Esse início de ano está complicado para mim. Em resumo, desde o início de dezembro não descanso a mente. Sempre vou dormir com alguma coisa que ficou pela metade para ser feita. O que deixa uma sensação que me irrita e drena a alma. Meus momentos de lazer – ironia do destino, decerto – são no laboratório, trabalhando. Quando sento e penso nos experimentos, na vida e desligo das demais preocupações. Desde dezembro, estou pulando de uma preocupação a outra. Rodando a baiana para conseguir em suma resolver tudo em tempo hábil nesse frio. Sim, está bem frio por aqui, e sofro com o inverno. Uma verdadeira teoria do caos.
Não que sejam coisas ruins ou chatas ou tristes, pelo contrário. Apenas são tarefas que requerem raciocínio e concentração. Sabe quando tudo acontece ao mesmo tempo agora? Está assim a minha vida, afinal.
Minha lista
Na modesta lista de afazeres que se acumula no meu quadro mental, estão…
- Um artigo para escrever sobre experimentos do Hawaii ainda (com minha ex-chefe na cola por tal).
- Um monte de experimentos no laboratório atual para serem realizados e analisados.
- Um estudante que coordeno num projeto que está emperrado, o qual por conseguinte preciso solucionar o pepino.
- Fotos para serem organizadas ainda da viagem da Nova Zelândia no início de dezembro.
- Preparar/ler/organizar os locais de interesse para nossa próxima viagem em fevereiro.
- Ler “Crime e Castigo” pro Clube de Leituras do Alexandre.
- Conseguir desgrudar o olho do blog do Alexandre e suas prisões interessantíssimas e com comentários melhores ainda.
- Bolar/executar passeios por Seul com meus sogros que estão nos visitando por um mês,
- Parar de ler/reler/treler/quadriler/quinqueler o post do Camburizinho sobre Nansen. O mesmo vale para as minhas “viagens” montanhistas com reportagens, livros e afins.
- Responder os emails que só se acumulam.
- Terminar a transferência de músicas dos meus cds pro hard disk externo.
- Arrumar malas pra pequena viagem de fim-de-semana da semana que vem(!!!).
- Além de, é claro, o basal; tentar ser entendida em coreano, fazer compras, lavar roupas, dormir, tomar banho e comer.
Como dizia um professor que eu detestava na faculdade… Então, o que você faz de meia-noite às 6?

Encarando as tarefas.
O que as pessoas pensam?
Minha cabeça anda a mil, caótica, e não consigo puxar as rédeas de meus neurônios hiper-ativos – bem, as pelo menos 4 xícaras de café preto por dia também colaboram para tal situação. E foi pensando na minha cabeça caótica que hoje vim divagando no metrô sobre a cabeça das pessoas. O que as pessoas pensam? Em que viajam suas mentes mundanas? A Mônica, no último post, comentou que ficava imaginando o que se passaria na cabeça das ajumás, e eu confesso que isso me vem à cabeça constantemente também. Não só das ajumás, mas de tudo ao meu redor, incluindo aí meu gato Catupiry, as crianças que saem da escola, o cara que me serve no bandejão da empresa, enfim, TODOS a minha volta mesmo.
Quando morava no Rio, em 1998, e passava por um dos momentos mais difíceis da minha vida, sempre andava de metrô pensando a mesma coisa. O que será que essas pessoas ao redor estão pensando nesse momento? Quais são seus problemas? Será que ganharam na loto e não sabem? Será que terminaram um namoro, perderam um parente próximo? Ou será que têm um convite pra um emprego melhor? Na época, eu passava por um momento difícil. E me pegava pensando o reverso da situação. Será que os desconhecidos ao meu redor sequer imaginam o aperto que estou passando agora?
Teoria do caos mental
Um caos mental. Esse exercício de imaginação e criatividade (às vezes eu verbalizo minhas histórias pro André, que delira com as viagens malucas) beira à insanidade para alguns. Mas me faz dar risadas e refletir sobre nosso caos interno, o quanto somos escravos da ordenação. Cada vez que um pequeno distúrbio surge, ficamos assim, perdidos, com essa sensação de entropia. Por que não manter o caos em nosso cérebro? E a partir daí, por fim, tentar determinar sua organização? (O caos determinístico, quem sabe…)
E se conseguíssemos fractalizar os pensamentos nossos e dos outros, chegaríamos a uma espiral lógica? A uma figura imaginária comum? Ou isso é caso pra hospício? Será que na atual conjuntura minha cabeça é a maior prova prática da teoria do caos? E será que afinal consigo elaborar um texto pra Balada do Louco com a minha própria experiência? Será que conseguirei relaxar no próximo mês? Será que esqueci o aniversário de algum amigo por esses dias? Será que o filme do Bob Esponja já chegou nos cinemas da Coréia?
Aos vencedores dessa corrida maluca pela razão e pela organização, as batatas.
Tudo de bom sempre.
P.S.
Esse post “fim de feira, fim de domingo, fim de noite, fim da pilha” não é representativo do conteúdo deste blog. Amanhã (espero!) esse blog volta ao normal. Sobretudo, após uma boa noite de sono… Bons sonhos a todos.