Dumaguete é uma festa marinha!

por: Lucia Malla Ásia, Filipinas, Ilhas, Mallices, Mergulho, Viagens

A chegada em Dumaguete, outra cidade filipina que visitamos, foi tranquila. Era a segunda vez que visitávamos, então a sensação de “já vi esse filme” foi inevitável. Sabíamos por exemplo, como evitar os carregadores de mala na entrada do aeroporto. Sabíamos o caminho pro nosso hotel, o Atlantis Dive Resort. Sabíamos o cheiro do lugar. Sabíamos, principalmente, do calor tropical úmido escaldante. E que no dia em que chegamos, estava de lascar mesmo. Reconheci logo de cara nosso antigo divemaster, o Glenn, que gentilmente nos esperava.

Em Dumaguete

Dumaguete é uma cidade pequena e ajeitadinha da ilha de Negros, nas Filipinas. Tem a cara típica de cidade filipina. Povo simpático, jeepneys e outros improvisos automobilísticos nas ruas.

Aliás, improviso é a marca do povo filipino pra tudo. E em Dumaguete, não é diferente: casas, carros, ruas, ruelas, bicicletas. Mas nada que desponte. Sua maior beleza, afinal, está embaixo d’água, acessível apenas com um tanque de ar nas costas.

Praia de Dumaguete - Filipinas

Praia de Dumaguete, quase deserta.

 

O mergulho em Dumaguete

No hotel, mal chegamos já vestimos nossas roupas de mergulho e resolvemos nos arriscar no “recife da casa”, como é chamado o coral que fica na frente do hotel. Mais uma vez, o mesmo filme: sabíamos da imensa biodiversidade daquele “marzinho” que olhando de longe, ninguém dava nada. E aquele mergulho foi uma sucessão de animais novos pros meus olhos. Incluindo aí a famosa ostra gigante, que eu sempre quis ver de perto. E ela não só me “viu”, como fez o abrir-e-fechar de sua concha na minha frente – que mágico!!! Um mundo de diferentes peixes e invertebrados, entre muitas espécies de coral.

Em termos de mergulho, Dumaguete é classe A para o chamado “muck diving” ou “mergulho na lama”. Isto porque a riqueza da biodiversidade de Dumaguete encontra-se na areia do fundo do mar, e as pessoas mergulham atrás de bichos que fazem suas toquinhas dentro da areia. Uma fauna completamente única e adaptada principalmente para a camuflagem na areia.

Inesquecível crinóide

Das coisas mais viajantes que vi na “lama” de lá, ficou marcado o crinóide nadando. Crinóides são animais que se parecem plantas: sésseis, sempre parados com seus “galhos” movimentando-se de acordo com a corrente de água. Em um dos mergulhos, um crinóide nadava (!) e eu pensei: “Gente, é verdade, ele é mesmo um animal!“

Crinóide - Dumaguete - Filipinas

O crinóide nadando na nossa frente, cena rara de se ver. Simplesmente lindo.

(Pensei, porque lembre-se, mergulhando, se você abre a boca pra falar qualquer coisa, deixa de respirar e engole água – ou seja, se afoga. Mergulhar é um ótimo exercício para aprender a moderar suas expressões e eu aconselharia a atividade para qualquer pessoa que queira testar sua capacidade de expressar-se sem palavras – e ser entendido.)

O crinóide nada como um animal (que é, obviamente), e é muito coordenado. Embora careca de saber que o crinóide era um animal mesmo, foi inevitável fazer uma cara de “UAU!” com seus movimentos.

De volta

Moréia - Dumaguete - Filipinas

Uma enorme moréia na areia achando que se escondia bem no meio das plantas aquáticas – claro que a encontramos.

Peixe labrídeo

Um peixe labrídeo de uma espécie exclusiva do Pacífico, com suas multicores fascinantes.

O divemaster principal, dessa vez, foi um dos caras mais figuras de mergulho que conheci. Mike, um canadense, 35 anos de incontáveis mergulhos logados (ele devia ter uns 50 anos). Ficava fazendo experimentações viajantes embaixo d’água, como bolhas em círculo – iguais àquelas que os fumantes fazem com a fumaça liberada pelo cigarro. Caía de cabeça na água, com tanque e tudo – dizem que por isso perdeu os cabelos da cabeça. (Isso é uma piadinha sem graça, ok?) Mas o Mike era pirado, pirado.

Em Dumaguete pela segunda vez, sabíamos de tudo ao nosso redor. Tudo era um velho filme, apenas readaptado para lentes digitais ávidas de mais estranhezas animais. E cheio de cenas novas, cada vez mais interessantes. Um filme cujo trabalho de conservação e investigação, na realidade, apenas começou.

Tudo de bom sempre.

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