Sexta Sub: a grave situação dos oceanos

por: Lucia Malla Corais, Ecologia & meio ambiente, Mudanças climáticas, Oceanos, Sexta Sub

O artigo da Revista Fórum me chegou via Idelber no twitter e tem um título auto-explicativo: “Os oceanos à beira da catástrofe”. Na realidade, é uma tradução feita pelo Idelber do artigo de Michael McCarthy publicada no Independent. Foi a notícia marinha da semana, exposta em diversos blogs, jornais e revistas pelo mundo. Como é grave a situação dos oceanos no mundo.

Situação dos Oceanos no mundo

Sinceramente, eu tenho vontade de chorar cada vez que leio notícias assim. De tristeza mesmo. Por conta da nossa ineficiência em fazer algo para tirar os mares do mundo dessa situação cada vez mais impossível de ser revertida.

Nada de novo no front da situação dos oceanos

Mas, se olharmos no fundo, nada do que está escrito nestas reportagens é novidade. Porque os problemas que estão destruindo os mares são os mesmos de vários carnavais passados. Problemas de que comento aqui neste blog desde sempre.

Sobrepesca. Mudanças climáticas/ Aquecimento global. Acidificação dos oceanos. Esbranquiçamento dos recifes de corais. Lixo. Extinção de espécies-chaves. Biodiversidade perdida. A falta de legislação e jurisdição no alto-mar. Mais: a gente já tem alguns exemplos do que pode acontecer com uma sociedade quando o mar começa a dar sinais de cansaço ou de que está se elevando.

Enfim, nada do que foi exposto pelo painel de 27 cientistas que se reuniu em Oxford e que chegou às tais conclusões catastróficas é realmente “novidade”.

A única novidade talvez seja a velocidade na qual o processo está acontecendo, mais rápida que se imaginava. O painel prevê que em menos de uma geração humana estaremos já com o ecossistema marinho completamente degradado, extinto. Talvez erre por uma geração, quem sabe, porque o mar é resiliente que só – mas até para a resiliência há limites.

E o que estamos fazendo mesmo para reverter o grave quadro da situação dos oceanos?

Até o momento, muito pouco. Porque infelizmente o mar nos dá essa sensação de infinito, e parece que isso entra no inconsciente coletivo das pessoas, e torna praticamente toda tentativa de conscientização fadada ao fracasso. De modo que quando se anuncia uma “catástrofe” dessas, as pessoas tendem logo de cara a achar que é um exagero.

Porque afinal, “eu fui à praia semana passada e estava tudo a mesma coisa”. E talvez este seja o pensamento mais raso possível e imaginável, aquele que imagina o mar como um ambiente quase-estático se não fossem as ondas. Um pensamento, aliás, rapidamente antagonizado por uma simples conversa com qualquer pescador de comunidade do planeta, que vai logo contar como tem sido  cada vez mais difícil alimentar sua família.

Mas tal pensamento também revela o quanto somos em geral displicentes com os oceanos. O quanto os oceanos disfarçam bem o quanto estão detonados. O quanto nossa visão de animais terrestres atrapalha o entendimento de que o mar sofre, e muito, na atualidade.

A cada dia, a solução fica mais difícil

Eu sou otimista. Quero portanto acreditar que haverá uma solução. Que acordaremos logo para o problema e faremos algo positivo para tirar o ecossistema marinho dessa falência generalizada. Mas preciso confessar que esta solução está a cada dia que passa mais complicada. E a cada dia que ficamos de braços cruzados, a falência fica mais próxima.

E é por isso que a foto da Sexta Sub é de um recife de coral saudável. Cada vez mais, ele é uma raridade no nosso planeta. Para lembrar a todos o que está em jogo no começo dessa história “exagerada” de catástrofe. Já que no fim seremos nós mesmos que estaremos perdidos, enfim.

Nem sempre tudo de bom.



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