Eis que este fim de semana tive uma experiência quase voyeur, em que vi o sexo de golfinhos rotadores. Conto abaixo alguns detalhes.
Chegamos cedo em Kealakekua Bay. Várias pessoas já estavam na água, algumas em caiaques. Os golfinhos rotadores (Stenella longirostris) também estavam lá, de vez em quando acenando com suas nadadeiras. Assim que alcançamos a praia de pedras pretas, fomos então direto pra água.
Nada-se uns 100m até a área onde os golfinhos costumam aparecer. É uma nadada simples, que fizemos na companhia de três meninas e um cachorro. O cão nadava animadíssimo mar adentro. As meninas, entretanto, levavam uma prancha de bodyboard, que depois descobri ser a área de descanso do cachorro no mar azul.
Golfinhos rotadores no mar
Na primeira visão dos golfinhos, o coração acelerou. Puxa, eu havia esquecido o quão bom é nadar com eles, sentir a tranquilidade que eles proporcionam ali, descansando na baía. Passados os primeiros 15 minutos de êxtase, entretanto, a gente começa a prestar atenção detalhada no comportamento do grupo. E é aí que começa então a brincadeira de verdade.
Devia ter pelo menos uns 50 golfinhos na baía. Alguns nadavam em grupo, outros solitários. Em geral, descansavam, que é o que se imagina que vão fazer ali. Aliás, percebe-se que dormem pelo ritmo com que nadam, bem devagar, quase um balé, subindo vagarosamente à superfície para respirar. Os mais “acordadinhos” de vez em quando davam seus giros fora d’água. Havia um filhote bem pequenininho no grupo, provavelmente um recém-nascido, que aliás não desgrudava da mamãe golfinha. Afinal, ainda mamava com vontade. Um golfinhozinho fofo.
Quanto mais eles nadam tranquilos, mais o coração desacelera e você relaxa. Houve momentos em que minha mente esquecia inclusive que estava na água. Exceto pelo fato de quando mergulhava, precisava prender a respiração e era relembrada então pela fisiologia que aquele não é meu habitat natural, infelizmente. Um dos golfinhos não desgrudava de uma folha seca de castanheira, seu brinquedo improvisado: jogava pra lá e pra cá a tal folhinha. E o cachorro, apesar de não colocar a cabeça embaixo d’água, com certeza percebia os golfinhos, porque nadava atrás deles com nítida satisfação.
Sexo de golfinhos
E aí veio a cena: um casal de golfinhos iniciou um rápido ritual de corte. Algumas nadadeiradas e serelepadas depois, eis a consumação do ato:
(Repare no 3º golfinho lá atrás, rondando.)
O mais interessante foi que havia dois machos disputando a mesma fêmea. Em dado momento, quando o micro-pênis do golfinho que ganhava a disputa já estava inserido na fêmea, o outro macho então encostou do outro lado da fêmea. Esta ficou sanduichada no meio, em típico “ménage à trois”. Verdadeira suruba marinha.
Aí então quando o golfinho macho vencedor finalizou seus “trabalhos” sexuais, o outro que ficou rondando a cena se juntou à fêmea e começou a nadar com ela, numa nítida intenção de também conquistá-la/fertilizá-la. E a fêmea aceitou. Definitivamente, golfinhos rotadores não são monogâmicos. Depois de aprender sobre isso na teoria, pude portanto observar este comportamento promíscuo na prática entre eles, em menos de 15 minutos.
Depois de algumas horas cercada pelos golfinhos, era hora de sair da água. Que dificuldade dizer tchau praquele grupo maravilhoso. Nadamos de volta, ouvindo ao fundo ainda alguns splashs. E com a certeza de que Kealakekua Bay é o melhor point de snorkel do Havaí.
Tudo de bom sempre.
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