surfe tradicional. É em Waikiki que surfistas de renome como Duke Kahanamoku fizeram suas carreiras e glórias. E é hoje em Waikiki que milhares de turistas se aventuram em aulas de surfe para principiantes.

Aula de surfe - Waikiki
Aula de surfe em Waikiki.

Para os surfistas profissionais, entretanto, Waikiki praticamente não está mais no mapa – ou está para tomar drinks no Duke’s, apenas. A não ser algumas áreas, como Queen’s ou Kaiser’s nas extremidades da praia, onde é possível uma onda um pouco mais robusta e de nível intermediário a difícil em dias de swell alto. Mas a maioria do surfe em Waikiki é mesmo em ondas brandas que podem ser surfadas em geral para qualquer lado. Ondas, portanto, ideais para principiantes que queiram ter seu em primeiro contato com o esporte uma experiência marcante.

O que é, em minha opinião, super–divertido.

Diamond Head Cliffs

Diamond Head é o famoso vulcão à beira-mar de Honolulu. E, sendo no Havaí, em frente a ele fica um point de surfe. É o Diamond Head Cliffs – ou só Cliffs, pros locais. Como o nome sugere, a praia fica ao fim de um penhasco, que você precisa descer com sua prancha em uma trilha de terra.

Diamond Head cliffs
As ondas do Diamond Head Cliffs vistas de cima do penhasco.

Esta onda é relativamente consistente, mas mesmo em dias de swell alto, não chega a ficar acima de 10 pés, por conta da geografia do fundo. Além disso, não é super-forte. Portanto, é uma onda fácil para profissionais, e de nível médio para amadores. Pode ser surfada tanto para a direita quanto para a esquerda.

Por estar em perímetro urbano e ter ondas fáceis, este point é bastante visitado. Em dias de bom swell, estacionar o carro é um pesadelo, porque o point lota mesmo. Vá cedo. E, se seu interesse é só ver o surfe de longe, fique em cima do penhasco mesmo, com um binóculo, e se divirta.

Ala Moana Bowls

Ala Moana Bowls
Ala Moana Bowls.

O point de Ala Moana Bowls fica em frente ao Ala Moana Boat Harbor, em Waikiki. Por estar na entrada da marina, é fundamental prestar atenção ao trânsito de embarcações. O nível de dificuldade é intermediário. A onda do Ala Moana Bowls nunca chega a ficar gigantesca e volumosa, mas é super-rápida e oca. Por causa da velocidade, tomar um caldão histórico em Bowls é quase “de praxe” pros que a surfam pela primeira vez.

Kewalo’s

Outro point de surfe na cara de uma entrada de marina, desta vez à esquerda da marina de Kewalo, mais perto do bairro de Kaka’ako. A onda é super-consistente o ano todo e requer um pouco de remada pra chegar até ela. O surfe aqui nunca chega a mais de 10 pés de altura. O point é dominado pelos locais e costuma lotar de manhã cedinho.

Surfista - Kewalos
Vai encarar o Kewalo’s?

Entretanto, do outro lado da marina de Kewalo, fica um dos points que mais adoro ver em Honolulu. É o Point Panic, em que a onda termina na muralha do calçadão do parque de Kewalo Basin. Ou seja, se você não fica esperto pra sair da onda, vai parar no cimento. Dependendo do swell, a onda pode ser surfada pra esquerda ou direita.

Sandy’s

Tecnicamente, uma onda do East Shore, mas para efeitos deste guia, considerarei como South. Sandy’s é uma praia principalmente de bodyboard e para pegar jacaré. Ao ler isso, alguém pode logo imaginar: “ah, então é fácil!” Ledo engano, camarada.

Surfe no Havaí - Sandy's
A onda rápida de Sandy’s, perfeita para bodyboarding e jacaré. E melhor ainda pra levar caldo, como o fulano da foto está tomando.

A corrente desta praia é absurda e a onda é super rápida e oca. Quebra na cara da areia da praia, com uma força considerável. O fundo é em sua maioria de areia, o que ameniza um pouco a queda depois do caldo. Dá pra surfar de prancha no lado esquerdo da praia, numa onda de esquerda. Mas o highlight mesmo é o bodyboard.

Na areia, muita azaração entre a moçadinha. Afinal, este é o point do pessoal mais jovem local. Costuma lotar demais. E, de quebra, às vezes você surfa com uma foca ao seu lado.

Points das outras ilhas

O swell que bate no North ou no South shore de Oahu também bate nas demais ilhas. E há pontos de surfe que são de qualidade mundial, com ondas perfeitas, que merecem ser reconhecidos aqui.

Jaws/Peahi

Surfe - Peahi - Maui
Surfe em Peahi é nível super-avançado.

Uma das ondas mais monstruosas do planeta. O point de Peahi fica no North Shore de Maui e é classicamente uma onda de direita; embora malucos surfistas altamente qualificados consigam surfá-la pra esquerda. Sua fama se deve aos raros momentos de swell gigantesco, que trazem à beira do penhasco ondas de 50-60 pés, verdadeiros paredões de água que fazem o penhasco tremer quando quebram. A onda tem o apelido de Jaws, porque pode facilmente engolir uma pessoa para sempre.

Leia mais sobre a onda de Peahi.

Para quem vai apenas para ver o surfe, é importante se programar. Isto porque não é todo dia que a onda está forte em Peahi. Algumas vezes fui ali, e o mar estava completamente calmo, como aliás fica na maioria do ano.

E, dica importante, não desça o penhasco se não for surfar. Veja lá de cima toda a ação, que o cenário espetacular já vale a pena.

Honolua Bay

Outro point sensacional de Maui, na costa oeste. A vantagem: fica bem mais vazio que os points do North Shore. A baía de Honolua está envolta por um penhasco, o que torna a praia com acesso um pouco mais complicado. O fundo é bastante rochoso e a onda pode ser surfada para ambos os lados, dependendo do swell e dos ventos. Entretanto, por causa da corrente bem forte, é um point para surfistas experientes.

Tunnels

Surfe - Tunnels - Kauai
Tunnels é isolada do shore pelo recife, que forma uma laguna interna.

No North Shore do Kauai, está um excelente ponto de surfe que tem uma carcterística peculiar no Havaí: costuma estar vazio. Isto porque o Kauai já é mais vazio normalmente. Além disso, Tunnels fica num canto mais isolado da ilha e o point onde as ondas quebram fica a uns 20 minutos de remada da costa, porque você precisa contornar o recife para chegar até o break. Há também bastante tubarões pela região e o recife é bem raso.

As ondas ali chegam a 30 pés em dias de swell alto e também é um point para experients apenas, surfe avançado ao máximo.

Curiosamente, em dia de swell baixo, este é um ponto excelente de snorkel. 🙂

Hanalei

A vantagem da enorme baía de Hanalei no North Shore do Kauai é que ela oferece surfe para todos os níveis. Do lado de dentro, por causa dos vários bancos de areia, há ondas quebrando de maneira gentil – portanto, point ideal para iniciantes.

Surfe - Hanalei - Kauai
Hanalei outside bem crowd em dia de bom swell.

Já nos cantos da baía, principalmente do lado de fora, quebra uma onda de direita super-longa, que pode chegar a 20 pés em dias bons. Ali, o surfe já é nível intermediário a avançado, dependendo da altura que o swell traz.


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A vibe e a etiqueta do surfe no Havaí

A chegada das ondas enche as ilhas também de animação. Afinal indica que a temporada de surfe vai começar, e o circo do surfe está se armando no North Shore. É a temporada para ficar de olho no “surf report” via diversos apps, websites ou no bloco de meteorologia do noticiário na TV. Além disso, o alto astral e despojamento da galera surfista é contagiante, o que contribui para a animação.

Só em praias isoladas você consegue surfar sozinho.

Entretanto, é preciso literalmente ralar (no coral, veja bem) para se ter o privilégio de surfar as ondas no Havaí. E ser considerado meio que um kama’aina do Paraguai. E etiqueta é fundamental, para manter o alto astral.

Cockroach Beach - Oahu - Surfe no Havaí
Locais surfando em Cockroach Beach, do lado leste de Oahu. Este point é um popular point de diversão em ondas “café-com-leite”.

A principal regra é não “atravessar” os locais em points consagrados dos havaianos. Afinal, eles são os moradores da ilha, os “donos da casa”, por assim dizer. Esta é uma regra não-explícita, mas que deve ser seguida à risca para evitar confusão, como estes episódios lamentáveis do passado. Cortesia, paciência e consideração na água vão longe. Nada de ser fominha e querer surfar todas as ondas primeiro.

Economia do surfe

Hoje, claro, há um lado econômico forte do surfe. Afinal, ele traz muito dinheiro em turismo e afins pras ilhas havaianas.

O esporte atingiu um nível de profissionalismo fantástico. E com isso, vieram os patrocinadores. A presença cada vez mais forte das mulheres também eleva o patamar de popularização do esporte. E, para coroar o sucesso, as mídias sociais acabaram por globalizar ainda mais as ondas de lugares distantes. Todos estes fatores contribuem hoje para que o impacto econômico do surfe, particularmente no Havaí onde ele é a atração, cresça exponencialmente.

Economia - surfe
Lojas de surfe estão em toda parte no Havaí.

Em 2017, estimou-se que indústria do surfe geraria US$50 bilhões de dólares no mundo. Isto descontado o impacto no turismo em si, apenas contando fontes diretas de lucro. Já se fala em colocar um valor numérico para as principais ondas do mundo, de forma a incluírem as mesmas no cálculo da economia local. No Havaí, um estudo avaliou que somente as três competições do Triple Crown em 2010 injetaram na economia de Oahu US$21 milhões de dólares a mais. Não é pouco, principalmente num estado pequeno como o Havaí.

O surfe pode representar portanto, o casamento perfeito da casualidade da natureza bem-explorada pelo turismo, de uma forma como só o povo americano sabe fazer.

Pranchas de surfe empilhadas
A cultura do surfe: Cena comum em Waikiki, onde pranchas empilham-se na praia.

Breve nostalgia da surfista que nunca fui

Confesso que, na época do surfe no Havaí, sinto também uma certa nostalgia. Saudade das lembranças de minha infância, que já me conectavam, sem saber, ao Havaí que seria minha casa no futuro.

Cresci na beira da praia. Tinha amigas e amigos que surfavam ou bodyboardeavam por diversão. Entretanto, naquela época, surfar era meio que visto como “coisa de vagabundo” na percepção da maioria, infelizmente. Logo, tratavam de arrumar algo pro surfista-de-fim-de-tarde fazer, algo que o tirasse “daquela vida”. Embora sempre tenha apreciado o surfe e ficasse embasbacada com aquelas fotos de Sunset, nunca declarei minha admiração total por ele enquanto era adolescente.

Pipeline
Uma Malla em Pipeline. (Mas esse é o mais próximo que chego de uma prancha.)

Não sou surfista. Prefiro, como os amigos sabem, me aventurar no mar debaixo das ondas. Mas nem por isso deixo de ler e aprender mais sobre o esporte sempre que posso. Torcer a cada campeonato em Pipe. Não perdi nem um milímetro da admiração que tenho por este esporte. Aproveito para declarar aqui minha paixão sem restrições.

Estátua de surfista - Waikiki - Hawaii
Monumento ao surfe em Waikiki.

Surf’s up e isso é o que importa.

Algumas curiosidades sobre o surfe no Havaí

  • É comum nos edifícios maiores no Havaí haver vaga para prancha na garagem. Você aluga um apartamento e tem direito a uma vaga de carro na garagem e duas vagas para pranchas, por exemplo. Ou ainda, há as vagas de prancha que você pode alugar em certos locais da cidades.
  • Se você não surfa, mas quer curtir um mergulho no North Shore, vá ao Havaí durante o verão. Nessa época, o North Shore é uma verdadeira piscina, sem onda alguma. Não deixa de ser divertido ver alguns turistas desavisados chegando com suas pranchas para curtirem a meca do surfe e perceberem com desapontamento que Sunset Beach em julho é o paraíso das crianças com boinhas de patinho.
Pranchas de surfe - Waikiki
Estacionamento de prancha em Waikiki.
  • É claro que não são todos os havaianos que surfam. Uma boa parte, entretanto, e isso inclui gente de todas as idades, condições sociais e credos. Mesmo os não-surfistas são permeados pela cultura ao esporte. Algo como o brasileiro e sua relação com o futebol.
  • He’enalu ‘oe! = Vamos surfar!, em língua havaiana.

Maika’i mau i po’e. Ou… Tudo de bom sempre.

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