Mal chegamos no aeroporto de Kona numa sexta à tarde e tomamos logo a direção do Kona Village Resort, ao norte da ilha. Afinal, é lá que acontece, às 4as e 6as um suposto luau tipicamente havaiano. [ATENÇÃO: Este resort foi bastante danificado pelo tsunami de 2011 e não funciona mais.]
Luau para turistas
Acima de tudo, o luau é um show para turistas. Já fui em diversos em Oahu, incluindo um tradicional mesmo, portanto posso afirmar que há diferenças. Primordialmente, o show do luau para turistas mostra os estereótipos do Havaí e dos povos polinésios. Entretanto, sinceramente, não acho tão ruim, já que termina mostrando partes bem bacanas sobre essas culturas. Partes, aliás, que a maioria pouco sabe sobre.
O luau é um learning experience.
Como tínhamos que ir por conta do assignment, e eu curto aprender sobre ilhéus em geral, fui sem stress.
Leia meu guia completo e atualizado de luaus em Oahu.
Como foi o luau na Big Island
Na entrada, uma fila pequena, onde encontramos um casal de brasileiros de Chicago. Enquanto André fotografava, fiquei conversando com eles. A senhora estava adorando as flores do Havaí, que são realmente uma das minhas paixões aqui. Há uma diversidade incrível de cores e cheiros de flores, lindas todas, adornam as ruas sem pudor. No luau em que estávamos, os leis eram feitos de orquídeas rosas. Principalmente, eram haku leis, para se colocar na cabeça, que acho ainda mais elegantes. Provavelmente resultado da crise econômica, já que se economizam algumas orquídeas fazendo haku leis ao invés de leis (colares).
Uma vez dentro da vilinha onde o luau ocorre, há grandes mesas espalhadas entre um palco grande, um riacho e um palquinho menor, e as mesas onde a comida será servida. Antes do show começar, maitais para todos, que ninguém é de ferro. O primeiro show é de um havaiano, ensinando a abrir um côco com um pedaço de madeira – um truque que todo luau que se preze tem. De lá, todos são convidados ao Imu, para aprender sobre a cerimônia do porco, o kalua pig.
O Imu
O Imu é onde os havaianos cozinhavam no passado suas comidas: um forno enterrado na areia. Kalua significa “coberto por folhas de ti“, uma espécie de liliácea comum nas ilhas do Pacífico. Basicamente, o porco inteiro é enrolado nestas folhas junto a pedras de lava. As pedras de lava em geral são mais porosas, com buracos microscópicos que mantém as gotículas de água encapsuladas; com o calor da fogueira, viram vapor e cozinham a carne do porco em poucas horas. Os maoris tinham tecnologia similar para cozimento.
Show de hula e danças do Pacífico
Depois da cerimônia, voltamos todos para as nossas mesas e o show de hula começou. Primeiro, com os moços; depois as moças, que dançaram coreografias de Fiji, do Taiti e da Nova Zelândia. É simplesmente impressionante a capacidade das dançarinas de mexer o quadril freneticamente sem mexer quase nada do tórax. A dança é muito bonita de se assistir. A hula é mais calma que a dança do Taiti, mas ambas são inspiradoras.
O jantar do luau
Enquanto os shows acontecem, o jantar é servido. O porco que foi cozido no imu mais um banquete enorme, recheado de comidas havaianas como o poi (que eu não gosto porque é feito com inhame) e o salmão lomi lomi. Para manter a “tradição”, os pratos eram feitos de madeira koa (Acacia koa), uma árvore endêmica do Havaí que era a predominante na paisagem antes da chegada dos europeus.
A sobremesa já está na mesa quando começa o highlight do show: a danca com fogo. Ritual perpetuado pelos samoanos, é claramente uma demonstração de destreza manual, já que ambas as pontas do bastão estão iluminadas pelas labaredas. Me impressiono pela beleza plástica que o fogo traz ao palco: é bonito de se ver.
O Grand Finale do luau
Para o grand finale, todos os dançarinos voltam ao palco. O show impressiona também pela cronometragem perfeita: tudo termina quando você terminou sua sobremesa. Achei, sinceramente, o show curto. Afinal, no Paradise Cove em geral costuma ser bem mais longo, mais divertido, com mais interação com o público.
No Kona Village Resort, o show era mais sério, embora mais exuberante. Acho que o Riq condenaria veementemente as cadeiras de plástico, que eu também achei que tiraram um pouco do brilho da ambientação, em que tudo era feito de palhinha, madeira e afins.
Em conclusão
Mas confesso que gostei, apesar de tudo ser tão “teatral”. É claro que um verdadeiro luau havaiano não tem tanta coordenação, é muito mais fluido e improvisado. Mas gostei também porque a lua estava quase cheia, linda no céu. Com o som dos ‘ukuleles, o balanço calmo da hula, o brilho da noite refletindo no riacho e as flores ao redor… Quem mesmo precisa de um luau 100% verdadeiro?
Tudo de bom sempre.
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