O roteiro de viagem ao Havaí foi recheado de surpresas magníficas. Dentre elas, uma pequena e pitoresca: uma visita a Hilo, simpática cidade da Big Island com ~40,000 habitantes, sem pretensões ou arroubos de grandeza. Talvez o passado não tão distante de agruras tenha deixado a cidade nessa atmosfera pacata. Hilo guarda na memória das ruas, afinal, o sofrimento vivido.
A cidade dos tsunamis
Hilo fica na costa leste da Big Island, a maior ilha do arquipélago havaiano. Foi devastada 2 vezes no século passado por tsunamis, um no dia 1º de abril de 1946 e outro em 23 de maio de 1960. O do dia 1º de abril foi o mais trágico, pois foram ondas de 14m que quebraram na baía de Hilo e invadiram a cidade. Que, naquela época, tinha um pequeno quebra-mar (engolido pela força das ondas), mas não possuía ainda sistema de alarme.
A tragédia desse tsunami, aliás, suscitou a criação em 1949 do primeiro sistema de alarmes para desasres naturais da história, as sirenes que usamos até hoje. Já em 1960, esse sistema de alarme ajudou a minimizar as mortes. Entretanto, ainda não impediu a destruição e o prejuízo econômico que o segundo tsunami trouxe.
Dos dois tsunamis que passaram, apenas um prédio ficou de pé na beira da baía. Hoje abriga o Museu de Tsunami do Pacífico. Um prédio antigo e sem grandes belezas, mas com a marca da história nas paredes. Não tive a chance de entrar no museu, mas fiquei curiosa – embora já tenham me dito que as fotos expostas lá são muito tristes. E um alerta à vista de todos: o grande quebra-mar, que cerca a baía de Hilo, protegendo de eventos futuros.
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Rainbow Falls e as figueiras de Hilo
Na avenida da orla, alguns prédios e um incipiente comércio. Avançando um pouco mais pra dentro da cidade, uma das belezas naturais da cidade: a cachoeira do Arco-Íris (Rainbow Falls, em inglês). Uma bela queda d’água, ao lado de várias escolas. Até consigo imaginar a criançada saindo da aula e indo direto para lá aprontar.
Por Hilo, já passaram algumas celebridades (o jazzista Louis Armstrong e a pioneira da aviação Amelia Earhart, por exemplo), que deixaram plantadas grandes figueiras numa alameda conhecida como… Alameda das Figueiras. As figueiras, aliás, são a marca registrada da cidade, que, por causa do excesso de umidade lá existente durante todo o ano, crescem desproporcionalmente e apresentam o fenômeno das raízes adventícias, que só acontece nessas condições. É muito bonito.
Mauna Kea à vista
E, no horizonte da cidade que não é mar, avistamos o Mauna Kea. Este é um vulcão com neve (no Havaí!) considerado ativo-para-dormente, que não entra em erupção há mais de 4,000 anos. Apesar de parecer muito tempo, os cientistas acreditem que ele vá acordar a qualquer momento dada a observação recente de alguns terremotos típicos de um “despertar vulcânico” em sua base. Se o Mauna Kea entrar em erupção, Hilo é a primeira cidade, portanto, a ser destruída pelo caminho.
Hilo vive assim: à beira de desastres naturais iminentes. Paradoxalmente, a cidadezinha tem um ar tranquilo, de vilarejo que vive cada momento sem pressa, como se nada fosse acontecer. Afinal, o futuro é imprevisível. Ou quase.
Tudo de bom sempre.
P.S.
- Os sistemas de alarme no Havaí são testados agora toda primeira segunda-feira do mês, quando, em torno do meio-dia, uma sirene irritante toca por todas as ilhas. Irritante, mas muito necessária.
- O NYTimes lançou uma pequena reportagem-roteiro de turismo sobre Hilo e adjacências logo após o tsunami de 2004. Para quem quiser saber mais, vale a pena conferir. Ou ainda ler um roteiro do blog falando dos mesmos arredores, que são certamente mais exuberantes que Hilo em si.