Estamos de visita a Kona, fazendo um roteiro pela costa oeste da Big Island para ver a fauna marinha.
Mas uma pulga persiste em minha orelha. Até hoje não descobri, aliás, por que a cidade de Kona também é conhecida como Kailua-Kona. Muitas vezes, veremos escrito Kailua-Kona. Saibam portanto que, na prática, é o mesmo que Kona, pura e simples. Por que a adição do Kailua? Prefiro Kona, apenas. Menor, mais simples e lembra o que Kona tem de mais famoso: seu café.
Para quem não sabe, Kona produz um dos melhores grãos de café do planeta, o Kona coffee. Quando fizemos nosso roteiro em Kona, em fevereiro passado, me esbaldei no café de lá. Uma delícia! Mas me esbaldei também com o mar. É ele e a fauna marinha de Kona que merecem ser degustados aqui. Afinal, tantas foram as aventuras inesquecíveis.
Por que incluir no roteiro uma visita a Kona?
Kona é uma cidade pequena-mas-ajeitada, que fica do lado oeste da Big Island do Havaí, o lado mais seco, terreno árido vulcânico, com muitas rochas e pouca vegetação. O lado dos resorts de luxo afastados do mundo. Tem o lado do vulcão dormente Hualalai. O lado dos grandes animais marinhos: tubarões, golfinhos, jamantas. E ainda o lado da fauna marinha, que é visitado pelas baleias jubartes todos os anos entre novembro e abril. Afinal, esta é a época em que elas viajam do Alasca até o Havaí para se reproduzir nas águas mornas tropicais.
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Fauna marinha de Kona: muitas baleias


Como estávamos na casa de um casal que possuía um barquinho, saíamos todos os dias com vários sanduíches no cooler e muita animação para nos divertir o dia inteiro no mar. Mergulhar, snorkelar, pescar, nadar, relaxar. E indefectivelmente, vimos a vedete da fauna marinha de Kona: baleias jubarte. Muitas vezes elas nos acompanharam com seus saltos, em grupos de até 6, com filhotes ou não.
É indescritível a sensação de, de repente, tomar “aquele” susto porque uma baleia pulou ao lado de onde você estava tranquilamente almoçando. Ou ver um “arco-íris da baleia”, quando a luz do sol bate no vapor que sai do respiradouro dorsal delas e gera esse efeito único. Momentos que não têm preço.

Com as tartarugas
Em nossa visita a Kona, saímos 5 dias pro alto-mar. Em dois deles, antes de nos encaminharmos rumo ao horizonte, fizemos o mergulho no Turtle Pinnacle, uma estação natural de limpeza das tartarugas. Ali, as tartarugas marinhas têm seus cascos limpos pelos peixes-cirurgião. Funciona como uma espécie de “lava-jato” para tartarugas. Elas literalmente ficam “estacionadas” recebendo o tratamento “VIP” dos peixes, que se alimentam das algas que crescem nos cascos das tartarugas.

O Turtle Pinnacle fica na saída do píer de Honokohau na Big Island. Quanto mais cedo você chega neste point, maior a chance de ver mais tartarugas na área. O mergulho é uma delícia, super-calmo, sem corrente ou perturbações, com muitos peixinhos coloridos, fauna marinha havaiana e as tartarugas-verdes, que ficam nadando a sua volta. Lindas, lindas. (Algumas fotos podem ser vistas nessa galeria.)

Num outro dia, foi a vez de aparecer um grupo bem grande de golfinhos, na mesma área das tartarugas. E pulavam, nadavam, faziam festa. Kona, aliás, é um dos únicos lugares do mundo onde os golfinhos rotadores se agregam numa baía, em Kealakekua Bay. O outro lugar onde isso acontece, como sabemos, é em Fernando de Noronha. Em Noronha, não podemos mergulhar com os golfinhos, há uma distância mínima a ser respeitada pela lei ambiental. Em Kona, a mesma restrição existe. Mas como os golfinhos chegam muito mais próximos à costa, é comum estar na água e eles aparecerem, colocando você em meio ao roteiro deles.
Mergulho noturno com as jamantas
Outra aventura imperdível em Kona é o mergulho noturno com as jamantas, rankeado no top 10 dos melhores mergulhos do planeta. Na mundialmente famosa (pelo menos entre mergulhadores) baía de Ho’ona, durante o dia, há uma população enorme de enguias, as chamadas garden eels perto de um dos corais mais antigos da Big Island.

À noite, o mesmo local se transforma. Aliás, é de noite que a fama local foi construída. Quando holofotes imensos são colocados embaixo d’água, e as pessoas submergem até os 11 metros. Ali, ficam esperando, sentadas, o espetáculo começar.
Um verdadeiro Cirque du Soleil natural, como conto aqui. Com tanta luz e tanta gente com roupas e equipamentos coloridos, o mar à noite parece uma discoteca. Só que a música reinante é aquele blurgh-blurgh-blurgh de bolhas de ar expelidas pelo bucal. E na empolgação do delírio tentei até ensaiar uns passos technos embaixo d’água.
Eis que chegam as jamantas
Os holofotes fortes atraem o zooplâncton para o local, e assim que a área fica entupida de zooplâncton (parece até que estamos na Amazônia cheia de mosquitos em volta, só que com água por todos os lados), chegam elas, as rainhas do evento: as jamantas. Atraídas para sua comida predileta, o plâncton, a jamanta fica passeando em círculos como uma pipa no (m)ar, de boca aberta para filtrar toda aquela refeição. Delicadeza e graça num balé alheio aos 60 espectadores humanos a sua volta. A manta parece não se preocupar com os mergulhadores por ali, a apreciar seu show.

Os dive masters pedem para que não toquemos nas mantas de forma alguma. Mas em certos momentos é inevitável, porque ela é quem te toca, você não tem escolha. Sensação indescritível de verdadeira interação animal. Embora fosse noite, meus olhos brilhavam como um sol de tanta felicidade.

Rotina em Kona
Aliás, nesse roteiro de saídas diárias pro mar, em quase todos os dias o sol brilhou e reinou no horizonte, garantindo inclusive pôres-do-sol maravilhosos, dignos de fotos de cartão postal. Um dia apenas o mar estava bem revolto, com ondas chacoalhantes, e nesse dia, voltamos mais cedo para casa.


No último dia de nossa visita a Kona, aproveitei para andar um pouco pela cidadezinha. O centrinho é lotado de lojas de souvenir para turistas, alguns hotéis, bares e restaurantes, tudo em clima de aloha-praia. Mas é claro, estamos nos EUA. Embora as pessoas queiram acreditar que ali é um paraíso isolado do Pacífico, nunca se está muito longe de um Wal-Mart ou de uma Macy’s. Cabe a cada um realmente tornar o Havaí o seu paraíso pessoal.

O aeroporto de Kona, de onde a gente se despediu da Big Island, parece carregar essa mensagem em seu design. Ao ar livre, as cabaninhas simples de madeira contrastando com as modernas máquinas de raio-X. Que nos lembram que estivemos neste roteiro num pedaço americanizado do paraíso.
Mas ainda assim, não menos perfeito.

Tudo de bom sempre.
P.S.
- Existe uma preocupação ambiental de que o número de barcos de “whale watch” nessa época no Havaí esteja crescendo demais. Com isso o número de colisões com as baleias vem aumentando consideravelmente. Há um lado positivo da situação, entretanto. Porque as populações de baleias estão aumentando. Por isso, mais encontros com humanos. E saber que mais baleias jubarte, espécie ameaçada de extinção, têm sido avistadas, é sempre uma boa notícia.