Sexta Sub: da alegria à tristeza no Arquipélago de São Pedro e São Paulo

por: Lucia Malla ASPSP, Brasil, Oceanos, Sexta Sub

A semana começou com a boa notícia que recebi via twitter de que o Brasil havia ampliado consideravelmente seu quinhão de reservas marinhas. Incluiria nesta nova área de conservação os rochedos do Arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP) e as Ilhas de Trindade e Martim Vaz. Merecidamente: ambos os pontos precisam desta proteção pra ontem.

E o Brasil passaria a ser exemplo mundial na proteção dos oceanos. Com uma incrível extensão de 92 milhões de hectares do Atlântico protegidos. Sairia de míseros 1.5% de área marinha protegida para incríveis 25%. Um valor que é muito acima da meta global de 10% do mar preservado. Seria, portanto, o alívio para dezenas de espécies ameaçadas pela pesca predatória.

Sexta Sub - da alegria à tristeza no Arquipélago de São Pedro e São Paulo

Redefinição da reserva marinha do Arquipélago de São Pedro e São Paulo

Mas aí… Claro que a boa notícia que encheu meu coraçãozinho marinho de alegria não demorou muito a ganhar tons cinzentos de tristeza e decepção. Porque o governo federal brasileiro resolveu, no último minuto, na hora de fechar os finalmentes, redesenhar os limites destas áreas de preservação – provavelmente pela pressão da indústria pesqueira. Este redesenho acarretou que, nas proximidades do Arquipélago de São Pedro e São Paulo, boa parte do mar ao norte esteja aberto às atividades extrativistas de pesca, com um pedaço pequeno apenas sob proteção.

Entendo que “alguma preservação” é melhor que “nenhuma preservação”. Afinal, pelo menos um pedaço do Arquipélago está agora protegido. Mas… fica um gosto agridoce na boca, aquela sensação do que queria ser e não foi, de que a decisão do governo poderia ser mais ambiciosa. Colocaria o país num outro patamar de defesa do ambiente, dentre as nações que estão liderando a conservação marinha.

Para o ambientalismo brasileiro, eu acho que foi uma pequena derrota – mais uma dentre tantas já acumuladas nos últimos anos. Uma tristeza, enfim.

Tudo de mar sempre.

 

 



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