Island Hopper é como todo mundo que vive aqui pelo meio do Pacífico chama o vôo da (monopolista…) United Airlines que, duas vezes por semana, vai e volta, de Honolulu a Guam. Este vôo vai passando e parando por boa parte das ilhas do Pacífico, principalmente pela Micronésia. Traduzindo, o Island Hopper é um pinga-pinga aéreo pelo azul do mar. E claro, apaixonada por ilhas que sou, desde que me entendo por gente mudei pro Havaí, sonho em pegar tal rota.
O trajeto básico do Island Hopper é o abaixo.
Sai de Honolulu de manhã -> 5h depois pousa em Majuro (Ilhas Marshall) -> 30min depois pousa no atol de Kwajalein (Ilhas Marshall, o atol é uma base americana) -> cerca de 1h depois pousa em Kosrae (Estados Federados da Micronésia, ou FSM) -> cerca de 1h depois pousa em Pohnpei (FSM) -> cerca de 1h depois pousa em Chuuk (FSM) -> 3h depois pousa finalmente em Guam (já de noite).
A volta é o trajeto reverso pelas mesmas ilhas do Pacífico.
Os aeroportos dessa aventura são, exceto o de Honolulu e Guam, todos pequenininhos, praticamente pistas de pouso. O de Pohnpei está sendo expandido, mas mesmo assim ainda é bem modesto.
Embora para islomaniacs como eu este vôo seja um delírio só, é um percurso que leva o dia todo. Portanto, ironicamente cansativo. As distâncias entre os atóis não são tão grandes para você conseguir descansar mas também não são tããããão curtas. A cada parada em solo, gasta-se cerca de 1 a 2h para embarque e desembarque, limpeza, procedimentos de segurança, etc.
Em algumas ilhas do Pacífico, eles fazem todos os passageiros saírem do avião para revista geral. Aí depois todo mundo então entra de volta. Como na maior parte das ilhas, este é o único vôo do dia, todo o ritual teatral do TSA toma ares de “evento especial”. Talvez pelo tamanho da operação que se arma, ou quem sabe seja pelo tamanho do país e sua influência no mundo (que tende a infinito negativo), fato é que é muito irônico ver os passageiros, ilhéus ou turistas, desembarcando sob o olhar curioso e festeiro das crianças locais. Aliás, sendo recebidos com artesanato e doces caseiros no lobby do aeroporto, enquanto esperam os policiais terminar o serviço de “ser durão” na segurança do país.
A única forma de se chegar a Pohnpei na Micronésia é pegando o tal do Island Hopper. Então foi o que fizemos em janeiro, quando tiramos 10 dias de férias e fomos visitar esse pedaço remoto do planeta. Como perdemos o vôo por conta da desorganização da empresa aérea, eles terminaram nos mandando para Guam num vôo direto, e nós terminamos pegando o Island Hopper no sentido reverso, voltando pra Honolulu.
Quando saímos de manhã cedinho de Agana, em Guam, a vista aérea do aeroporto era esta aí debaixo.
Umas 2 horas de vôo e começamos a ver umas ilhas espalhadas pela imensidão azul.
De repente da janelinha a gente vê uns atóis…
Opa! Já dá pra ver a ilha principal de Chuuk!
Aterrisamos. 1a parada: aeroporto de Chuuk, Micronésia.
Procedimentos de segurança. Um calor inacreditável adiciona moleza aos passageiros. Alguns cochilam improvisadamente. Outros passageiros, provavelmente locais em trânsito pelas ilhas, passam o tempo mascando betel nut.
Duas horas depois, decolamos. Mais atóis pelo caminho.
Você sabe que está chegando em Pohnpei porque em determinado trecho sobrevoa este coração no meio do mar… [Suspiros apaixonados]
Opa! Já dá pra ver a barreira de corais que circunda a ilha principal!
Chegamos em Pohnpei. O aeroporto estava em reformas – estão construindo um novo terminal, o que na Micronésia significa apenas adicionar mais uma casinha ao redor da pista de pouso. 😀
(Brincadeiras à parte, está ficando até bacaninha a adição…)
Passamos então 10 dias em Pohnpei. Na volta para casa, pegamos o mesmo Island Hopper, sentido Honolulu – ou seja, continuamos o trajeto.
Depois da decolagem, em pouco mais de uma hora começa a aparecer na janelinha a ilha de Kosrae, outro estado federado da Micronésia, cuja barreira de corais é bem mais próxima da ilha principal que em Pohnpei.
Em certos trechos, o mangue praticamente “encosta” no recife de coral. É lindíssimo ver de cima a conjunção destes dois ecossistemas separados por um filetinho de mar!
(Deu uma imensa vontade de nadar ali, diga-se de passagem. Ficou pra próxima.)
Aterrisamos no aeroporto de Kosrae…
… ou melhor, a misteriosa e paradisíaca “terra da Montanha da Bela Adormecida”! 😀
No saguão do aeroporto, diversas barraquinhas de artesanato micronésio, feito com conchas e fibras de côco.
Cerca de uma hora e meia depois, decolamos então de volta. A luminosidade da tarde começa a tomar conta do céu.
Próxima parada: atol de Kwajalein, já nas Ilhas Marshall. Como Kwajalein é uma base militar – portanto, o aeroporto é militar – não podemos fotografar nada em solo. Mas a vista aérea é essa aí debaixo.
“Kwaj” (como os habitantes do Pacífico chamam) é um pedaço de EUA em um atol micronésio, com toda a organização típica militar. A coordenação dos testes atômicos em Bikini, na década de 50, foi feita a partir daqui.
A parada em Kwaj é a mais curta do Island Hopper. Além disso, ninguém desce do avião. Com toda eficiência possível, o avião em menos de 1h levanta vôo de novo, enfim rumo a Majuro, capital das Ilhas Marshall. Já começa a entardecer.
Aterrisamos já à noitinha no aeroporto de Majuro.
Você sabia que o povo marshalhês se autodenomina o “mais amigável do Pacífico”?
No saguão do aeroporto, onde mais uma vez aguardamos o embarque, vemos mais artesanato local. Nas Marshall, este artesanato é sutilmente diferente do que é feito nas demais regiões micronésias, embora utilize os mesmos materiais.
Uma das banquinhas vendia livros sobre a história marshalhesa. O que discorre sobre os testes nucleares é particularmente interessante depois de uma boa folheada. Termino comprando. (Relata detalhes sórdidos de toda a “experiência” nuclear americana sob o ponto-de-vista marshalhês. Imperdível.)
Enfim, embarcamos no Island Hopper para a esticada final lá pelas 9 da noite.
5 horas de vôo, 3 casas de fuso, muitos momentos antropológicos e paisagens azuis espetaculares depois, aterrisamos afinal em Honolulu às 5 da manhã.
E, só pra não perder o costume, de volta a uma ilha. 🙂
Tudo de bom sempre.
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Imagino vc pregada na janelinha ne?
Me diga , o atol de kwaj nao tem turismo?
Só militar mesmo?
Bjo
Luluzita, nem dá pra entrar em Kwaj se vc não tem o permit que os militares te dão... é considerado solo americano de acesso restrito. Uma pena, pq o mergulho tem cara de ser bom...
Sabe quando a gente é criança, e sonha um dia rodar o mundo, ser pirata, ou terminar numa ilha deserta a lá Crusoé? Senti tudo isso com essa história e essas fotos! Além de uma inveja sem precedentes! Sensacional! Beijos
Maninho, vc me fez ficar vermelha hidrante! :)))))
Obrigada de coração, meu querido, pelas palavras q significam tanto p/ mim. Um beijão!
Obrigada, Antonieta! Seja bem-vinda às minhas viagens - reais, virtuais e na maionese. :)
Adorei o título do seu blog!
Lindas fotos das ilhas.Que viagem maravilhosa.
Parabéns.
Abraços,
Antonieta.
Belíssima e curiosa viagem.....Vou pesquisar mais sobre o assunto....Grande abraço p você, seus amigos e....muito boas viagens sempre !!!!
Obrigada!!! :)