por:
Lucia Malla
Brasil, Charada, Comes & bebes, Espírito Santo, Parques Nacionais
Publicado
03/08/2008
Acho que eu “errei a mão” no último desafio. Estava muito fácil – pelo menos pros que são do Espírito Santo, hehehe. Porque mal eu tinha publicado, meu amigo Maninho (vulgarmente conhecido como Edu) já veio e cravou a resposta certa. E depois, uma sequência de capixabas apareceram, culminando com um “tem que ser” da Andreia e a certeza da minha amiga Pat – que morou ali do lado! 😀

Realmente, gente, era a Pedra Azul, na serra capixaba. Foi fácil identificar pelo padrão de cores na rocha, não?
Um pouco de geologia
Essas cores, aliás, advém da presença de liquens e algas na rocha, que mudam a tonalidade da mesma de acordo com a incidência do sol. Diz a Wikipedia que a Pedra Azul muda de tonalidade 36 vezes por dia. Como nunca fiquei lá um dia inteiro olhando o rochedo, nunca vi todas essas cores. A pedra é naturalmente cinzenta, e num dia sem sol, realmente vemos apenas o cinza, nem sinal da tonalidade azulada que dá nome a ela. Precisa do sol incidindo para ela ficar esverdeada-azulada. O granito e o gnaisse da Pedra Azul no Espírito Santo são do mesmo tipo metamórfico que formam o Pão-de-Açúcar no Rio.
Mas a Pedra Azul também é chamada Pedra do Lagarto, por causa do “apêndice rochoso” que ela tem. Este apiendice se assemelha a um lagarto quando visto de lado e é impressionante. Está à beira da BR262, que liga Vitória a Belo Horizonte, facílimo de ver, a pouco mais de 50km de Vitória.
A visita à Pedra Azul
No Parque Estadual da Pedra Azul, há trilhas com piscinas naturais, abertas ao público – mas precisa agendar com antecedência. A região é um pedaço de mata Atlântica elevada, e há muitas bromélias e orquídeas, prometendo um belo passeio. De acordo com o SummitPost (um dos pontos de encontro dos montanhistas no mundo virtual), a Pedra Azul é melhor para ser escalada durante o inverno, apesar das temperaturas baixas. No verão, chove muito, o que pode estragar a escalada.

Eu cresci no Espírito Santo. E de vez em quando subia a serra para passear em alguma das diversas localidades e municípios que a compõem. Eram churrascos no sítio de Cristhian em Marechal Floriano, almoços no Vista Linda (seu relógio d’água era a atração das crianças), caminhadas familiares no Parque das Hortênsias em “Campinho” (hoje Domingos Martins), cafés coloniais na Pousada dos Pinhos, retiros do colégio em Santa Isabel… Enfim, uma infinidade de passeios que me trazem boas recordações.
Friozinho da serra
A região tem temperatura amena no ano todo. (De acordo com os locais, Paraju tem “o melhor clima do mundo para se viver” eleito por alguma publicação que não me lembro agora qual). Este clima ameno é devido à altitude. E toda vez que queríamos fugir do calor do litoral, era pra serra que nos direcionávamos.

A região serrana capixaba foi colonizada por imigrantes alemães e italianos. Em Domingos Martins, concentra-se o maior número de alemães, principalmente vindos da região da Pomerânia. Já em Marechal Floriano e em Venda Nova, os italianos são entretanto maioria. Trouxeram consigo os costumes europeus e a região é notoriamente conhecida no estado pelos festivais: da Polenta, do Vinho, da Cerveja, de Inverno, do Imigrante Alemão,… São vários, principalmente gastronômicos.
Aliás, hoje o principal mote do turismo nesta região do Espírito Santo é a gastronomia. E aí eu dou uma de gulosa e destemperada e vou sugerir 2 lugares na serra capixaba imperdíveis, que adoro.
Onde comer – Lorenção
O primeiro é o sítio da família Lorenção, já quase em Venda Nova do imigrante. É um sítio mesmo – uma das vezes que cheguei lá para visitar, a família estava reunida ao redor da mesona de bancão no quintal jogando baralho, numa cena bem tarde de domingo. Nos fundos do terreno, há uma lojinha, onde ficam as guloseimas italianas mais deliciosas da região.
O chamariz é o socol, um tipo de embutido de lombo de porco cuja receita-segredo foi trazida da Itália pelos nonos da família, ou seja, iguaria única no mundo, só produzida ali no Brasil. Para mim, o melhor embutido do planeta, sem dúvida. Além do socol, há inúmeros antepastos maravilhosos, berinjelas em conserva e o licor de limoncello, feito com a casca do limão siciliano, para acompanhar tudo perfeitamente. Nunca havia tomado limoncello antes, mas depois de provar o da família Lorenção, virei fã de carteirinha e é minha primeira opção num restaurante italiano qualquer. Se tiver limoncello, eu fico. 😀

Onde comer – Espaço Vellozia
A segunda sugestão é um almoço no Espaço Vellozia. O cardápio é cheio de exotismo, misturas bem interessantes, o que eles chamam de “cozinha de autor”. Eufemismo ou não, fato é que é gostoso à beça. Estivemos lá uma vez (pretendo voltar assim que der). Pedimos o fettuccine de escalope de filé alla Vellozia e a polenta dos tropeiros gratinada com queijo parmesão. Maravilhas dos deuses. Além de tudo, comer olhando para a Pedra Azul torna toda a experiência mais agradável.

Mas essas não são nem de longe as únicas opções do agroturismo da serra capixaba. Há inúmeros recantos deliciosos, cheios de comidinhas, guloseimas e quitutes, receitas únicas de família, chucrutes e anholins, vinhos e cervejas. O legal é passear por ali e ir descobrindo aos poucos, provando de tudo um pouco. A serra capixaba, com seu ar fresquinho, é portanto um ótimo passeio de domingo para qualquer momento do ano. E aos poucos se revela única para os paladares de todos os tons e nacionalidades.

Tudo de bom sempre.
P.S.
- Minhas papilas gustativas para esse post não tiveram patrocínio algum, a não ser da minha vontade de apontar boas pedidas turísticas na Serra Capixaba. 🙂