Fui jantar numa churrascaria da Avenida Rebouças, na esquina com a João Moura em São Paulo. E ao passar pelos pratos quentes, eis que me deparo com um refogado de postas de cação – que é o mesmo que tubarão. Sim, tubarão no menu não é só exclusividade chinesa.

Chamei o maître e conversei educadamente em poucas palavras sobre o problema da pesca do cação. Sei que o maître não tem absolutamente nada a ver com com a compra das postas de cação pela churrascaria, muito menos com a seleção do menu. Principalmente, sei que no fundo é a pressão do mercado consumidor que incentiva o restaurante a cozinhar um prato com tubarão. Ou seja, é porque muitos consomem que ali está. É porque compramos no mercado – o comércio não é ilegal, embora bizarramente a pesca intencional o seja.
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Para mudar esse cenário? Em primeiro lugar, começa com uma lei mais rigorosa de fiscalização dos barcos pesqueiros; passa pelo avanço tecnológico das redes para melhor evitar o “bycatch”; e termina com a necessidade de melhor educação ambiental nossa, os consumidores. Eu acredito que são as pequenas ações do dia-a-dia que contribuem para, quem sabe, um mundo melhor no futuro.
Da próxima vez que for à peixaria, pergunte despretenciosamente ao pescador de plantão como o cação à mostra veio parar ali. E pergunte por que estão todos curiosamente sem barbatanas (arquivo pdf).
Tudo de bom sempre.
P.S.
- Mais uma contribuição minha já está lá no Goitacá. Corre pra ler a “Presépada coreana”.