Aulinha de biologia 1

por: Lucia Malla Antigos, Biomédicas, Ciência, Diabetes, Molléculas da vida

Essa semana estive bastante (pre)ocupada preparando um seminário sobre O-GlcNAc (fala-se “ougluknek”). Para aqueles que não sabem (como eu não sabia até semana passada antes de uma aulinha de biologia), essa é uma das formas a que os açúcares ingeridos por nós na dieta termina integrado a várias proteínas do nosso corpo, entre elas a molécula que permite a entrada de glicose na célula. Ao se acoplar O-GlcNAc na molécula transportadora de glicose, essa não consegue se deslocar para a membrana da célula, impedindo que a glicose do sangue entre. O indivíduo tem glicose à beça circulando no sangue, mas não tem glicose alguma dentro da célula. E aí, camarada, começa o seu problema de diabetes…

Interessei-me por esse tema ao assistir uma palestra no Congresso Coreano de Biologia Molecular semana passada. O palestrante, George Hart, era de Baltimore (EUA), e o lab dele foi um dos descobridores das ações inúmeras que o O-GlcNAc faz no nosso organismo.

Preparando seminário - aulinha de biologia
Preparando seminário

Aulinha de biologia: Diabetes

O diabetes tipo 2 (o mais comum, e reflexo do nosso estilo de vida) leva muitos anos se desenvolvendo no organismo, e as pessoas deveriam saber que uma dieta rica em açúcar, mesmo se você não é diabético, NÃO é saudável. Pois ela pode estar desencadeando a diabetes que você desenvolve daqui a sabe-se lá quantos anos! Não só o açúcar: os estudos mostram que uma dieta rica em gorduras também pode desencadear diabetes tipo 2. Ou seja: nada de torresmo com batata frita regado a cafezinho.

A diabetes tipo 1 é diferente. Bem diferente. Aparece por causas até hoje não muito bem identificadas. Sabe-se que o organismo, de uma hora pra outra, começa a produzir anticorpos contra as próprias células do pâncreas produtoras de insulina (células beta), entrando num processo de rejeição do próprio órgão. As células beta vão sendo destruídas, e em pouco tempo (semanas às vezes), a pessoa se torna dependente de insulina pra viver.

Aliás, essa é outra diferenca marcante: na diabetes tipo 2, diagnosticada cedo, o tratamento pode ser apenas exercício e melhoria de dieta. A pessoa não precisa cortar de vez o açúcar. Pode tambem tomar hipoglicemiantes orais, comprimidos, sem necessidade das injeções diárias de insulina. Na diabetes tipo 1, a insulina é essencial, pois o organismo não produz mais o hormônio.

Depois de escrever sobre isso, dá vontade de jogar esse copo de café (com açúcar!) que está aqui ao meu lado fora… e passar a usar adoçante. Quem sabe? 🙂

Casa de ferreiro, espeto de pau…

Tudo de bom sempre pra vocês!



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