por:
Lucia Malla
Antigos, Blog, Blogosfera & mídia social, Comportamento, Cotidiano, Mallices
Publicado
06/12/2008
Há algumas semanas, li um texto gostoso da Glenda, sobre pequenos prazeres. Além de relacionar os pequenos prazeres que ela tem, a Glenda comenta que “Contar um pequeno prazer é revelar algo muito pessoal“.
Pode ser. Há, como ela fala também, prazeres e prazeres. Tempos atrás, por exemplo, meu amigo Doni ficou super-feliz com sua vitrola nova; quase na mesma hora que li o texto do Doni, a Flavia soltou via twitter que adorava ter passarinhos na varanda dela num prédio na Paulista. Ou seja, um objeto ou uma ação inesperada podem revelar um eu ingênuo, que todos nós temos lá no fundo. Revelam algo pessoal, mas não extremamente profundo.
Aliás, pequenos prazeres seriam, nessa idéia, como icebergs, a superficialidade aparente que expande-se no fundo em direção o nosso eu mais profundo. Contraditório? Sim. Mas tergiverso.
Fato é que um dos meus pequenos prazeres é escrever. Qualquer coisa, de lista de supermercado a artigo rebuscado e bilhetinhos pros amigos. Desde que me entendo por criança alfabetizada, lembro de estar anotando coisas, fazendo listas, brincando com papel, caneta e palavras. Sou péssima em desenho, então acho que tentava suplantar essa deficiência rabiscando letras. Tive inúmeras agendas na vida – e ainda as teria para rabiscar qualquer pensamento mais maionesístico que me viesse à cabeça, se não existissem hoje os blogs.
No blog, tenho a oportunidade de escrever e compartilhar, o que torna a festa toda mais interessante ainda. Um pensamento que me passa e que antes iria pra um caderninho obscuro da gaveta, hoje sai aqui, alguém lê e comenta, reclama, discute, aprecia; sente. A palavra compartilhada é semente, que logo será outra vida (ou não, dependendo do cuidado que investirmos), num ciclo de renascimento da idéia delicioso. (Há ainda o caderninho; velhos hábitos são difíceis de abandonar quando não há necessidade de perdê-los…)
Como rabiscadora de palavras compulsiva, vou postando minhas viagens de caderno de gaveta, no ritmo que der e convier aos meus afazeres do dia-a-dia. De modo que quando li este post do Bia, criando o movimento turtle-blogging, identifiquei-me imediatamente. Não só porque tem o nome de um réptil quelônio querido dos herpetólogos, mas também porque há um quê da filosofia-de-boteco do blogar que refresca, descansa, atrai e renova esperanças para minha forma de querer compartilhar meus rabiscos.
O pequeno prazer de ser uma tartaruguinha que acabou de sair do seu ovo egoísta de caderninho, andando calma e animadamente na direção das ondas virtuais que banham a todos. Sem um pingo de noção de que, à sua frente, depois da arrebentação, um oceano misterioso e repleto de novas experiências, indivíduos, interações e emoções lhe aguarda. Slowly and forward.
Que venham os posts, em direção ao mar. 🙂
Tudo de bom sempre.