Entrevista viajante: Yami Trequesser

por: Lucia Malla Entrevistas

Continuando a série do blog, eis que hoje vocês vão ler a entrevista com as opiniões e dicas dadas por MSN de uma viajante bem especial, a jornalista Yami Trequesser. Ela mora em Londres, e cuida de um blog/podcast supimpa, o Yamicast. A Yami primeiro fez uma entrevista comigo pelo Skype sobre as minhas viagens. Agora, então, ela retribui gentilmente compartilhando as idéias dela sobre o mesmo tema aqui nesta entrevista do blog. Com a palavra, portanto, Yami!

Entrevista viajante: Yami Trequesser

Entrevista - Yami Trequesser
(Foto gentilmente cedida pela Yami para esta entrevista.)

Você se considera mais ecoturista ou é ainda mais adepta aos passeios urbanos?

Yami: Eu sou uma ecoturista. Aqui em Londres eu e um amigo começamos um grupo chamado Rambleiros que todos os finais de semana faz um passeio pra algum lugar no interior da Inglaterra. Geralmente trilhas em parques nacionais. Começamos com 4 pessoas e hoje são mais de 20 brasileiros, todos moradores de Londres.

Interessante. E qual o último lugar que o Rambleiros visitou?

Yami: Foi Aspley Guise via Bletchley, que fica no noroeste de Londres. As fotos podem ser encontradas aqui. No meu Flickr tem fotos das caminhadas que fizemos no ano passado. Teve uma que foi perto da praia e paramos prum mergulho estratégico. Foi essa aqui, chamada Seven Sisters.

Mergulhar é sempre bom… Sou suspeita pra falar, entretanto. E qual foi sua viagem inesquecível? Por quê?

Yami: Se você olhar no meu Flickr vai ver que já fui pra vários lugares interessantes, como Istambul, Budapeste, Praga, Bélgica, Estocolmo, Marrocos, Fernando de Noronha, Chapada dos Veadeiros… Cada viagem que fiz foi inesquecível, pois em cada uma delas eu encontrei ou conheci pessoas diferentes, interessantes, em outras eu fui reencontrar amigos e família, conheci a arquitetura, os costumes locais, interagi com as pessoas locais e aprendi algo.

É sempre enriquecedor viajar. Eu também tenho uma tendência a achar todos os lugares que visitei inesquecíveis…

Yami: Pois é, acho difícil escolher um lugar só. Eu adorei o Marrocos, por exemplo, a energia daquele lugar é o máximo, mas também adorei o deserto de Nevada, onde rolou o Burning Man, um festival muito louco que rola todos os anos.

Sobre o que é esse festival?

Yami: É um festival que celebra a vida e a liberdade. Começou em 1986 quando um cara americano estava de coração partido, pois a namorada tinha largado ele. Ele chamou os amigos, foi pruma praia e queimou um homem de madeira. No ano seguinte ele foi pra mesma praia, dessa vez com mais amigos e queimou o homem de madeira mais uma vez. Essa coisa de queimar o homem de madeira – que simbolizava o cara pelo qual a namorada dele tinha largado ele – cresceu tanto que a polícia americana teve que mover a tal concentração pro meio do deserto de Nevada. Rola anualmente entre agosto e setembro.

Eu queria ir nesse festival desde 1994 quando o Burning Man foi capa da revista Wired. Aí em 2006 consegui juntar um grupo de ingleses, voamos pra São Francisco, alugamos 2 VR’s e fomos pro meio do deserto. As fotos estão aqui.

Interessantíssimo. Eu não conhecia essa história. Agora eu também quero ir.

Yami: Vai sim que eu recomendo. No festival é proibido comprar ou vender qualquer coisa. Então todo mundo tem que levar seus próprios mantimentos, inclusive água pra semana inteira (o festival dura 1 semana). Por não ter essa coisa de capitalismo, todo mundo é muito amigável e aberto. É uma experiência muito interessante e mais ainda por rolar no meio de um deserto, onde durante o dia faz 45 graus na sombra e a noite -1.

Um Woodstock contemporâneo?

Yami: Sim.

E qual foi a pior viagem que fez? Por quê?

Yami: Eu acho que eu nunca fiz uma viagem ruim. Eu ja tive momentos difíceis em viagens, como por exemplo, ter uma baita briga com o meu namorado no dia de ano novo em Barcelona. Tinha uma menina dando mole pra ele e eu fiquei morrendo de ciúmes, mas em vez de dar uma bronca nela eu dei uma bronca nele! Mas acho que de todas as viagens que fiz, sempre deu pra tirar algo de bom, conhecer algo interessante, que desse uma boa matéria.

Legal. Acho que pensamos bastante parecido…

Yami: Puxa, que bom, eu fico honrada em você fazer esse comentário.

Por quê?

Yami: Porque eu gostei muito da entrevista que você deu pro Yamicast, sua maneira de ver e pensar. Então um comentário positivo como esse vindo de você, me deixa honrada.

Eu que fiquei honrada pela sua entrevista comigo! Mas me diga, qual a comida mais exótica/ estranha que já comeu numa viagem?

Yami: Hmmmm… Ah! Já sei! Eu fui convidada pra fazer uma viagem de 7 dias de ônibus pelo Reino Unido e escrever um artigo prum site daqui chamado OI Londres. As fotos estão aqui. Saímos de Londres e fomos pra Bath, Wales, Liverpool, Edinburgo, York, Stratford Upon Avon e Londres novamente. Chegando a Edimburgo paramos num hostel e o menu mostrava como especialidade da casa um tal de haggis.

O que é isso?

Yami: Pedimos um pra dividir e eu coloquei um pedacinho na boca e estava mastigando, quando o guia começou a explicar que aquilo era intestino, coração, fígado e pulmão de ovelha misturado com cebola, sal, aveia, gordura e tudo isso cozido dentro de estômago do animal.

Urgh!!!!!!!!!!!!!!

Yami: É, exatamente…

E você comeu tudo?

Yami: Não… Fiquei com nojo. Foi tudo tão rápido que eu nem me lembro se tinha gosto bom. Acho que se ele não tivesse falado eu teria comido. É tipo rã, que é um bicho feio, mas que tem um gosto entre peixe e frango.

Gostei da sua definição: gosto entre peixe e frango. É perfeita.

Yami: Eu adoro rã, mas prefiro esquecer a aparência dela.

Você tem alguma mania ao viajar? Tipo colecionar fotos de orelhões, beijar o chão ao chegar, etc.?

Yami: Eu não gosto de ler guias de viagem antes de ir prum lugar que eu não conheço. Meu primeiro dia numa cidade eu gosto de sair andando e ver o que está em volta. Aí eu volto pra casa e pego o guia. Acho que se for ler algo antes da viagem fico focada no que o guia está dizendo e não presto atenção às sutilezas do lugar.

Essa sua mania é quase uma dica!

Yami: Sério? hahaha

Sim. Eu também não sou muito afeita a pesquisar demais sobre o lugar que vou. Pesquiso o básico. Mas gosto de ser absorvida um pouco, me perder no lugar, entende?

Yami: Eu pesquiso o básico também, tipo moeda, meio de transporte, vacina, passaporte, visto, mas o resto vai no impulso.

Exatamente. E qual então foi o souvenir mais exótico que já trouxe de algum lugar?

Yami: Puxa, eu não sou uma pessoa de comprar coisas quando vou a um lugar então não sei se já comprei algo que seja muito exótico. Pelo menos não estou conseguindo lembrar de nada que seja marcante. Se eu lembrar de algo que seja interessante eu te aviso.

Para finalizar a entrevista, uma dica sua especial…

Yami: Teve uma vez que eu estava no Sul da França com o meu namorado e queríamos comprar pão, croissants e outras guloseimas pro nosso almoço. Estacionamos na frente da patisserie e fui tentar abrir a porta, empurrando-a pra frente e pra trás. Como ela não abriu, eu disse que a patisseria estava fechada e que deveríamos tentar outra. Meu namorado não se deu por vencido e empurrou a porta pro lado e ela abriu. Ele olhou pra mim e disse que a minha pressa podia ter matado a oportunidade de termos o que queríamos pro almoço. Então a minha dica é não ter pressa, nem medo. Claro, não vai chegar atrasado na plataforma do trem que você vai perdê-lo, mas durante uma viagem tome seu tempo pra conhecer as pessoas, as situações e os lugares e com certeza você terá uma ótima viagem.

Que maravilha de dica! E a próxima viagem é para…

Yami: Na semana que vem estamos indo pra Hong Kong, Macau e Xangai visitar uma amiga brasileira e o marido que moram por lá.

Boa viagem então!

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