Santa Barbara, saúde!

por: Lucia Malla Aquários & Zoos, Esportes, EUA, Praias, Surfe, Viagens

Minha ex-chefe era da cidade de Santa Barbara, na Califórnia. Ela refletia um pouco da sua cidade natal: super-atlética, outdoor, movida a água salgada e ensolarada. Eu percebia essas características na personalidade dela, mas quando visitei Santa Barbara, a “Riviera americana”, em fevereiro passado pela primeira vez é que entendi profundamente o que todos esses adjetivos juntos realmente significavam.

Santa Barbara já foi eleita em algum momento a cidade mais “esportiva” dos EUA. Basta andar pelas ruas de lá que fica óbvio: muita gente fazendo exercícios, caminhadas, corridas, bikadas, e afins. Em Santa Barbara, a onda é malhar, estar saudável. Primeiro resultado prático desse estilo de vida: você não vê tantos obesos por lá como no resto dos EUA.

Vista da praia de Santa Barbara, com caiaques para atividades aquáticas – que são inúmeras por ali. Há também muitas quadras de vôlei de praia e afins na enorme extensão de areia.

O calçadão, onde as pessoas se exercitam.

Algum gaiato desenhou um bambolê ao redor de todos os homenzinhos da placa que indica a faixa de pedestres pelas ruas da cidade. Brincadeira ou alusão ao espírito atlético de todos ali? Fica a questão irrelevante do dia…

Chegamos a Santa Barbara numa manhã ensolarada, vindos pela US-101, uma das rodovias que cruzam a Califórnia de norte a sul. Uma bela vista do mar calmo e uma praia com extensão de areia enorme nos surpreendiam na entrada de Santa Barbara. Paramos o carro numa rua transversal ao calçadão para darmos uma volta pelo píer de Stearns, principal ponto de encontro de turistas da cidade.

O píer de Stearns. Todo em palafitas, com vários restaurantes e o Aquário da cidade (foto abaixo) – na verdade, um “Centro do Mar”, ou seja, um pequeno aquário. O píer deve ser um local agradável para ver o pôr-do-sol ao fim de tarde.

 

A engraçada placa que logo na entrada do píer já avisa da estranha proibição – que faz sentido, mas não deixa de ser irreverente.

Ao lado, as típicas palmeiras que estão por todas as cidades da costa californiana de clima mediterrâneo.

O píer é todo feito em madeira. Pegou fogo várias vezes durante sua existência (a última foi em 1998), como consequência de incidentes ou de terremotos, e ficou fechado por 6 anos na década de 70, sendo reconstruído depois de mais um incêndio. Esses acidentes de percurso instigaram uma série de regulamentações rígidas para passear por lá, que hoje vigoram. É terminantemente proibido fumar no píer, mesmo este sendo uma área ao ar livre à beira-mar. Existem 3 pontos específicos onde o fumante pode dar suas baforadas, mas se for pego fumando fora desses lugares, a multa é alta. Entretanto, como Santa Barbara é uma cidade extremamente preocupada com a saúde, vi pouquíssimas pessoas (a maioria turistas asiáticos, conhecidos por fumarem muito) desfrutando da área reservada para fumantes – bom sinal. Um outro detalhe interessante do píer é a proibição de andar de salto alto. Para evitar acidentes: caso seu salto fique agarrado entre um das milhares de ranhuras que o píer possui e você cair ou deslocar o pé – as madeiras são justapostas com fendas entre elas, e a prefeitura provavelmente não quer ficar respondendo a processos desse porte. (Parênteses: Mais uma vez, de tabela, os asiáticos é quem sofrem, já que as japonesas, coreanas e chinesas não dispensam um salto nem para ir à praia – eu vi várias meninas coreanas indo à praia com salto fino, pisando na areia e quase torcendo o pé. Um desconforto de dar dó, mas qualquer sacrifício parece valer para se estar elegante. Fim do parênteses.)

Fora essas regrinhas exóticas, o píer é um lugar delicioso. Ouve-se o chuá-chuá do mar batendo nas palafitas, as gaivotas sobrevoam nossas cabeças, pode-se comer em lanchonetes e restaurantes de preço amigável, e temos uma bela vista da cidade e da floresta de Los Padres. Depois de andar por lá, resolvemos dar uma volta pela cidade, que tem a maioria dos edifícios em arquitetura espanhola com azulejos decorados – Santa Barbara foi a missão californiana com maior influência franciscana e espanhola, daí a manutenção do estilo. Há realmente um quê de Figueiras no ar.

Um pouco mais ao sul de Santa Barbara, já na praia próxima a Montecito, vimos a cena mais que santa-barbarana por excelência: dois surfistas dourados com cara de juventude saúde aproveitavam a manhã de boas ondas na praia praticamente deserta – além deles ali, só um casal de brasileiros on the road.

A praia ao sul de Santa Barbara e um dos surfistas saindo de mais um dia de ondas na Califórnia… Trilha sonora que não saía da minha cabeça: “Garota, eu vou pra California/ viver a vida sobre as ondas…”

Despedimo-nos de Santa Barbara, a cidade mais atlética dos EUA continental que já vi, no início da tarde. Era hora de continuar na estrada, rumo a outras paragens americanas – que aos poucos vão sendo relatadas aqui.

Tudo de bom sempre.



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