Espírito Santo

A volta de uma baleia encalhada

Em 2008, escrevi um post aqui no blog contando sobre o encalhe de uma baleia na década de 70 na praia de Itapuã, em Vila Velha – ES. Encalhe este que presenciei criança, e que foi tão marcante que o considero o momento em que decidi que abraçaria a biologia como carreira – claro, sem a definição perfeita do que seria uma carreira, apenas aquele sentimento de que eu queria de alguma forma salvar animais.

Mas até hoje, este encalhe era uma memória apenas. Para mim muito vívida, cristalina, mas ainda assim só concreta nas minhas sinapses.

Até hoje.

Num grupo do facebook, a Xavier Marcelia postou a foto abaixo, tirada no dia em que esta baleia jubarte encalhou.

Fiquei arrepiada quando vi a foto. Porque (re)lembrei de absolutamente tudo. Todo o sentimento que me marcou aos 4 anos, quando vivi esse momento de luta pela vida, voltou com uma força incrível, como se esta cena tivesse ocorrido ontem. A imagem até então etérea agora está registrada no papel digital, para sempre.

Apesar de ser uma cena bastante triste, sou muito grata a quem postou a imagem. Por tornar história um pedaço do que até então era apenas estória na minha vida.

Tudo de lembrança sempre.

****************

– Apenas um fato destoa da minha memória da cena: lembro que o dia estava chuvoso (pelo menos na manhã que vi a baleia). A foto acima foi tirada com iluminação de fim de dia, e estava sol. Talvez eu tenha ido no dia seguinte, porque quando vi a baleia, ela já estava bem mais destroçada, infelizmente.

Lucia Malla

Uma Malla pelo mundo.

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  • Aquela baleia virou atração turística. Lembro que fui levado pelo meu pai, não consegui ver muito porque tinha muita gente na praia. Mas saí de lá com um pedacinho de osso de baleia. Sinapses à parte, sem dúvida é uma lembrança qque fica. E no ano passado fiz o mesmo ritual. Levei minha filha, então com 4 anos ( a mesma idade que eu tinha!) para ver uma baleia encalhada na praia de Interlagos, na Ponta da Fruta em Vila Velha. Os ciclos de vida e morte se repetem.

    • Maninho, que coincidência interessante essa com sua filha! Realmente, uma confluência de gerações. Quem sabe ela não se torna bióloga tb? ;)

  • Vou te falar que ela já me falou isso... disse que quer ser bióloga marinha!!!! Mas diz que é apaixonada por uma espécie bem peculiar... por sereias!

    • Aaaaaaaaaaaa!!!!!! Prepare-se camarada. Porque as sereias logo viram... peixes. Ela vai estudar peixes. :D

  • Oi Lucia. Eu tb estava lá com 4 anos na praia de Itapuã vendo a Jubarte encalhada. Foi no fim da tarde. Por isso o por de sol na foto (alguém tirou foto!). Eu vi seus últimos suspiros (o chafariz no alto de sua cabeça). Depois silêncio e a água vermelha nos meus pés. Alguém com um facão em cima da baleia. Um massacre. Na minha cabecinha um desrespeito enorme com aquele gigante do mar. Imagem q me assombra até hj. Não fiz biologia. Detesto sangue! Porque, né?Queria fazer oceanografia mas na UFES não tinha. Sou psicóloga tentando entender como homem é capaz de destruir o que jamais poderá construir de novo. Tb sou capixaba de coração. Morando atualmente em minha cidade natal Belo Horizonte, mas contando os dias pra voltar pro mar. Amei seu blog! Parabéns!

    • Olá Alessandra!! Puxa muito obrigada por compartilhar aqui a sua visão também deste dia que foi tão marcante! Hoje, podemos avaliar que traçou os rumos de muita gente, né? Que incrível. Um grande beijo capixaba!

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Lucia Malla

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