Para quem não sabe, uma das 100 pessoas mais influentes de 2006 pela eleição da revista Time foi um meteorologista: Kerry Emanuel, professor do MIT, em Boston. E por que ele está lá? Porque seus estudos tentam entender o motivo pelo qual os furacões têm se intensificado no mundo, principalmente no Atlântico. O artigo que Kerry Emanuel publicou na Nature (link em pdf) meses antes do Katrina destroçar New Orleans tornou-se literatura básica para qualquer discussão científica decente sobre aquecimento global e furacões que se queira ter. Ele calculou, teorizou e hoje é citado pelos 5 cantos do planeta como o grande idealizador do modelo que dita que a atividade humana é, em parte, responsável pela intensidade dos furacões.

Tempestade que se forma no futuro humano.
Ano passado, eu assisti a um programa no Discovery Channel que hipotetizava sobre um super-tufão em Hong Kong – e lá estava Emanuel explicando tintim por tintim como essa tragédia se desenvolveria na atmosfera e o que causaria nos arranha-céus da cidade.
Essa semana, Chris Mooney está blogando diretamente da Reunião Anual da Associação Americana de Meteorologia, e relatou em seu blog a palestra de Kerry Emanuel. Um pedaço me saltou aos olhos:
“Emanuel was a party to that consensus statement, but of course he has his own views. And it’s clear that although at present he hasn’t won over all of his fellow scientists, he still thinks global warming is playing a significant role in increasing the power dissipation of hurricanes, especially in the Atlantic. (Emanuel showed yesterday that the data are much more contested for the Northwest Pacific.)”
Embora todos os pesquisadores sejam relutantes em dizer preto no branco que a o aquecimento global é o responsável (direto ou indireto) pelo aumento da intensidade dos furacões, percebe-se que Emanuel está claramente decidido em sua resposta. Vale notar também no post de hoje do Mooney outra constatação:
“More recently, though, Holland and his co-author Peter Webster of Georgia Tech have gone further and, in a new paper (PDF), asserted that in the Atlantic, an increase in tropical cyclone numbers over the past 100 years is indeed being caused by global warming’s heating of the tropical ocean. As the paper puts it: “It is concluded that the overall trend in SSTs and tropical cyclone and hurricane numbers is substantially influenced by greenhouse warming.” The paper further argues that although the proportion of major to minor hurricanes has not changed in the Atlantic, there are more of the strongest storms just because there are more storms in total.”
Ou seja, não só a intensidade, mas o número de furacões que se formam no Atlântico aumentou em função do aquecimento global.
É claro, ainda há discussões no meio científico sobre a parcela exata de culpa das emissões de CO2 nesse fenômeno, mas é quase certo que há uma parcela – existem outros fatores que influenciam a formação dos furacões, como temperatura da água do mar, o El Niño, correntes atmosféricas, etc.
Resta a nós ficarmos atentos ao que os próximos artigos de Emanuel e de outros grupos importantes da meteorologia podem acrescentar à discussão, que já está pra lá de quente.
Tudo de bom sempre.
(Também postado no “Faça a sua parte”.)