O artista ítalo-brasileiro Victor Brecheret é um dos mais importantes escultores modernistas do Brasil. Sua obra mais reconhecida, o Monumento aos Bandeirantes, fica em lugar de destaque na cidade de São Paulo.

Monumento aos Bandeirantes, de Victor Brecheret, em São Paulo.
Eu passava diariamente por esta obra quando morava na cidade. Sua imponência e posicionamento sempre ressonaram em mim, por falarem tanto da história da cidade – e do país. Da aventura de “conquistar” o interior, o desconhecido. Um pouco da minha sensação na época em que cheguei em São Paulo compartilhava o sentimento de “conquistar” o desconhecido, de me reconhecer numa nova cidade. Por isso a escultura foi marcante para mim.
Pois é um alento nostálgico que em Honolulu, onde hoje moro, haja também uma escultura do mesmo artista. Brecheret foi contratado para desenhar o túmulo da família Smith Dillingham. O patriarca da família, Walter Dillingham, foi um dos barões da indústria imobiliária havaiana no final do século XIX, quando o Havaí ainda era um reino. Os Dillingham eram patronos das artes. Principalmente conectados com o modernismo de inspiração clássica, algo que era o forte de Brecheret.
Não é muito claro como Brecheret encontrou os Dillingham. Mas fato é que a família encomendou uma obra dele para seu “descanso eterno”, uma homenagem peculiar.
Onde está a obra do Brecheret em Honolulu

Obra de Brecheret feita por encomenda, em um cemitério de Honolulu.
A obra se encontra no cemitério de Nuuanu, perto do centro da cidade. Logo na entrada do cemitério à esquerda, um dos maiores mausoléus é da família Dillingham, envolto por uma cerca viva. Entre duas árvores frondosas, podemos admirar a obra do brasileiro no meio do Havaí.

Detalhe da escultura no túmulo dos Dillingham.
O Brecheret do Mausoléu dos Dillingham não é uma obra emblemática como o Monumento aos Bandeirantes de São Paulo. Mas esta singela conexão artística entre São Paulo e Honolulu é um dos #pequenosprazeres e curiosidades da cidade. Para quem curte arte modernista (e não se importa em visitar cemitérios), é uma recomendação de encontro rápido e gratuito com uma obra inusitada do incomparável Brecheret num local ainda mais inusitado, no meio do Pacífico.
Tudo de bom sempre.
P.S.
- Este post é dedicado à Daisy Peccinini, curadora do Instituto Victor Brecheret, que revelou esta surpresa havaiana do artista brasileiro em seu livro sobre o artista.
- No 119º aniversário do nascimento de Brecheret, o Google fez um doodle muito bacana em homenagem ao artista. Não é uma fofura?