Já que esta semana comecei a contar a nossa visita ao Flavio em Riva Del Garda, preciso terminar de contar para onde ele terminou levando a gente…
Eis que acordamos e o Flávio já tinha bolado um tour completo pela região do Trentino, onde ele mora. A idéia era ir até Trento, capital da província, para conhecer. Iríamos por um lado e voltaríamos pelo outro, dando uma volta nas montanhas nevadas da região.
O “problema” começou quando chegamos em Trento.
Duomo de Trento.
A cidade de Trento é a capital da província do Trentino. A influência austríaca é clara em todos os pontos da região: muitos moradores ainda falam alemão e a história de junta-separa durante o século passado (por causa das guerras), deixou marcas – a mais clara na manutenção do alemão como “2a língua não-oficial” da área.
A Fonte de Netuno, na praça central da cidade de Trento.
Apesar desta influência, o Trento é, hoje em dia, uma cidade da Itália. E tem todas as peculiaridades que uma cidade de interior italiana possui e oferece: construções antigas monumentais, praças arborizadas, pessoas amigáveis e sorridentes, casarios com fachadas de afresco em ruas tortas, e o melhor de tudo, a comida italiana.
Fachadas em curva. Flavio nos explicou que as ruas eram construídas nessa curvatura para que, do início do quarteirão, todos pudessem ver os afrescos diversos nas fachadas de todas as casas da rua. A arte para todos em todos os ângulos possíveis. Muitos afrescos foram cobertos por pinturas, as casas sofreram com as guerras, mas em algumas delas ainda se vêem os afrescos restaurados. Singular.
Logo na entrada de Trento, paramos numa pracinha, onde acontecia uma feira de queijos locais.
Eu amo queijos, que fique registrado aqui. E aquela diversidade enorme eu nunca havia visto na vida. Em cada barraquinha, um monte de queijos diferentes. Se o céu existisse e fosse o lugar das coisas boas, aquilo ali era a sucursal dele na Terra. 😀
Queijos de todos os formatos, cores, cheiros, sabores. Queijos com cobertura de rosemary, de alho, de pesto; queijos amarelos, brancos, marrons, verdes; queijos de búfala, de vaca, de ovelha; requeijões com sabores da região, queijos em formato de roda enormes, queijos redondos; enfim, um arsenal de queijos. Tudo com cara de feito ontem nas fazendinhas dos senhores e senhoras simpáticos que ali estavam expondo suas obras de arte culinária. E o melhor de tudo: bastava a gente encostar numa barraquinha, para que logo uma amostra grátis nos caísse em mãos. Eu não queria parar de comer.
No centro da praça, dois moradores da cidade preparavam uma polenta aos moldes tradicionais. A massaroca era socada com um pilão enorme dentro de uma panela na fogueira. O cheiro que saía daquele movimento era indescritível de tão bom.
Fazendo polenta na rua.
Ficamos ali, comendo queijos, proseando e ouvindo as conversas do povo por um tempo. O Flavio nos ajudava a traduzir o que era falado, já que nosso italiano é deficitário (pra dizer o mínimo). Me senti suspensa no tempo e espaço, a cabeça num estado de êxtase sensorial indescritível. Compramos um pote de creme de parmesão (que acabou outro dia aqui em casa, infelizmente), vários pedaços de pecorino e parmesão e até um queijo fresco de búfala, que foi devidamente devorado ainda na nossa road trip pela Itália.
Queijos, queijos e mais queijos…
Trento deixou saudade – e um cheiro de queijo fedido maravilhoso nas nossas mentes. Além de inspiração pra mais uma campanha malluca de proteção à diversidade: desta vez, dos queijos da Itália. 😀
Tudo de queijos sempre.