“Saudades dos tempos em que blog era apenas um bando de gente espalhada pelos cantos, tentando descobrir pra que servia aquela ferramentinha nova e maluca. Saudades de sair a navegar blogroll a blogroll cavando novos cronistas escritores poetas e artistas gráficos fotógrafos e dicas de cozinha e mecânica. e amigos. Tinha espírito de coleguismo sem que ainda houvesse a noção de competição. O espírito “faça-você-mesmo”, punk, diy, viração, enjambre, tosco graphics, sem burocracia, sem institucionalizar. Sem ser blogosfera de resultados. Apenas pelo simples haver.
a aura de Benjamin, ah? não. a aura do coletivo amador. a nuvem wiki sem um plano. o agrupamento de momentos em texto. a redescoberta da palavra. havia tanto a ser dito e era simplesmente porque queríamos dizer. a motivação era o desejo de compartilhar.
saudade dos tempos em que eu me sentia uma pessoa diante de um blog, e não um número ip, clique aqui. vai tudo ficando cinza à volta e eu me volto pra dentro de mim mesmo. porque toda crítica com um travo de nostalgia é uma crítica a si mesmo, e eu também saudades de um eu que pensava menos antes de tirar palavras do lugar e abraçar nonsenses e verter sem espelho. institucionaliza-se e parece que até é num piscar de olhos que de repente há o código, e a norma, e a boa prática, e o Direito, e o plágio, e as obrigações, e a necessidade, e o controle de tráfego, e a máquina, e as engrenagens, as engrenagens. mas que falta que eu sinto de espontaneidade, aqui e aqui dentro e lá fora. em tudo, e ultimamente, também nos blogs.”
epitáfio de GReader então é: saudade. Da espontaneidade.
[Ainda bem que recordar é reler. ]
[sai fanfarra mesozóica. de 2007.]
*pr’el rey.