A entrevista viajante de hoje é com a Manu. Ela é uma leitora muito especial deste blog – e não é só porque ela é baiana, não. Poetisa doce, jornalista de olho nas questões ambientais, ela participa conscientemente da construção da interação que a mídia blog merece, e para mim isso é um bom exemplo. Eu sei que falho muito com relação aos que deixam comentários por aqui, às vezes me desanimo a escrever – tenho a sensação incômoda de que falo comigo mesma a maior parte do tempo, num desvio esquizofrênico delirante.
Mas são os recados que a Manu muitas vezes escreve que me fazem lembrar a minha visão inicial sobre blogs (que eu mesma esqueço às vezes): o blog deve ser tratado como uma plantinha, regado sempre, podando as partes secas, dando carinho e atenção aos detalhes da terra, para que um dia as flores brotem e possam encantar a todos que visitam com seu frescor e perfume. Compartilhar é uma delícia. Seja o que for: alegrias, tristezas, amizades, conhecimento, micos, viagens… A Manu entendeu esse espírito perfeitamente. Então, depois de tanta troca e conversa, chegou a hora dela compartilhar conosco as opiniões que tem sobre viagens, aí embaixo nesta entrevista. Alimentando, portanto, o jardim da internet. Deliciem-se.
Entrevista viajante com a Manu
Você se considera mais ecoturista ou é ainda mais adepto(a) aos passeios urbanos?
Manu: Até a pouquíssimo tempo eu me considerava bem urbana. Mas depois que fui a vilarejos escondidos pelo sertão do Nordeste, descobri que não importa se é metrópole ou cidade de apenas uma rua, eu estou indo. E ambos são uma delícia!
Como você escolhe seus destinos? Amigos, curiosidade, internet…?
Manu: Acho que amigos ainda pesam muito para minhas escolhas. E tenho sorte de ter amigos em lugares que até Deus duvida… rsrs. Além disso tem as minhas viagens culturais, quando vou mais para estudar que para fazer turismo em si, que é aquilo de passar um dia inteiro indo de museu em museu… mas sempre com um olhar curioso sobre o local e as pessoas, que é o que realmente importa. Ah… as aulas de História no 2º grau também ajudaram muito. 😉
Qual foi sua viagem inesquecível? Por quê?
Manu: Todas elas. Bom, eu poderia dizer que era a da Europa, por ter conhecido Paris, Viena. Ou que para o Cânion do Rio São Francisco, por ter tomado banho no “Velho Chico”, até na Península de Maraú, pelas ilhas maravilhosas e por serem os locais onde descanso. Mas não… minha viagem inesquecível foi para um vilarejo ao sul do Piauí (sou baiana mas meus pais são de lá) de apenas 4 ruas… a cidade é um quadrado, literalmente. Era lá que morava meu bisavô… eu o conheci, passei uma semana lá… depois disso ele faleceu, recebi a notícia ainda na estrada. 🙁
Nossa, que triste. E qual foi a pior viagem que fez? Por quê?
Manu: Nossa… esta pergunta para mim não é difícil. Não que o lugar foi ruim, mas é que viajo muito de carro, enfrentando estrada. E as estradas deste país não estão nada bem. A pior foi a do final do ano, indo de Salvador para o Rio e voltando também. Enfrentamos muita chuva, buracos, pontes que desabaram e engarrafamentos de 2 horas. Mas foi só ver o mar e minha família que todos esses aborrecimentos se dissolveram com um piscar de olhos. 🙂
Qual a comida mais exótica/ estranha que já comeu numa viagem?
Manu: Ahhh…kkkkkkkkk. Pode falar mesmo???? Nossa… todo mundo faz careta quando falo as coisas que já comi viajando. Não foi só uma comida, foram várias. Já comi até tartaruga sem saber o que era. Me disseram que era “frito” (espécie de farofa com carne comum no Sertão) e eu comi. Mas o mais esquisito mesmo foi “Teiú ao molho de leite de coco” – para quem não sabe teiú é aquele lagarto imenso que vive na Caatinga e foi servido como grande iguaria na casa de um senhora lá em Delmiro Gouveia, Alagoas. Só me avisaram o que era depois que terminei a sobremesa. :/
Você tem alguma mania ao viajar? Tipo colecionar fotos de orelhões, beijar o chão ao chegar, etc.?
Manu: Tenho 3, mania de colecionar sabe? Uma é postais, coleciono de tudo, inclusive de propagandas e exposições… e tenho inclusive de lugares que não conheço como San Fran, trazidos por meu pai… são mais de 80 só de lá. 🙂 As outras são os livros das exposições que visito e fotos de paisagens que eu mesma tiro, adoro!
Qual sua trilha sonora preferida durante uma viagem? Alguma música em especial?
Manu: Depende do lugar. Daqui de Salvador para Teresina é quase sempre forró, para ir entrando no clima… rsrs. Para o Rio é Martinho da Vila, Zeca Pagodinho. Mas a que marcou mesmo foi “Wonderwall” do Oasis durante a estada na Europa… eu e minhas amigas cantando a plenos pulmões em Munique, realmente é inesquecível (principalmente para quem estava ouvindo… rsrsrs).
Qual o souvenir mais exótico que já trouxe de algum lugar?
Manu: Hummm… acho que foi uma piranha embalsamada lá de Teresina, Piauí. Eu era criança e aquilo para mim era assustador. Tanto que trouxe e coloquei num lugar que eu não olhasse muito para ela.
Para finalizar esta entrevista, uma dica sua especial.
Manu: Seja numa grande metrópole ou num vilarejo, procure sempre ver mais que ser visto. Ouvir mais que ser ouvido. E nunca dispense a companhia dos mais velhos, pois eles sempre têm o que dizer. E como é bom ouvir “causos” de quem já viveu muito!
Que bonito isso! 🙂 A próxima viagem é para…
Manu: São Paulo, mês que vem…
Muito obrigada pela entrevista, Manu!
Boa viagem, Manu! e quem sabe a gente se encontra então… 😉