Elementar, meu caro Watson!

por: Lucia Malla Europa, Inglaterra, Livros, Viagens

Londres é uma festa – e eu não me canso de repetir esse chavão. Mas também é reconhecida por seus mistérios diversos. Jack, o Estripador é o mais famoso deles, e o que particularmente mais me fascina. Entretanto, foi um mistério “fictício” que me entreteu numa tarde de terça-feira por lá. Mais precisamente, em Baker Street, número 221b. Londres também é a casa de um dos meus detetives prediletos de livros de história policial. Elementar, meu caro Watson: é onde fica o Museu Sherlock Holmes.

Por isso, ao sair da estação de metrô Baker Street em Londres, não pude deixar de me alegrar ao ver a estátua do detetive no meio da calçada. A certeza de que a cidade alimenta o mito da forma que ele merece. E, é claro, como fã, parei para tirar uma foto ao lado da tal estátua.

De cara com Sherlock Holmes

Elementar, meu caro Watson! - Estátua do detetive Sherlock Holmes - Londres
Uma Malla em Baker street.

Dobrei a esquina. Tarde ensolarada e ligeiramente fria. Já estava em Baker Street. Andei pela rua até o número 221, tombado pelo patrimônio histórico britânico e famoso por ser a residência fictícia de Sherlock – fictícia para quem acha que a imaginação não conta, é claro. Para mim, residência tão real quanto o castelo de Buckingham. Se não mais, já que nenhuma ligação emocional que a família real pudesse me proporcionar se compararia às memórias de adolescência que tenho lendo as obras de Sir Arthur Conan Doyle.

Sherlock me trouxe, junto com Poirot de Agatha Christie, a necessidade do questionamento constante, o aguçar do pensamento lógico, a importância da boa observação dos fatos, o prazer da pesquisa e, em última instância, da ciência. “O Cão dos baskervilles” ainda é minha obra predileta, mas nada se compara às indagações constantes do Dr. Watson, o fiel escudeiro do detetive. Elas para mim davam o gosto e o tom da leitura, em todas as histórias do detetive.

Visita ao Museu Sherlock Holmes em Londres

The Sherlock Holmes Museum - 221 Baker Street - Londres
Em frente ao famoso número 221. Momento sonhado por muitos anos, em tardes ganhas lendo aventuras detetivescas…

Ao chegar no museu Sherlock Holmes, um guarda vestido a caráter século XIX abre-nos a porta para o 221b, residência oficial de Sherlock – após comprarmos o ingresso na lojinha do museu, que fica no 221. O museu é minúsculo e bastante simpático – em pouco menos de 1h já tínhamos acabado de visitá-lo. Um pouco claustrofóbico, mas qual casa na Inglaterra antiga não deveria ser? Cheio de memorabilia do detetive, resquícios de casos e tudo nos conformes, como descrevia Sir Conan Doyle.

Mas o mais interessante: um figurante fazendo as vezes de Dr. Watson, o querido parceiro de Sherlock. Que faz questão que tiremos muitas fotos, dele e dos objetos ali presentes. Me agarrei logo à lupa famosa, e pude deitar no divã de Sherlock por alguns momentos, refletir sobre (a falta de) limites da imaginação humana.

Dr. Watson - Museu Sherlock Holmes
Elementar, meu caro Watson! Com Dr. Watson, em momento exaltado de fã.

Como é a visita ao Museu Sherlock Holmes

Um pedaço da memorabilia em exposição no museu, objetos que “pertenceram” a Sherlock Holmes.

No primeiro andar, a sala onde ambos discutiam casos, Sherlock fazia suas análises químicas e estudava. Seu divã. No segundo andar, o quarto de Dr. Watson e de Mrs. Hudson. No terceiro andar, a exibição de modelos de cera dos personagens mais marcantes – incluindo vítimas de crimes.

Recado de um livro de Sherlock Holmes
Um recado descrito em livro de Sherlock e exposto no museu.

Confesso que ficava esperando a qualquer momento professor Moriarty dar uma piscada para mim, de tão realistas que são as imagens. E no sótão da casa, a bizarrice da casa: o banheiro, com uma prateleira enorme sobre a porta contendo as malas de viagem de Sherlock. Achei estranhérrimo armazenar malas perto da privada, principalmente porque não havia falta de espaço na casa. Coisas de Sherlock.

Livro de assinaturas - Museu Sherlock Holmes - Londres
Minha nada imaginativa assinatura no livro de visitas: já que era pra viver o mundo fictício, tentemos nos comportar como tal.

Após o passeio feito, assinei o livro de visitas. Hora de ir embora, mas com a pulga atrás da orelha. Afinal, quem será que morou oficialmente nessa casa no final do século XIX? Será que Doyle se inspirou em alguém real? Mistério que só o próprio Sherlock poderia explicar um dia, se ainda estivesse vivo. E esquizofrenicamente não está, na nossa imaginação coletiva?

Elementar, meu caro Watson!

Tudo de bom sempre ao mais famoso detetive do mundo.

P.S.

  • Estou devendo a mim mesma e a todos que me dão a honra da visita mais relatos sobre a minha ida a Londres em outubro. Foram muitas atrações legais, muitos momentos mágicos – alguns já relatados em posts passados. Mas falta a visão de uma viajante andarilha que nunca tinha ido à essa capital do mundo antes, a opinião sobre a primeira vez pisando em ruas até então apenas lidas em guias de turismo. A perspectiva do novo. E são, portanto, esses posts que pretendo publicar por esses dias.


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