Resposta do desafio malla: o prédio antigo

por: Lucia Malla Amazônia, Amigos de viagem, Antigos, Brasil, Viagens

Inacreditável. Ao mesmo tempo que eu achei que o desafio seria difícil, não imaginava que logo de primeira alguém ia chegar tão perto. Mas chegou. A Rô sugeriu que o prédio ficava em Manaus, próximo ao porto – na realidade, é mesmo perto do porto, mas da cidade de Tefé, segunda maior cidade do estado do Amazonas, que fica a 1h e meia de avião de Manaus, ou a 12h de lancha voadeira. Parabéns, Rô!!! 🙂

(Mapa retirado da Wikipedia, destacando o município de Tefé em vermelho.)

Tefé é considerada uma cidade estratégica pelas Forças Armadas brasileiras devido a sua localização central na Amazônia. Uma das cidades do Comando Militar da Amazônia (CMA), foi escolhida como sede da brigada de infantaria de selva, e é onde os soldados brasileiros fazem os treinamentos pesados de sobrevivência na mata em condições inóspitas de temperatura e pressão. Há quartéis espalhados pela cidade. Como a Amazônia é uma área vastíssima (que engloba desde o Equador, Colômbia até pedaços do Maranhão e Mato Grosso), para determinar seu quinhão, o Brasil precisa manter batalhões preparados para defender a soberania por aquelas áreas, principalmente próximo às fronteiras, caso algum presidente maluco decida ampliar suas terras. A Amazônia não é terra de ninguém, essa é a mensagem que os militares tentam passar.

Porto de Tefé e rua nos arredores do prédio do desafio Malla. A lona azul da segunda foto é onde fica o mercado municipal de peixes, frutas e afins.

Já eu estive em Tefé por outros motivos, muito menos fardados. Tefé é a cidade mais próxima da reserva de Mamirauá, uma preciosidade para a manutenção da biodiversidade no meio do maior corredor verde tropical do mundo. Como fomos a Mamirauá (papo para um futuro post, sem dúvida), tivemos que passar por Tefé.

Em Tefé, tivemos a ótima receptividade da amiga Alline para nos ajudar com dicas – e de excelente quebra, muitas risadas, pizza, filmes e papos deliciosos nos dias em que ficamos em sua casa. A cidade não tem muito a oferecer aos visitantes, já que a maioria só está de passagem. Mas nos poucos dias que lá estivemos, tentamos entender um pouco aquele entreposto militar e comercial no meio da floresta. Tivemos poucas horas na ida e apenas 1 dia e meio na volta para andar por lá.

Tefé está à beira do rio Solimões, mais precisamente no lago de Tefé. Só vendo para entender a dimensão dessa via fluvial, e eu confesso que mesmo tendo todo o conhecimento teórico sobre a área, da importância de sua preservação, etc., as discussões ficam muito mais claras e óbvias quando você vê o tamanho do rio e da riqueza de biodiversidade ali encontrada. É muita água. Mas, como o rio Solimões é de água escura, infelizmente não dá para mergulhar – a não ser que você não se importe com visibilidade de 20 cm.

Porto no lago de Tefé, com um típico barco de viagens pela Amazônia ao fundo. Abaixo, a igreja da praça central da cidade (chavão total).

O porto de Tefé, como se pode imaginar, é a área mais movimentada da cidade. Afinal, praticamente tudo passa por ali para chegar na cidade. O porto é pequeno, com arredores em franca decadência – entre os prédios caindo aos pedaços, o da foto do desafio, que funciona hoje como sucursal de uma paróquia (não me pergunte de quê). Duas peculiaridades entretanto, chamaram a minha atenção: o mercado de peixes e frutas, e as casas flutuantes. Até posto de gasolina flutuante no rio você vê! Muito interessante.

Já no mercado popular, a diversão fica por conta dos vendedores de açaí: por 1 real (!!!!!) você pode comprar um saco enorme de polpa de açaí moída na hora. Chega ainda sai meio “quentinho” da máquina de moer, de tão fresco. Esse açaí moído na hora tem um gosto muito mais forte e amargo que aquele que estamos acostumados a comer no resto do Brasil. E com uma diferença ainda mais gritante: na Amazônia açaí se come com tapioca. Eles acham super-estranho colocar granola, banana e afins. Afinal, açaí é comida de “sustância”, não sobremesa.

Vendedor moendo o açaí na hora, no mercado de Tefé. Abaixo, repare nos saquinhos de açaí no balcão. Cada saco custa só 1 real, e dá pra uma festa de suco de açaí.

Mototáxis abundam nas ruas mal calçadas. Muitos mesmo, numa densidade que eu nunca tinha visto na vida. O mais engraçado é que a maioria deles tem uma alcinha lateral no colete, pro passageiro se segurar. Uma inovação bem simpática. O preço da corrida é barato se comparado aos preços de sul e sudeste, mas é claro, para a realidade dali, deve ser um pouco salgado. A maior parte da população de Tefé é bem pobre.

Malla sem alça: corroborando as leis de Murphy, eu tinha que pegar um dos poucos mototáxis que não tinham a tal alcinha de plástico na lateral do colete… abaixo, dá pra ver um exemplo desse colete em outro taxista.

Com a Alline, para finalizar bem a estadia, fomos ver o pôr-do-sol à beira-rio na sede nova da Sociedade Civil Mamirauá (já tínhamos visitado a outra sede, de ecoturismo, da reserva quando chegamos em Tefé), ainda cheirando a tinta nova. Muitos papos agradáveis, sobre conservação, biodiversidade e afins – quando 3 biólogos se juntam para falar disso, vocês podem imaginar o que acontece… a conversa não quer terminar! A sede é um lugar agradável, com uma estátua engraçada na entrada (supostamente significa todos os povos indígenas…) e projetos que podem fazer a diferença para o futuro da nossa riqueza ecossistêmica. E um redário pra siesta pós-almoço, que ninguém é de ferro naquele calorão amazônico.

A estátua na sede do Mamirauá num belo dia de pôr-do-sol colorido.

Tudo de bom sempre. E muito obrigada, Alline , pela ótima estadia, papos e gargalhadas!!! 🙂

Olha o nosso mega-chapéu de telhado de cabana no blog!!! hahahaha!!



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