por:
Lucia Malla
Amigos de viagem, Antigos, Blogosfera & mídia social, Entrevistas, Viagens
Publicado
10/02/2008
Antes que eu sequer começasse a entrevista, Edney, que está sempre ocupado tentando manter a ordem dos códigos e bons cliques do portal Interney, já queria se esquivar: “Você já leu minha auto-entrevista? Lá você pode encontrar tudo que precisa saber sobre mim.” Tive que explicar que, apesar de eu já ter lido sua (quase-esquizofrênica) auto-entrevista, ao convidá-lo para uma entrevista em meu blog, não ia tratar de absolutamente nada relacionado a blogs, internet ou similares. Uma novidade em sua vida, enfim. Aqui, nesta entrevista, portanto falamos de viagens e outras amenidades. Depois de clarear esse “pequeno” detalhe, começamos então um bate-papo divertidíssimo sobre os lugares (e cervejas!) que marcaram o super-Interney, um cara tão simpático quanto eficiente no mundo dos blogs.
Era uma manhã de domingo (!!) quando consegui roubar alguns minutos da agenda do Edney no MSN para uma entrevista. E eis aí para que todos aproveitem o que o grande guru (para usar a nomenclatura da Nospheratt) tem a dizer sobre um assunto que, de acordo com ele próprio, não é muito a sua praia. Mas que em minha opinião, é um pouco a praia de todos. Divirtam-se!
Entrevista viajante: Edney de Souza
Você se considera mais ecoturista ou é ainda mais adepto aos passeios urbanos?
Edney: Pra ser sincero eu me considero sedentário… Passeio urbano pra mim = ir ao bar beber (bar = lugar onde você fica sentado conversando). Viajar pra mim geralmente é a trabalho ou pra rever a família, poucas vezes viajei para conhecer lugares.
Dos destinos que você foi a trabalho, qual achou mais interessante? Por quê?
Edney: Aracaju, pela hospitalidade das pessoas e pelas praias lindas que eu tive oportunidade de conhecer. Vitória/Vila Velha ficaria com um segundo lugar e Salvador em terceiro – pelos mesmos motivos. Mas o lugar mais bonito que fui foi Maragogi, na minha lua-de-mel.
Olha que legal: eu sou de Vila Velha!
Edney: Pois é, eu gostei mais de Vila Velha porque na verdade praia mesmo é lá, Vitória só é bom pra jantar. 😛 E tinha um amigo meu que me deu dicas de lugares, isso ajudou.
Vila Velha é dormitório de Vitória, por isso não tem vida noturna.
Edney: Então, tem um cara que morava na Serra que eu conheci jogando ragnarok. Ele me deu a maioria das dicas de passeio por lá. Agora ele se mudou pra São Paulo esse final do ano que passou. Além das praias de Vila Velha, eu fui no Convento da Penha e na fábrica da Garoto.
Se você foi à praia em Vila Velha, deve ter passado em frente da minha casa. Mudando um pouco o rumo, que papel tem a internet nas suas viagens?
Edney: Puxa, eu não faço nada sem internet, não só viagens. Eu compro passagem pela internet. Olho dicas de pontos turísticos, falo com amigos que moram no local ou já visitaram…
Você lê fóruns e/ou blogs de viagem antes de viajar?
Edney: Eu pesquiso no Google, acabo achando a maioria das dicas em blogs. Mas se eu for planejar uma viagem um dia, porque já fazem 5 anos que não planejo viajar pra lugar algum, aí sim penso em ler blogs de viagens para decidir onde ir. A última vez que escolhi pra onde ia foi na minha lua-de-mel. 😛
Qual o seu destino dos sonhos?
Edney: Tenho vontade de conhecer a Europa, fazer uma espécie de tour da cerveja. 😛
Qual sua cerveja predileta?
Edney: A La Trape holandesa é uma cerveja do tipo Abadia que tem uma ótima relação custo-benefício, mais barata que as famosas abadias belgas e quase tão boa quanto.
Você curte cervejas com gostinho de fruta? Tipo berliner weisse…?
Edney: No máximo cervejas com aroma frutado, mas o gosto não é de fruta.
Um tour de cerveja pela Europa abarcanharia pelo menos 5 países “obrigatórios”: Alemanha, Bélgica, República Checa, Irlanda e Holanda.
Edney: Eu não conheço cervejas checas, é um lapso na minha lista. Eu trocaria a Irlanda pela Inglaterra, gosto das Ale inglesas. E não sou muito fã da famosa Guinness…
As cervejas checas são muito boas. Veja essa foto minha num bar tomando 1 litro de cerveja na proveta de laboratório (o bar chamava “Alquimia” em tcheco). Acho que você ia gostar desse bar em Praga.
Edney: Olha só, fui pesquisar por cervejas tchecas e descobri que a cerveja pilsen nasceu lá. Não sabia disso.
Na cidade de Plzen. Parada obrigatória para qualquer cervejeiro na Europa.
Edney: Pois é, realmente precisaria passar por lá pela carga histórica!
E qual foi a pior viagem que fez? Por quê?
Edney: Eu viajei a trabalho pro Beto Carreiro World, não me lembro se foi em abril ou maio, ou seja, fora de temporada. As praias próximas geladas, ninguém na areia, hotéis vazios… Parecia que eu estava numa cidade fantasma. Agora, cômica foi minha viagem pra Porto Rico. Fiquei 25 dias lá a trabalho. Sozinho, nenhum outro brasileiro comigo. Falava quase nada de espanhol. Fiquei num apartamento em Guaynabo, cidade-dormitório de San Juan. Não visitei nenhum cassino, mas fiquei especialista em tacos, burritos e junkie food americana.
Urgh… junk food…
Edney: É o que tem em Porto Rico. Burger King, Taco Bell, KFC, Subway. E a melhor cerveja que tinha era uma local ‘Medalla’.
E você passou 25 dias a base disso?
Edney: Eu comecei a comer em restaurantes locais, a comida típica de lá é arroz, feijão e carne. Feijão lá se chama Habichuelas, inclusive. 😛
Nem uma guacamole para amenizar?
Edney: Guacamole tinha nos burritos.
Bom, a próxima pergunta seria qual a comida mais exótica/estranha que já comeu numa viagem… mas essa overdose de junk food em Porto Rico é páreo duro!
Edney: Hahahahahaha!
Além desse junk, teve outra comida estranha que você se lembre? Onde foi?
Edney: Puxa, tudo que lembro na verdade foi bom. Até essa overdose de junk food. Eu tive uma certa decepção em Sergipe por causa dos nomes, descobri que um monte de comidas ‘típicas’ eram coisas que eu já conhecia em Minas com nomes trocados. Mas a comida é uma delícia.
Os nomes podem confundir mesmo. Eu senti o mesmo quando fui pra Amazônia e tomei suco de taperebá, achando que era uma fruta exótica, etc. Nada mais é que cajá. E eu não gosto de cajá, esse é o detalhe.
Edney: Então, eu fui experimentar mugunzá e era canjica doce; torta de macaxeira com jabá era mandioca com carne seca. Na verdade eu gosto de chegar no lugar e pedir alguma coisa local. Por exemplo, em Vila Velha e Vitória eu comi camarão todos os dias, de muitas formas diferentes. Mas minha overdose preferida de camarão foi em Santa Catarina. Você faz um pedido e vem umas quatro bandejas de camarão de maneiras diferentes, chama-se “sequência de camarão”.
Tem uma caranguejada muito boa em Vila Velha, na praia de Itaparica, num bar chamado Partido Alto.
Edney: Eu fui nesse bar, mas não comi caranguejada. 🙁
É que para mim raros são os lugares com boas caranguejadas, e a desse lugar é muito boa. Você é um viajante culinariamente bem flexível, então. Que bom! E você tem alguma mania ao viajar?
Edney: Eu não sou um cara com muitas manias. Não tenho nenhuma roupa da sorte, ou amuleto, ou sinal antes de fazer alguma coisa. Não sou adepto de superstições de nenhum tipo e não sou muito obsessivo com organização também.
E quando você arruma a mala, tem alguma coisa que considera essencial e que os outros achariam só “estranho”?
Edney: Não, eu levo o mínimo necessário. Antes eu levava muita tralha eletrônica, mas depois que comprei o smartphone levo menos coisas. Ele já é mp3 player, celular e camera num só.
Penso seriamente em investir em um smartphone. Parece bem versátil.
Edney: Sim, ainda mais que com o Google Maps você vê ruas do mundo todo. 😛
Bom mesmo. E já que falamos de mp3, você tem alguma trilha sonora preferida para quando está na estrada?
Edney: É sempre Suicidal Tendencies + alguma coisa. Alguma coisa pode ser rock, pop, rap, funk (não carioca)…
E você já trouxe algum souvenir exótico/estranho/esdrúxulo para alguém em suas viagens?
Edney: Agora eu precisaria perguntar isso pra minha esposa. Porque eu sempre esqueço o que compro pros outros. Sempre que vou viajar de avião geralmente compro um livro, mas é um best-seller do momento, nada especial. E geralmente compro coisas do mesmo tipo que você acha na loja de souvenirs do aeroporto. Tipo trazer doces de Minas, panela de barro de Vitória, coisas mais tradicionais mesmo.
Agora em dezembro quando eu passei por Vitória, eles estavam vendendo 5 panelas de barro por 10 reais. Acho que não paga nem o barro. E é um presente maravilhoso, o problema é o peso.
Edney: Eu comprei na fábrica da Garoto uma panela de barro que veio cheia de bombons. Foi embalada com isopor, colocada numa caixa a parte. Tive que despachar com muito cuidado.
Sério??? Essa é legal: panela de barro com bombons. Nunca vi isso – e olha que eu vou sempre a Garoto. Presente mais capixaba impossível. 🙂
Edney: Então, eu sempre vou pelo tradicional na hora das lembranças, não pelo exótico.
Mais seguro. Agora, uma dica sua especial sobre viagens.
Edney: Uma vez no destino, eu prefiro seguir dicas de amigos e montar passeios por conta própria. Essa coisa programada com vans para lugares badalados deixa tudo muito mecânico e sem graça na minha opinião. E se eu não conheço nenhum amigo que mora ou já visitou o destino dificilmente eu me aventuraria, não é meu estilo.
A próxima viagem é para…
Edney: Provavelmente Presidente Bernardes (MG) para rever parentes.
É onde em Minas? Sul, Norte…?
Edney: Zona da Mata, sudeste de Minas, perto de Viçosa. A cidade tambem é conhecida pelo nome de Calambau. Tem Festival da Cachaça todo ano. Se você estudou em Viçosa, já ouviu falar da Festa da Cana/Festival da Cachaça! Em julho, geralmente último final de semana, começa na quarta/quinta e vai até domingo. Qualquer ser humano não nativo de lá geralmente bebe até perder a memória. O que não é difícil, já que 4 doses daquela cachaça artesanal já matam a maioria. Os caras fazem cachaça com mais de 50 graus. Ali nas redondezas tem umas 50 cachaças sem exagero. Não me assustaria se catalogassem uns 100 alambiques nas cidades próximas…