Estou há semanas querendo postar pelo menos 2 momentos do meu fim de ano, mas o tempo não tem sido meu aliado. Hoje, mega-ultra-super-atrasada, finalmente consegui.
Momento 1
Tínhamos ido ao Windward Mall, em Kaneohe (do outro lado da ilha), fazer compras de fim de ano. Estava ainda no carro quando li no twitter do Honolulu Advertiser que Obama estava no mesmo Mall, assistindo “Avatar”. Num primeiro momento, não acreditei, porque o Mall estava vaziaço e nenhuma movimentação se via. Mas, já há alguns dias Obama estava na ilha, passando seu recesso de fim de ano – e lidando com o quase-ataque terrorista da bomba na cueca do conforto de uma mansão na beira da praia de Kailua. Todo dia no jornal da noite, tínhamos atualizações do “dia do presidente no Havaí” – os havaianos são extremamente orgulhosos de terem um presidente “kama’aina”.
Passamos então pelo cinema, e percebi que as seções de “Avatar” estavam todas “sold out” (vendidas). Hmmm. Foi aí que eu comecei também a perceber uns fulanos de camisa havaiana e calça ou bermuda cáqui com pontos eletrônicos no ouvido. Hmmmmmmm. Não podia deixar de presenciar essa farra, então fomos pro Border’s, ao lado da saída do cinema. Nesta saída, finalmente um aglomerado de pessoas e uns 10 carros pretos.
Mais fulanos com camisas havaianas tentando “blend in” – todos com ponto eletrônico, um pin na lapela e que pareciam conversar por torpedo. E os indefectíveis óculos escuros, claro, que indicavam com certeza pertencerem ao Serviço Secreto americano. Me senti num filme do James Bond. E era o presidente em pessoa que estava por perto.
Então começou a “experiência paranóia”. Para ficarmos ali, dentro do Border’s, e ver o Obama, um agente do Serviço Secreto teve que vistoriar TODAS as bolsas de TODAS as pessoas que estavam por ali. Sério, quando o cara sugeriu isso pela 1a vez achei que ele estava brincando. Mas não, era o que eles iam fazer mesmo. Tínhamos uma pequena multidão, e pensei que só essa vistoria já ia levar horas – mas, surpresa!, o Serviço Secreto é eficiente e em menos de 20 minutos todos que ali se aglomeravam já tinham sido escaneados. No meio das pessoas para ver o presidente, também notei um carinha do nosso lado de camisa havaiana que só ficava lançando torpedo. Podia ser um twitteiro maluco, mas no meu roteiro de filme de espionagem aquele cara seria um agente disfarçado no meio do povo. E não discuto.
Sendo revistada por um agente do Serviço Secreto na porta do Border’s.
Tinha agente secreto de tudo quanto é jeito no Mall, como era de se esperar. Jovens, idosos, mulheres, homens, negros, brancos, japoneses, vestidos mais casuais ou mais “arrumadinhos”. Mas todos sem exceção de óculos escuros.
Aí começou o fuzuê, porque o filme tinha acabado e Obama ia sair do cinema. Fotógrafos registrados a postos.
Primeiro saíram as crianças.
Depois saiu “o cara”. De onde estávamos, não vimos nada, só sua mão acenando pro pessoal.
Paparazzo FAIL.
Tudo bem, já valeu pela farra inusitada. Afinal, quando é que a gente terá outra oportunidade de ver a mão do presidente dos Estados Unidos saindo do cinema? 😀 (By the way, li numa revista de fofocas que “Avatar” foi o filme predileto do Obama em 2009. Salão de beleza também é cultura. 😀 )
Momento 2
É comum aqui no Havaí o “house-sit“. Na realidade, talvez seja um costume comum nos EUA em geral, mas confesso que em Boston nunca ouvi ninguém falar que ia house-sit para um terceiro. Nem tampouco em outros locais por onde já passei nos EUA. Enfim, house-sit é quando um amigo cuida da sua casa enquanto o dono verdadeiro está viajando. Você passa a “morar” naquela casa pelo período em que os donos estão fora. Uma espécie de “caseiro” na base da camaradagem, aproveitando todos os cômodos e facilidades da casa.
Em geral, house-sit acontece em casas que têm animais de estimação. Porque alguém precisa alimentar o bichinho, e canil custa muito caro.
Neste fim de ano, nós fomos house-sit uma casa do outro lado da ilha, de uma professora da UH. Eu nunca tinha feito isso antes, mas como um casal de amigos meus estava vindo passar o Réveillon com a gente, deu tudo certo: eles ficaram na nossa casa, enquanto nós fomos house-sit a casa da professora.
A casa era uma delícia, à beira da baía de Kaneohe, com um visual das montanhas Ko’olau lindíssimo da varanda e muito verde ao redor. Passarinhada cantando ao amanhecer. Um píer, caiaques, barquinho.
E o fato mais importante: com um labrador lindo. Sinto falta de ter um bichinho aqui – tubarões não contam, eles não são, digamos, companheiros propriamente ditos. O apartamento que moro proíbe animais de estimação, infelizmente. Então a oportunidade era de relembrar um pouco a vida com um animalzinho – em São Paulo, a casa em que morávamos tinha 5 cachorros e 1 gato.
Que delícia. Levei Jasper para passear todo dia, de manhã e à tarde. Brincava com ele. Jasper foi educado para ser um cachorro ajudante de cegos, mas foi “aposentado” dessa função e “virou” cachorro comum. Me fazia companhia enquanto eu lia à beira d’água.
Num dos dias, André decidiu andar de caiaque pela baía de Kaneohe. Jasper ficou de butuca, olhando seu “dono” temporário ir ao longe – e eu com medo dele pular na água e sair nadando.
Um verdadeiro companheiro, mesmo para donos temporários. Cuidar do Jasper me deu sorrisite aguda. Pena que, depois de uma semana, tive que dizer tchau, de coração partido.
E a criança que vive dentro da malla não cansa de se perguntar: quando é que a gente pode house-sit o Jasper de novo, hem?
Tudo de bom sempre.
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Bônus fotolog:
2 imagens da noite de Réveillon em Waikiki, tiradas pelos meus amigos que nos visitavam. Uma da praia (com a sombra do Diamond Head na penumbra da noite), no início da noite, ainda vazia…
… e outra do brilho no céu da lua “azul” (blue moon), a 2a lua cheia do mês, em frente ao Hilton.
Inspirador…