Quando viajamos para a Micronésia em janeiro passado, tivemos um problemão ainda no aeroporto de Honolulu, na ida. Perdemos nosso vôo por conta de uma mega-confusão da United, que mudou o horário do vôo mas não avisou os passageiros. Enfim, com a confusão orquestrada, ao invés de voarmos pra Pohnpei no famoso Island Hopper, nós terminamos ganhando uma passagem dupla. Fomos de Honolulu para Guam num vôo direto, e de lá pegamos o Island Hopper no sentido reverso, voltando pra Honolulu.
É mais ou menos isso aí abaixo.

Primeiras impressões de Guam
Foi minha primeira ida a Guam. Aqui no Havaí, a gente ouve falar bastante de Guam, pois é um território americano e posto militar estratégico no Pacífico. Há várias bases militares por lá, e uma mega-discussão na alta cúpula militar que quer transferir todos os americanos estacionados em Okinawa, Japão, para Guam, num impacto populacional de cerca de 30,000 pessoas – é bastante para uma ilha do tamanho de Guam. Enquanto eles discutem, Guam segue como sendo um entreposto militar americano.
E isso se reflete no layout geral da cidade, lotado das amenidades tão típicas da vida americana – entenda-se WalMart e outras grandes lojas. A principal economia da ilha é o turismo (principalmente de japoneses) e a área de hotéis e resorts da cidade de Agana (a capital do território) lembra muito todas as demais concentrações de hotéis que se vê em praias pelo mundo.
Nosso hotel em Guam
Foi num desses hotéis que nos colocaram, mais especificamente no Marriott (Atualização: hoje chamado Pacific Star Resort). Chegamos à noite, bem cansados do dia inteiro brigando com a Continental. Então mal chegamos no hotel e fomos descansar.

No dia seguinte, à medida que o dia foi amanhecendo, saímos pra prospectar os arredores. Embora nosso vôo para Pohnpei fosse pela manhã, deu pra gente dar uma caminhada ali ao redor do Pacific Star Resort, e conhecer um micrômetro da região.

O hotel fica na praia de Tumon Bay, onde também estão outros resorts. A praia é muito bacaninha, com uma barreira de recifes ao fundo que impede as ondas fortes de entrarem – o que a torna ideal para crianças e adultos que só querem descansar.
(O hotel em si é ok, meio caidinho pros padrões da rede Marriott, mas nada que corrompa seu branding. Ah, e não tem wifi grátis, o que é realmente um pecado.)
De passagem por Guam
Imagino que deva haver bastante mergulho por ali, já que o mar é azul lindo e Guam faz parte da região micronésia. Infelizmente, com o tempo curtíssimo, não pudemos averiguar o potencial sub local – fica pra próxima um dia desses.

Sobre o chamorro
Já o povo de Guam é bem distinto. Chamados de “chamorros“, são advindos das ilhas Marianas, e estudos de DNA mitocondrial feitos por Koji Lum mostraram quem têm origem mais malaia-tailandesa que micronésia ou polinésia, como se esperaria – e confirma que Guam faz parte da chamada região micronésia mais por acidente geográfico que origem humana mesmo. Aliás, quando o DNA mitocondrial de todas as populações pacíficas foi analisado, os chamorros se destacaram como uma origem quase independente, e o segundo povo com o qual eles mais se aparentavam seriam… os japoneses. Bizarro, não?


A língua chamorra é outra delícia à (p)arte. É uma língua de origem independente, vinda do ramo malaio-polinésio das línguas, e é falada principalmente em Guam e nas Ilhas Marianas. Embora hoje o inglês predomine na paisagem de Guam, ainda há muitas indicações de que eles não querem deixar o chamorro morrer, com placas pela cidade nas 2 línguas predominantes. Foneticamente é mais parecida com o palauano que com qualquer outra língua malaia ou filipina, e tem uns componentes de espanhol, devido à colonização espanhola na região. Vi umas mulheres conversando em chamorro no aeroporto – uma sonoridade realmente peculiar.
Parênteses
Pra vocês terem uma idéia, “hafa adai”, no título deste post, é “oi” em chamorro. Diferente, não? Minha atração fatal por línguas ficou extremamente atiçada com as palavras super-diferentes que vi desfilarem na minha frente.
Aeroporto chamorro

No hall do aeroporto, uma exposição de barcos e canoas chamorras enfeitava e distraía os que passavam pelos guichês.
Fora do aeroporto, as famosas “vaquinhas” que achamos pelas capitais do mundo, desta vez vestidas com indumentária bem tropical.
Tivemos que seguir viagem, e deixamos Guam após poucas horas de parada.
Mas valeu a pena, porque tivemos contato, mesmo que breve e insuficiente (não posso jamais dizer que “conheço” Guam), com a cultura chamorra.
Atiçou a curiosidade, pelo menos.

Tudo de bom sempre.
