Vocês conseguem ver o peixe-flauta (Solenostomus paradoxus) no centro da foto? Sua sub camuflagem é uma adaptação muito eficaz, extremamente especializada – o bicho se confunde com os tentáculos de outro animal, um crinóide.
Tal camuflagem confunde o predador, aumentando as chances de passar desapercebido, e consequentemente de sobrevivência do peixe. Paradinho em sua pose arisca, o peixe-flauta vê o mar passar, limitado ao seu universo crinóide.
Sub camuflagem, vendo o mundo passar
Pois eu ando assim: vendo o mundo passar. Só que não estou tão parada como o peixe-flauta – me agito em dobro, ao redor do meu mundinho próprio, focada que estou nas redondezas. Já está me dando agonia, confesso. Tenho uma lista de mais de 50 posts que quero escrever, muita viagem e passeio para contar, resenhas, discussões oceânicas, diversas histórias e estórias para compartilhar com os amigos. Muitas fotos para mostrar. Um mundo de idéias borbulhando em diversas frentes.
Mas me falta tempo, esse valioso recurso do nosso dia-a-dia eletrizado. Minhas obrigações científicas têm me tomado desde os primeiros minutos do dia, quando o 1º email de trabalho já está piscando na tela, até a hora em que começo a sonhar sentada com a mão no teclado (porque dormindo já estou há tempos), geralmente com um texto do word ou um gráfico de barras aberto. Com o tempo passando por mim a galope forte, tenho deixado de lado um dos meus passatempos prediletos: blogar.
Interagir. Ouvir as histórias dos queridos amigos. Compartilhar.
E sinto falta, muita falta dessa conversa. Gosto de ficar vendo o mar passar. Sei também que às vezes é importante a introspecção. Mas, na limitação do crinóide, o pedaço curioso da minha personalidade se pergunta sempre: o que será que está acontecendo do lado de lá do recife?
Que venha logo o tempo de compartilhar novidades, de passatempo, enquanto se gira com o mundo que passa. Porque não é só o peixe-flauta que tem paradoxo no nome.
Tudo de bom sempre.