Me caiu em mãos esta semana um vídeo do NYTimes, parte de uma reportagem, que mostra e comenta o quanto a população amazônica ainda repudia – e por consequência, mata – o boto-rosa.
Este animal já aparece como vulnerável na lista da IUCN e cujos números populacionais totais são desconhecidos por falta de dados. Na página do IUCN, o alerta.
“There is an emergent, but already large-scale, problem involving the deliberate killing of botos in Brazil for fish attractant (IWC 2007). Botos are also killed deliberately in some areas because fishermen regard them as competitors and because the dolphins damage fishing nets (F. Trujillo pers. comm. to B.D. Smith).”
Em vídeo
E vejam abaixo o vídeo do NYTimes sobre o problema:
O vídeo é um alerta e gera uma tristeza sem fim. É infelizmente uma derrota da ciência, do conhecimento e da ecologia em prol da superstição, da ignorância (não no sentido violento, mas no sentido educacional) e do descaso. Descaso com uma espécie animal. Descaso este que advém muito também da falta de uma política direcionada a educar estas pessoas sobre o que o boto-rosa significa de verdade. Não sobre o misticismo da espécie, mas o que ele significa pro ecossistema, sua biologia.
Manejo do boto-rosa
É um animal violento? Sim, agressivo com outras espécies e com a sua própria. O boto-rosa é um animal que briga por território, comida, fêmeas com voracidade. Come muitos peixes? Sim, esta é sua dieta natural, e pode interferir na atividade pesqueira humana. Mas… E projeto de manejo, para a pesca, de forma que o boto e o homem possam conviver lado a lado, cadê?
Antes que alguém se precipite achando que é “difícil” fazer manejo, já respondo que é difícil, sim. Mas não impossível, já que era exatamente educação das comunidades sobre a biologia do boto um dos muitos focos do projeto Boto Vermelho que vi em Mamirauá. E funcionava.
Soluções
Há diversos pontos em que se pode agir para ter um melhor resultado para homem e boto-rosa. Para diminuir esse descompasso da realidade entre biologia e humanidade. Mas é necessário que se aja, que o governo intervenha em alguns pontos. Como por exemplo aumentar o número de fiscais para a região de floresta, e de educadores nas comunidades. Principalmente, que se queira investir, tempo, dinheiro e neurônios, que não achemos que por que a Amazônia está longe da maioria, então, “o problema não é meu”.
Esta mentalidade precisa mudar, porque a Amazônia (assim como os oceanos…) é um problema de todos nós. Já que, afinal, todos nós constribuímos em algum nível, direta ou indiretamente, para a manutenção desse ciclo vicioso desastroso.
Tudo de bom(?) sempre.
P.S.
– E hoje é o dia da Terra. Quer melhor exemplo do quanto ainda estamos longe de realmente podermos “homenageá-la” que com essa reportagem do NYTimes? Tudo leva a crer que ainda temos um longo caminho pela frente…