E não é que o João acertou na mosca, depois da dica do feriado, o último desafio malla? Eu estava em Puerto Pirámides, um vilarejo na Península Valdés, na parte norte da Patagônia argentina.
A Península é uma das áreas mais ricas de megafauna marinha nas Américas. Por isso, é considerada pela UNESCO como Patrimônio Natural da Humanidade. E Puerto Pirámides é a porta de entrada para a Península, como podemos ver no mapa abaixo.
Porta de entrada da Península Valdés

Mapa da Península Valdés escaneado de um folheto explicativo dado na entrada do parque. As estradas pontilhadas são de ripio e o istmo tem uma largura mínima de 4km.
A Península Valdés e suas atrações naturais merecem um post a parte. Por ora, basta saber que toda a área de 360 mil hectares da península é uma reserva natural protegida pelo governo argentino mas de propriedade privada, e paga-se uma taxa de 40 pesos para entrar nessa área, utilizada para a manutenção do parque. O vilarejo de Puerto Pirámides está dentro do parque – é claro, os moradores de lá não precisam pagar.
Chega-se até Pirámides em estrada de asfalto vinda de Puerto Madryn. Mas dentro da Península, todas as estradas são de ripio, termo espanhol para a cobertura de pedrinhas escorregadias que cobre o chão de terra. Facílimo de perder o controle do carro e capotar. Além de fazer a festa das lojas de para-brisas para reparar os danos comuns.
Em Puerto Pirámides
O vilarejo todo de Puerto Pirámides está visualizado na foto acima, tirada do mirante da cidade. São apenas duas ruas, uma que corta a cidade e a outra que vai para a praia, sendo que metade das casas ou é pousada ou é restaurante ou é operadora de mergulho/tours. Ou os 3 ao mesmo tempo. Nós ficamos na Pousada Caracoles, e gostamos do bom serviço.
É de Puerto Pirámides que saem a maior parte dos passeios para ver a baleia franca, entre setembro e dezembro, quando ela passeia pela região. Nessa época do ano (março-abril) estamos fora de temporada. Portanto, a baleia franca não está por lá para atrair a atenção dos turistas e por isso o vilarejo estava uma calmaria só.
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Além desses estabelecimentos, há ainda uma escola, um museu, a delegacia, o posto de saúde, um mercadinho e o único posto de gasolina da península, o que o torna parada obrigatória para todos os visitantes que se aventuram pelo ripio do imenso parque. Os preços, dado o isolamento da região, até que não estavam abusivos, mas imagino que esse fato se deva pela época do ano, fora de temporada.
A praia em Puerto Pirámides
E há a praia. Ampla, plana, de areia dura, água geladésima, com muito vento e uma paisagem sedimentar das mais belas que já vi, rica em fósseis. Você vê aos milhares nas diferentes camadas do terreno, principalmente de conchas marinhas, e pisa em terreno lotado de história natural de milhares de anos. Um desbunde paleontológico.

Um pouco do relevo belíssimo da costa da região de Puerto Pirámides. Há um dos montes que lembram o formato de uma pirâmide, visível do mar, e que inspiraram o nome da vila.
Principal atração de Puerto Pirámides: a Lobería
Perto do mirante, a 4km do centrinho, fica a entrada para a principal atração turística do vilarejo: a Lobería. Uma mini-baía de mar bravio e encosta escarpada, onde vive uma colônia de leões marinhos (em espanhol, lobos mariños). Os leões marinhos, nessa época do ano, estão com seus filhotes em fase de aprendizagem. E é uma delícia observá-los do topo do morro se divertindo na água, fazendo suas primeiras incursões para se alimentar no mar gelado.
(Dá para mergulhar com eles também, saindo de Puerto Madryn.)

Vista geral da Lobería de Puerto Pirámides.
Fizemos de Pirámides nossa base para as andanças pela Península Valdés. A maior parte dos turistas escolhe Puerto Madryn (a 100km da região) como tal. Mas preferimos estar mais perto da região, curtindo o bucolismo e a solitude patagônica dessa vilinha tão simpática, de pacatez tão aconchegante. Foi uma ótima escolha e eu aconselho aos mais ecodescolados.
Tudo de bom sempre.
P.S.
– É preciso mencionar honrosamente que o PH também deu um excelente palpite no desafio. Merece os parabéns por acertar o país (Argentina) e o feriado do dia 02 de abril. É o dia de relembrar o início da Guerra das Malvinas, outro pedaço das filosofices dessa viagem. Valeu, PH! 🙂