O post anterior agradecendo ao Allan me fez lembrar da visita que fizemos a Milão no ano passado, quando o conhecemos. Foi um almoço delicioso, perto do Duomo, num bar/panineria chamado Panino Giusto. Naquele dia, demos muitas risadas na mesa, acompanhados também da Alline, da Luisa e do Flavio. E conhecemos o principal monumento de Milão: o Duomo.
O Duomo é provavelmente a Catedral mais imponente da Europa – apesar de eu ainda achar que a de Colônia quase empata. Toda feita em mármore de Carrara (o mais nobre segundo os ditames da aristocracia clérica da época), levou 5 séculos para ser finalizada. Hoje, é muito mais que um prédio religioso: é um monumento arquitetônico gótico, desses que se estuda em livros didáticos de arquitetura.
Tal imponência estrutural requereu certo “esforço” engenheirístico. Para fazer a Catedral de Milão construiu-se um rio – melhor dizendo, desviou-se a água de outro rio da região para um canal que serviu de via de navegação para o transporte do mármore usado em sua construção. Ou seja, é também um exemplo histórico de impacto ambiental causado pelo homem. O canal artificial ainda está lá, cruzando a cidade de Milão, e virou (claro) parte arraigada da anatomia da cidade.
A Catedral impressiona por fora, mas confesso que por dentro, apesar de toda sua magnitude e exuberância, ela não me tocou muito – mas até aí, raras são as igrejas cujo interior me tocam (a maioria me sufoca; eu não sou turista de igrejas, definitivamente). Escura como toda boa catedral gótica deve ser, os vitrais são bonitos – mas nem se comparam aos da Notre Dame de Paris, por exemplo. Nosso grupo amigo ficou um tempo dentro da catedral, apreciando os recantos, cada um grifando o que lhes importava sobre a história da catedral: o tempo de construção, a logística para construí-la, a politicagem envolvida, os operários e escravos que ali trabalharam, enfim, um mundo de reflexões.
Depois da visita interna, eu e André subimos por um elevador ao telhado da igreja. A subida é paga, que padres não são bobos. A nata da blogosfera milanense que nos acompanhava incentivou que fôssemos, mas ninguém quis nos acompanhar; o Flavio por implicância com a igreja, a Alline e a Luisa por cansaço da visão (vão lá toda vez que amigos aparecem na cidade). Eu e André vestimos então a camisa de 100% turistas e fomos rumo ao topo do monumento mais visitado de Milão.
Lá em cima, uma vista sensacional da cidade e dos prédios belíssimos dos arredores da praça nos aguardava. Pudemos apreciar diversos terraços animados, com restaurantes e festinhas. Alguma celebridade devia estar por perto em algum destes prédios, porque uma multidão de adolescentes se cotovelava na praça – lá de cima, parecia um formigueiro humano à espera de açúcar.
Demos a volta pela área do teto da catedral que é aberta ao público. Em cada recanto, um ângulo imperdível. O rebuscado da catedral, que de longe parece castelinho de areia, de perto se avoluma e ganha graça nos detalhes; nos gargoyles, nas esculturas, na simetria, nas tonalidades do mármore. É realmente uma catedral impressionante.
Ao fim do trajeto, a gente chega numa área do telhado que faz as vezes de pátio. As pessoas ficavam por ali, sentadas como se estivessem num gramado, conversando, fotografando, curtindo o sol, namorando. Ao redor, a imponência gótica, a “madonnina”, as torres. E o céu, único limite superior para nossa contemplação.
Tudo de bom sempre.