Todo 02 maio pra mim é dia de festa, muita festa. Pode cair uma bomba atômica, pra mim não interessa – 02 de maio é dia de festa. Dia de celebrar o aniversário de duas das pessoas que eu mais amo na vida. E calham dessas duas pessoas serem mãe e filha. E eu ser, ao mesmo tempo, filha e neta delas. 3 gerações interconectadas por um sorriso singelo e meigo.
Vovó e mamãe, sentadas na calçada de casa, numa deliciosa tarde de verão em 1993.
Tenho 5 grandes amores no coração, órgão aliás que em mim é grande, cabendo bastante amor e carinho – e ainda sobrando espaço para todos os meus grandes amigos. Mas essas duas aí estão entre esses 5, num lugar especial primeira classe.
As lembranças de vovó – falecida em 2002 – são inúmeras e inesquecíveis, pois eu literalmente vivi a minha vó: ganhei cafuné, passei a mão na cabeça dela, puxei e amassei as bochechas, ouvi todas as histórias de Aracaju que ela tinha pra contar (e eram infindáveis histórias). Embora ausente, eu ainda a tenho comigo, e dou risadas lembrando de fatos, falas, conversas e gestos que para mim imortalizaram vovó. Porque nada melhor para se ter de uma pessoa que já não mais existe do que as boas lembranças. A felicidade de ter realizado e vivido tudo intensamente ao seu tempo.
Mamãe nasceu no dia do aniversário de vovó – que belo presente de aniversário! (E as duas pareciam ter esse cordão umbilical por toda a vida unindo-as: o simples fato de terem nascido no mesmo dia.) Tudo que sou, que penso, que exerço, devo à ela e à boa educação que me deu. Ensinou-me paciência, muita paciência, mesmo ouvindo meus gritos de aborrescente. Ensinou-me a perdoar, mesmo quando eu me machucava duramente. Ensinou-me a acreditar e amar as pessoas e a vida, mesmo quando as desilusões e frustrações apareciam. Ensinou-me a respeitar os diferentes pontos-de-vista, mesmo quando eles não faziam sentido – todos têm algo a nos oferecer de conhecimento, esse é seu mote. Ensinou-me a saber falar ou calar na hora em que é necessário. Ensinou-me a cantar pela vida afora, mesmo que os outros te chamem de ridícula. Ensinou-me a lutar sempre pelo que eu quero, mesmo quando era ela quem precisava estar lutando pela própria vida num CTI de hospital em 98.
(É nesse momento que as lágrimas de felicidade começam a escorrer do meu rosto, não consigo segurar a emoção de saber que ela está viva e feliz. Não acredito em milagres, acredito na força de vontade de cada um; e se alguém me ensinou essa lição, essa pessoa foi minha mãe, lutando com todas as suas forças por cada respiro, cada batida de coração, cada olhar, cada andar, cada gargalhar. Ela me ensinou o verdadeiro valor de cada copo d’água que tomamos, de cada pé que levantamos, um após o outro, pra seguirmos em frente pela vida. E me ensinou francês também, para os super-céticos que acham que emoção de mais é coisa de novela mexicana.)
Para ela, eu ainda sou uma criança, não cresci, e não devo crescer nunca. Pra quê? A vida lá fora já requer que eu seja adulta demais. Dentro de casa, sentadas na cozinha tomando café e jogando conversa fora, eu tenho mais é que voltar a ser a criança que eu sempre fui, aquela página em branco, e aprender cada vez mais e mais e mais, de ouvido em pé e olho arregalado, como se um mundo novo estivesse a se desdobrar em minha frente, cheio de mistério e fantasia.
Feliz aniversário, amor da minha vida! Você é a melhor e mais linda mãe do mundo para mim!
“Parabéns pra você/ nessa data querida/ muitas felicidades/ muitos anos de vida!! É pique, é pique, é pique! É hora, é hora, é hora! Rá-tchi-bum!!! Mamãe, mamãe, mamãe!!! Eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!!!!!!!”