Numa das proposições mais interessantes dos últimos tempos na China (pelo menos, a meu ver), o arquiteto modernista Ma Yansong quer transformar o símbolo máximo da política comunista chinesa, a Praça da Paz Celestial em Beijing (onde fica o painel com a foto de Mao Tsé-Tung), num grande parque ou bosque. Suas razões para tal são consideráveis: a área, que recebe a visita de milhares de turistas anualmente, quase não é visitada pelos próprios habitantes da cidade, que a consideram “feia e desagradável”. E eu concordo com os moradores de lá: é, realmente, um monte de prédios cinzas caixotões com inúmeras bandeiras vermelhas. O que salva é a entrada para a Cidade Proibida numa das pontas da praça, mas mesmo lá, aquela foto do Mao vigiando todos que por ali passam é meio assustadora. Se mais verde houvesse por ali, os moradores de Beijing poderiam considerá-la uma área a mais de lazer na cidade, que já anda tão pobre delas – estima-se que apenas 2.8% de Beijing seja verde. E estariam de certa forma trocando o statement político comunista histórico por um statement de política ambiental mais ativo na China.
Acho que eu apóio essa mudança radical (mesmo!) em Beijing. Mas a questão de verdade é se o governo apóia também… pelo que o artigo do Guardian conta, parece que não.
Tudo de bom sempre.
Praça da Paz Celestial, Beijing, umbigo político da China: hoje, vermelha comunista; amanhã… verde? Sonhar não custa nada…
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– Publicado também no Faça a sua parte.