A primeira vez que pisei em São Paulo foi aos 15 anos, quando ganhei de presente de aniversário uma ida a Bienal do Livro no Parque Ibirapuera. A garoa reinante no final de semana que lá estive não foi suficiente para tirar o clima de festa da leitura que minha mente registrou. São Paulo era então comemoração.
Anos mais tarde, me encontrei novamente na cidade, dessa vez com um objetivo claro: fazer meu mestrado. Objetivo não-declarado: ser apenas um número na multidão. Entre o passeio de garota e a moradia de adulta, eis decerto um mundo de acontecimentos, aventuras e desventuras. São Paulo era então respiração.
O mundo deu mais voltas. E eu saí da cidade, mas não deixei de carregá-la no coração. Cada esquina da Vila Madalena conta um pedaço de história dos dois anos que passei ouvindo Júpiter Maçã, comprando flores na feira da Mourato Coelho e pegando o antigo ônibus intergaláctico Barra Funda-USP – quando ele passava, é claro.
Hoje, quando eu volto ali, é essa sensação nostálgica que me arrebata, primordialmente. Afinal, a cidade não pára, e eu estou, não-vivendo nela, deixando passar idéias, eventos e interações que a cada segundo se renovam. A cidade me escorre entre os dedos, e não tem nada embaixo da minha mão que a segure. A vida continua. São Paulo é desvairada agitação. São Paulo é constante ebulição. É a metrópole por opção. São Paulo é platônica paixão.
São Paulo é.
Tudo de bom sempre à cidade mais vertical do Brasil em seu aniversário.