Via BoingBoing me chega aos olhos um website com um serviço pra lá de bizarro: removedor de turistas de fotos. Sim, sabe quando você se depara com um monumento lindo numa cidade que está visitando pela primeira vez, quer tirar a foto para registrar o momento, e tem sempre uma pessoa ou um carro passando, “atrapalhando” a sua foto? Pois o TouristRemover se dispõe a limpar as fotos.
Particularmente, uma idéia interessante, mas de relativa dificuldade operacional. De acordo com o site, você precisa tirar várias fotos numa mesma posição, com tripé e com a mesma iluminação – ou seja, mesmo horário do dia – e depois colocar todas no site deles, que de alguma forma mágica “interpolativa” a foto resultante capturará apenas o que não se move de todas as fotos – ou seja as construções.
Eu até entendo a necessidade desse serviço para muitos fotógrafos e curiosos, e óbvio, entendo quando a “invasão” da foto se dá por uma cabeça ou uma perna de alguém que não prestou atenção aos arredores – aí vale realmente a pena tirar o “pedaço” de pessoa da foto. Mas a idéia no geral não me compra. Tenho bastante paciência, em geral espero diminuir o número de pessoas ao redor para bater a foto onde quer que esteja, mas se o tempo é contado, a foto fica com aquelas pessoas mesmo no background – muitas vezes no foreground. E se acho que a pessoa interfere demais na cena, que realmente a foto sem ela ficaria melhor, nada que o Adobe Photoshop não limpe depois.
Entretanto, pessoas adversas na foto algumas vezes nos mostram um pouco do ritmo e atmosfera da cidade, do local ou do momento. Como ir a Paris e não pegar sem querer numa foto um senhor bem-vestido num café lendo jornal? Ou visitar a Coréia e não pegar distraidamente um jovem ultra-tecnodogmatizado falando em seu celular de última geração? Essas fotos registram muito mais que apenas pessoas “atrapalhando” um cenário ou momento, bonito ou interessante. Registram o dia-a-dia, que no planeta em que vivemos, habitado também por seres humanos, refletem um pouco da nossa natureza tão camaleônica.
Acho que eu prefiro deixar a tarefa de remover “turistas” fotográficos por conta do Photoshop mesmo. E só em casos extremamente necessários, quando eles ao invés de revelarem algo, apenas queimam o filme da foto.
Tudo de bom sempre.
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Resolvi brincar com o Photoshop em 2 fotos onde as pessoas estão aparentemente “atrapalhando” o cenário – mas sem exagero. Descontado o fato que meu manejo do Photoshop é bastante tosco, não gostei do resultado final: na primeira foto, perde-se o feeling de “momento de sorte” que a foto passa, quando uma baleia jubarte de repente aparece perto do barco; na segunda, perde-se um traço cultural presente na foto, o fato de que as pessoas vão à praia de roupa aqui na Coréia, mesmo em pleno verão (a foto foi tirada na praia de Haeundae, em Busan).