por:
Lucia Malla
Antigos, Aquários & Zoos, Ciência, Links gerais, Micronésia, Oceanos, Política, Sexta Sub, Tubarões
Publicado
07/10/2011
Hoje resolvi fazer na Sexta Sub um “Pequenas Anotações de Viagens Virtuais” versão tubaronística. Esta é a edição 60. Afinal, as notícias, curiosidades e bizarrices de tubarões vêm se acumulando na minha caixa postal. Melhor juntar tudo num post, né?
Vamos lá!
1) Comecemos com as boas ótimas notícias: as Ilhas Marshall, no Pacífico Norte, declararam todo o território do país um santuário de tubarões. São 1,990,530 km quadrados de oceano praticamente – já que o país é composto de atóis minúsculos. É MUITO mar protegido. E com isso, as Ilhas Marshall se adiantam aos demais países da Micronésia e se junta a Palau, Bermudas, Maldivas, Honduras e Tokelau, que também já fizeram o mesmo em suas fronteiras.
2) Eu soube da notícia acima no blog não-oficial do Micronesia Challenge. E no post tinha também um vídeo dos corais das Ilhas Marshall. A surpresa: o vídeo foi produzido pelo nosso colega Craig – que participou da 1a expedição de monitoramento da fauna de lá. O vídeo é lindo, mas a música é um pouco destoante. Dêem um desconto, é marshalhesa; bacana usar elementos da própria cultura local.
3) Nos EUA, a movimentação política pró-tubarão também vem se aquecendo. A California passou a lei na Assembléia Legislativa que bane o comércio e posse de barbatanas de tubarão – um feito enorme para o estado que tem a maior comunidade chinesa dos EUA. A lei está agora na mesa do governador, que precisa assiná-la para que entre em vigor. Aqui no Havaí, tal lei foi assinada depois de muita pressão. Imagino que na Califórnia não será diferente.
De qualquer forma, o tubarão Sherman do Jim Toomey já está antecipadamente feliz com a votação da Assembléia. 😀 UPDATE ÓTIMO: Acabei de ler no twitter do Aquário de Monterey que o governador da California assinou a lei!!! YESSS!!!!! o/
4) … mas aí já tem aqueles que pensam no problema de maneira bem mais global – tipo o pessoal do Shark Defenders. E eles abriram uma petição no site da Casa Branca, pedindo a implementação de uma lei federal que proíba o comércio de barbatanas – e se isso um dia chegar a acontecer, será HISTÓRICO para a conservação. Mas sonhar não custa nada. Aliás, nem assinar a petição. Se você é morador dos EUA e/ou americano, corre lá no site da Casa Branca e assina. Se chegar até 5,000 assinaturas no dia 22 de outubro, o governo federal se pronunciará oficialmente sobre o assunto.
5) O Aquário de Monterey outro dia montou uma mega-operação para transportar um tubarão branco que está agora em exibição no tanque pelágico do aquário. O relato desse estresse é uma emoção.
6) Já o Aquário da Georgia colocou um transmissor num tubarão-baleia no México para estudar sua rota migratória – e adicionou a isso uma conta do twitter. Você pode seguir o Domino, saber onde o tubarão está e interagir “com ele” (ou com o pesquisador que toma conta desse tag). @wheres_domino foi #followimediato, of course.
7) Ok, o site chama-se Lush, mas… esse shark fin soap não é a minha cara? 😀
8) Também a minha cara a cerveja escolhida aqui em casa para assistir ao Rock in Rio pela internet:
A cerveja da Malla! (isso dá jingle, hem… ou jungle, você decide.)
9) Um tubarão-duende (Mitsukurina owstoni) foi encontrado no Rio Grande do Sul. O bicho é muito raro, vive nas profundezas, e o achado vai sem dúvida ajudar a entender um pouco mais do bicho, que tão dificilmente aparece na superfície. #RSmelhoremtudo (Via @dra_luluzita.)
10) E pra finalizar, uma notícia que não é de tubarão, mas é de mar. E que, decerto, me emocionou muito. O querido Rick McPherson postou no Deep Sea News um mapa que saiu esta semana do Projeto Aquarius da NASA, mostrando as variações de salinidade na superfície dos oceanos do mundo:
(Mapa montado pelo ©Projeto Aquarius – NASA.)
Quando eu era criança, sempre achei que o mar da praia onde cresci no ES era mais salgado que os outros mares que eu visitava. Afinal, era o único lugar que eu conhecia até então em que uma camada de sal se depositava na pele pouco depois de você sair da água. Curiosa, perguntava pros adultos ao redor, pro meu professor de Ciências, se era verdade (malla desde cedo, como podem perceber)… e ninguém sabia me responder. Com o tempo, passei a achar que o excesso de sal era só impressão/invencionice de criança – sabe aquelas coisas de achar que era um ondããão e bolar toda uma fantasia ao redor, mas no fim era só uma marolinha um pouco maior?
Até que esta semana a NASA vem com esse dado aí em cima. E eu olho pra ele e vejo lá no cantinho onde eu cresci, o mapa fervendo em vermelho. Pois o mar no ES é mesmo mais salgado que boa parte do resto do mundo. Além de também em outras áreas do Oceano Atlântico ser bastante salgado. Eu sei, pode haver variações de salinidade com o tempo, o dado pode se alterar por diversos fatores. Mas mesmo assim, me emocionei ao ver o mapa. Enfim, mais de 30 anos depois, satisfiz minha curiosidade infantil. E corroborou-se uma observação empírica das mais rudimentares. Um viva enorme à ciência, que permite esses sorrisos de felicidade na nossa vida. 🙂
11) Tudo de sal sempre.