Uma verdade inconveniente para 2007

por: Lucia Malla Antigos, Cinema, Comportamento, Ecologia & meio ambiente, Mudanças climáticas

Foi dada finalmente a largada para 2007 neste bloguinho malla. O meme de ontem foi apenas aquecimento para o outro aquecimento a que quero me dedicar mais nesse Ano Internacional Polar – e convido vocês a me acompanharem nessa viagem também. Por ser um aquecimento global, requer mais envolvimento das pessoas, mais comunidade. E o que é a blogosfera senão uma “comunidade” virtual de conversa, entretenimento e aprendizado, não é mesmo? Discutir essa verdade inconveniente que vem permeando minha caixola e a de muitas outras pessoas, que apesar de preocupadas com o futuro do nosso planetinha azul, estão otimistas de que acordaremos para a realidade. Eis o desafio de 2007 e dos anos que virão.

Começo com uma retratação pessoal. Comentando sobre a lista das pessoas mais “verdes” feita pelo Guardian, escrevi num post abaixo:

“Gostei de ver o nome de Stephen Jay Gould também, mas confesso que a nona posição para Al Gore me incomodou bastante.”

Preciso retirar o que disse – para alívio (acho) do Fernando, que ficou intrigado com meu comentário. No momento em que li a reportagem, eu ainda não tinha assistido ao documentário-cruzada de Al Gore, mostrando sua tentativa de educar a população sobre os riscos do aquecimento global. Aliás, sobre o fato de que ele está aí, batendo na nossa porta. Há pessoas ainda que não querem atender à porta e fingem não escutar a campainha. Por essas, eu quero continuar lendo e compartilhando informações sobre o assunto. Porque o aquecimento global é fato, e praticamente todas as decisões que fizermos como população humana daqui pra frente precisam levar em consideração esse fator na equação. Al Gore está certíssimo e merece mais que a nona: merece estar entre os top 5 de figuras mais verdes do planeta, pela sua intenção nobre, pela sua atitude, por estar efetivamente fazendo algo, e não sentado apenas reclamando da vida em inércia improdutiva. Eu sei, ele é político, pode muito bem estar demagogicamente usando isso a seu favor para uma futura campanha eleitoral – embora eu desconfie que não. E se até os grandes especialistas em aquecimento global o elogiaram e digeriram seu documentário de maneira científica e bela, realmente só resta aos de bom-senso concordar de que ele está eficientemente trazendo ao público leigo um tema nada palatável. O filme – que ganhei de presente de Natal – me fez correr atrás de informações novas, e só pelas diferentes questões que instigou, já tem seu mérito, assim como Gore.

Para muitos, há uma visão catastrofista na abordagem feita pela mídia e afins sobre aquecimento global – virou “palavra da moda”. Eu até concordo que muitas vezes misturam-se causalidades e efeitos numa só salada indigesta, mas o acúmulo de dados que provam que a Terra está se aquecendo anomalamente nos últimos tempos é tão mais robusto que os argumentos contrários, que só me resta acreditar que as pessoas preferem culpar a visão catastrofista por desprezo total pelo futuro (atitude tipicamente suicida) ou por medo (consciente ou não) do que vem pela frente. O pior cego é aquele que não quer ver, já dizia o ditado. Mas, ao invés de nutrir medo e negar os dados que mostram que o aquecimento é uma realidade (não leva a muita coisa saber quem veio primeiro, o ovo ou a galinha), muito melhor seria se discutíssemos o futuro incluindo o aquecimento na equação do mundo e fizéssemos a nossa parte, um pouquinho cada um. Eu acredito no efeito formiguinha, e é com esse otimismo de que em 2007 poderemos dar início a um processo de conscientização ecológica global que eu saúdo a todos que passam por aqui.

Tudo de bom sempre no admirável mundo novo e quente.

(Assistam a “Uma verdade inconveniente”: vale a pena.)

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*Esse post é a parte 1 de sei-lá-eu-quantos sobre aquecimento global que estou me auto-desafiando a divulgar neste ano de uma maneira mais simplificada. Escrevendo, organizo mentalmente as minhas viagens na maionese global e compartilho um pouco do que tenho lido sobre o aquecimento: aprenderemos juntos, porque o tema é árduo, desgastante e preocupante. Fica o convite para essa aventura aos amigos que quiserem me acompanhar.



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