Passamos o fim-de-semana em Busan (ou Pusan, dependendo da vontade do tradutor), cidade de praia na costa leste da Coréia do Sul. Queríamos visitar o Aquário de Busan.
Como toda cidade de praia, tem um clima diferente no ar, um ar blasé gostoso e descansado. Viajamos no KTX, o trem-bala coreano, que chega à velocidade assustadora de 300 km/h. Em 2h e meia, cruzamos a Coréia e chegamos ao destino final. Um dia lindo de sol nos aguardava.

Na estação de Seul, os trens-bala aguardam seus passageiros para a próxima jornada rasgando a Coréia do Sul.
Primeira parada: Torre de Busan

Vista aérea de Busan, uma cidade entrecortada de morros e baías, de uma beleza peculiar.
Naquele mesmo dia, decidimos subir na Torre de Busan, no topo de um morro, de onde pudemos ter uma vista bonita de toda a cidade. Um jardim lindo na frente da Torre, muito florido. Poucos turistas estrangeiros, mas muitos coreanos. A cidade é destino certo no verão, e com o início da primavera por aqui, não era pra menos que estivesse começando a encher.
Além do turismo, Busan também é polo industrial e possui um porto gigantesco, onde boa parte da produção tecnológica coreana é exportada, e os víveres diários de subsistência na península chegam vindos de todos os lugares do planeta.
Segunda parada: O maior mercado de peixes da Coréia do Sul

Tubarões sendo vendidos para consumo humano num mercado de rua em Busan.
Ao descer da torre, uma passada fundamental pelo mercado de peixes da cidade, o maior da Coréia. Todos os tipos de seres marinhos, vivos, mortos ou secos, à venda, pelas ajumás: peixes, polvos, lulas, conchas, arraias, pepinos-do-mar… enfim, tudo que os coreanos e asiáticos em geral devoram com prazer gastronômico. Vimos também barraquinhas vendendo besouros fritos, cabeças de porco e muitas algas. É, a cultura deles é pra lá de exótica mesmo.

Polvos à mostra no mercado de peixes das ruas de Busan.
Terceira parada: Aquário de Busan
Estávamos a lazer, com o plano de visitar o Aquário de Busan, famoso por seu tanque principal. Nele, 19 tubarões de diferentes espécies e tamanhos, alguns meros enormes, atuns, arraias, uma tartaruga-verde, peixes diversos compartilham o espaço. Além disso, há a possibilidade de mergulhar no tanque junto com todos eles, apreciando-os de perto em seu ambiente artificial.
O organizador de tal empreitada subaquática é um canadense chamado Michael, com o qual já havíamos mergulhado antes em Jeju, no sul da Coréia. O mergulho no tanque do aquário é interessante do seguinte ponto-de-vista: pessoas sem certificação de mergulho podem fazer o chamado “Discover Scuba”, que é uma espécie de batismo que será levado em conta se a pessoa quiser no futuro fazer um curso sério e se certificar como mergulhador autônomo. Acho essa oportunidade única e interessante, principalmente para aqueles indecisos, que não sabem se terão coragem de colocar um tanque nas costas e respirar num ambiente sem gravidade. Principalmente, uma economia se você não tem certeza de que quer ser um mergulhador. Bom, eu já tenho minha carteirinha de mergulho, então sem maiores problemas para cair na água – exceto a temperatura da água, 24 graus. Senti muito frio durante todo o mergulho.

Se os tubarões pensassem racionalmente, provavelmente estariam se perguntando o que essas pessoas estranhas de roupas altamente coloridas, soltando bolhas e andando como numa cena de “Matrix” estariam fazendo ali…
Como é o mergulho com os tubarões no Aquário de Busan
Esse mergulho é diferente numa série de aspectos.
Em primeiro lugar, o óbvio: é um tanque, um ambiente fechado de 5m de profundidade, com uma concentração enorme de vida marinha. Não tem corrente, ondas, nem o infinito azul.
Em segundo lugar, o mergulho é feito sem nadadeiras. Ou seja, você “anda” pelo fundo do aquário. Não sei se vocês já tentaram andar embaixo d’água, mas a sensação é realmente de uma câmera lenta, ou então fiquei viajando que estava em “Matrix” e o Keanu Reeves poderia aparecer a qualquer momento num sobretudo preto montado em um cação-limão. Bizarríssimo, e mais estafante que o mergulho convencional, com nadadeiras.
Em terceiro lugar, o tanque é totalmente visualizado por todos os lados pelos visitantes do aquário. Então, a sensação quando se está lá dentro mergulhando é de que você está numa vitrine. As pessoas apontam pra você, as crianças dão tchauzinho, você supostamente deve sorrir para todos, tentam uma comunicação esdrúxula, vários flashes na sua cara…
Enfim, deu pra sentir como o dia-a-dia de um famoso deve ser um inferno, principalmente depois da invenção do celular com máquina fotográfica. Por outro lado, é uma oportunidade única para mostrar às pessoas que os tubarões não são esses monstros totais. Pelo contrário, a maioria dos que estão ali no aquário são enormes mas extremamente tímidos e dóceis (os mangonas).
Os tubarões do Aquário de Busan
Apesar dos dentes impressionantes, eles têm receio de estar perto de você. (Exceto um tubarão-leopardo que ficou o tempo todo passeando entre a gente, como querendo aparecer para as câmeras da Globo.) Um dos mangonas tinha um problema de mandíbula que fazia com que seus dentes superiores ficassem todos para fora. E ele era enorme e mais gordinho. Como brasileiro não perdoa nada, logo ganhou o apelido de “Mônico”. E eu particularmente adorei todas as inúmeras vezes que o Mônico veio em minha direção, parecendo que vinha me beijar. Um fofo carinhoso!
Com sinceridade, me senti muito confortável dentro do aquário e saí da água realizada, feliz, por ter interagido (mesmo que por apenas 40 minutos) com esses seres maravilhosos que reinam nos nossos oceanos e que infelizmente estão ameaçados pelo pior dos predadores: o ser humano.
E do Aquário, fomos direto para a estação, de onde nos despedimos de Busan, com desejo de voltar.
Tudo de bom sempre.

O Mônico de Busan.
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