Algumas pitadas. Hoje é o primeiro dia do ano para os seguidores do calendário lunar – parte considerável da Ásia, por exemplo. Estamos entrando no ano do Cachorro, que, de acordo com o zodíaco chinês, inspira lealdade tanto pessoal como geral. E, num momento em que até a Forbes Magazine tem uma reportagem sobre as previsões pro ano do cachorro no mundo dos negócios, imagine os demais elementos da sociedade asiática. O Ano Novo Chinês é definitivamente uma data pra lá de importante aqui.
É o mais esperado feriado do ano, e de acordo com a tradição, deve ser passado com sua família. Por causa dessa tradição, ocorre nesse período a maior movimentação de gente na face da Terra, mais que a migração anual a Meca. (Apesar de eu achar que também há um pouco de hype da mídia, já que ano passado, quando chegamos em Hong Kong em plena véspera de Ano Novo, o aeroporto estava vazio, contradizendo tudo que havíamos lido sobre viajar na época.)
Mas fato é que desde sexta-feira há algo diferente no ar. Um clima similar ao encontrado no Brasil na sexta-feira véspera de carnaval, quando todos parecem entrar num transe coletivo que só evanescerá quando o feriado terminar. Numa demonstração clara da importância da data, as empresas e escritórios tradicionalmente dão presentes a seus funcionários, e eu ganhei um conjunto de cremes e xampus deliciosos nesse ano, que já estão devidamente sendo usados.
No último mês, tem passeado pelas ruas de Seul o caminhãozinho do Google. A gigante da informática está muito preocupada por não ter espaço numa sociedade tão informatizada. Afinal, apenas 4% dos coreanos usam o Google para fazer busca. Os sites mais requisitados daqui são o portal Naver e o Yahoo!Korea, por motivos que só o randomismo do mercado pode explicar. Enfim, apesar de ter cedido às pressões do governo chinês e construído o apelidado “great Firewall of China”, parece que é o vizinho da península de baixo que incomoda e leva ao questionamento da própria empresa.
Se lembrarmos que Seul é a cidade com mais pontos de wifi no planeta, que a sociedade coreana é amplamente digitalizada e familiarizada com a Internet, e que a produção de tecnologia aqui é uma das marcas mais fortes da economia, perceberemos que o Google realmente deve estar de cabeça quente tentando compreender em que falharam na Coréia do Sul. Será que eles acham a resposta? Aguardemos se a estratégia do caminhãozinho funciona.
Várias são as comidas típicas coreanas nessa época, mas sem dúvida é o bolinho de arroz a presença mais constante e forte na mesa das famílias. Eu particularmente acho os bolinhos muito sem-graça de comer, embora reconheça que há toda uma tradição por trás da confecção dos mesmos que os faz tão importantes. Talvez umas pitadas de sal ajudariam. Mas são muito bonitos de se ver. Feitos com corantes naturais, funcionam como decorações culinárias delicadas e coloridas para alegrar a criançada.
Tudo de bom sempre. E Feliz Ano Novo Chinês para todos!
P.S.
- Para ler mais relatos e pitadas do cotidiano de vida na Coréia do Sul, no período de quase três anos em que lá morei, siga este link.