Estou para comentar sobre os lobos marinhos de Kaikoura, na Nova Zelândia, já há algum tempo. Mas só nesta semana finalmente sentei para escrevê-lo aqui.
Em novembro do ano passado, Kaikoura, uma das minhas cidadezinhas pequenas favoritas no mundo foi destruída por um terremoto de 7.8 na escala Richter, um dos mais devastadores e complexos já registrados pelos cientistas. O terremoto levantou até 8 metros de altura algumas áreas da ilha sul e aproximou a mesma 5 metros da ilha Norte. Kaikoura, na ilha sul da Nova Zelândia, é dos lugares mais incríveis que conheço por conta de sua riqueza de fauna marinha.
Ponto de parada de várias espécies de baleias, de golfinhos, leões marinhos e focas, Kaikoura ainda oferece um ar interiorano que cativa o visitante em uma paisagem fenomenal, esprimida que está entre o mar e as montanhas geladas. Além disso, suas peculiaridades geológicas deixam a região ainda mais intrigante para quem curte geologia. Eu amo Kaikoura, então sou suspeitíssima para falar. Porque para mim uma viagem pela ilha sul sem incluir Kaikoura é praticamente um pecado de roteiro.
Ohau Stream – a jóia de Kaikoura
E, dentre os lugares mais sensacionais que estive em Kaikoura, está o Ohau Stream (Riacho de Ohau). Este pequeno recanto está localizado na beira da rodovia estadual 1, ao norte de Kaikoura, que margeia o oceano. O riacho de Ohau é pequeno, mas ao final de uma pequena caminhada, vemos uma cachoeira bem bonita, a Ohau Waterfall.
A grande curiosidade deste lugar é que, durante os meses de fevereiro a agosto, os filhotes de New Zealand fur seal (Arctocephalus forsteri, ou lobo-marinho-da-Nova-Zelândia) que normalmente caçam no mar, sobem o riacho até a cachoeira para brincar. É um comportamento fascinante, único no mundo, em que os animaizinhos começam a aprender a viver em sociedade – e se divertem um bocado no caminho pela floresta. É das visões mais fofas que se pode imaginar na Terra: uma cachoeira linda, com uma floresta verdinha ao redor, cheia de filhotes de fur seals pulando e brincando e nadando e jogando água pra tudo quanto é lado. #MuitoAmor
Ohau depois do terremoto
De modo que, quando comecei a ver fotos do terremoto na Nova Zelândia ainda em novembro/2016 e percebi a devastação completa que ocorreu exatamente na região do Ohau Point, meu coração se despedaçou completamente. O epicentro do terremoto foi praticamente ali, a poucos quilômetros de distância. A rodovia estadual 1 era só deslizamento atrás de deslizamento, e um deles aconteceu justamente na colônia de lobos marinhos de Kaikoura. Era possível que tivéssemos perdido este comportamento animal único por causa de um evento natural. Tristeza. E uma das grandes questões depois do terremoto era se os lobos marinhos voltariam à cachoeira.
De acordo com reportagem que li na época, a trilha que levava até a cachoeira estava destruída, mas o riacho ficara intacto. E não muitos animais mortos, por incrível que pareça. Porque novembro é a época em que os bebês estão aprendendo a comer em alto-mar. Portanto, provavelmente muitos estavam longe da costa no momento do terremoto. Em dezembro do mesmo ano, foi reportado que os fur seals estavam bem, e alguns já no riacho. Ou seja, o comportamento não foi completamente perdido.
A rodovia 1 que leva à esta colônia ainda está fechada por conta dos deslizamentos, sem data para ser reaberta. Mas os animaizinhos sobreviventes podem ir e vir do riacho sem problemas. (Este post do The Secret Life of Seals explica direitinho as previsões possíveis para esta população de fur seals depois do terremoto.)
Lobos marinhos de Kaikoura inacessíveis
De modo que os animais estão inacessíveis. Se a estrada reabrir, não deixe de incluir a visita ao Ohau Point. Separe um tempo especial para ver estes animais. Gostaria de encontrá-los de novo. Para reviver a delícia que é vê-los se divertir tão cheios de energia infantil nas águas do Ohau Stream. Sonhar não custa.
E, enquanto eles estão lá, curtindo sem os humanos… Fica minha celebração na Sexta Sub destes sobreviventes do terremoto de Kaikoura fofíssimos. 🙂
Tudo de bom sempre.
P.S.
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