por:
Lucia Malla
Animais, Arte, Brasil, Cinema, Quadrinhos & Animação, Rio de Janeiro
Publicado
17/04/2011
Há uns três anos, escrevi um post em que contava um dia de passeio ensolarado pelo Rio de Janeiro, minha cidade natal. A conclusão que cheguei à época era de que o Rio é azul. Sendo o Rio uma cidade azul, nada mais perfeito que, no filme “Rio“, a história de animação se desse ao redor de uma arara… azul! Um pássaro ameaçado, alvo de contrabando e… azul, como a cidade deve ser. Representante mais perfeita, impossível.
Fui assistir a “Rio” ontem na hora do almoço. Amei o filme, todo o desenho da cidade, com detalhes deliciosos (como a picanha e o coração de galinha), cenas maravilhosas do desfile de carnaval no Sambódromo, e uma história fofa direcionada para crianças, que as envolve facilmente (e a alguns adultos, óbvio). Fui na sessão matinê e o cinema estava cheio de crianças. Todas, sem exceção, vibravam com as aventuras do casal de araras azuis que protagoniza a história, faziam os comentários mais hilários possíveis, viviam a história. Para mim, isso já é um sinal de sucesso.
Propaganda da cidade no filme “Rio”
Mas mais que isso, há um sucesso indireto, a meu ver. A propaganda que se faz ali da cidade é primorosa. O Rio é retratado no que há de melhor – e mesmo o “pior” (representado pelos traficantes de animais) é amenizado por um discurso light e previsível de vilão x mocinho, que infelizmente sabemos ser muito aquém da realidade. Mas não importa aqui a realidade: estamos no cinema, e o Rio de Janeiro criado para esta animação é de uma beleza e perfeição sem fim. As vistas aéreas são magníficas; a floresta da Tijuca, em todo seu esplendor verde no meio da urbe; a nostalgia dos bairros e da arquitetura de Santa Tereza e do centro; a vibração e alto astral do carioca estão ali, de coração aberto. É o melhor cartão postal pro turismo que a cidade podia ter.
Problemas do roteiro
Já o roteiro, apresenta alguns probleminhas – que em minha opinião não denigrem completamente a obra. Há uma mensagem ambiental, exposta de maneira simples e direta, em linguagem infantil (no bom sentido) que enfatiza o problema do contrabando e do tráfico de animais, principalmente os ameaçados de extinção. Há confusões biológicas na trama. Mas em minha opinião elas são recuperáveis e não chegam a afetar o objetivo maior de simplificar o problema para a audiência infantil.
Aliás, é no cerne deste problema tão complexo de tráfico de animais silvestres que nasce uma história de amor simples e sincera, doce, simpática, que é carregada no filme com todas as tiradas mais cariocas que você pode imaginar. Eu amei tal combinação, de uma inspiração ingênua e suspirante. Gostei do filme, e recomendo.
As araras são azuis, mas o filme… Ah! É tão colorido!
Eis uma singela homenagem a esta cidade azul – e colorida, como a alegria que afinal desperta em todas as suas nuances.
Tudo de bom sempre.
P.S.
- Passei o filme inteiro pensando na minha amiga ornitóloga Alline, que com certeza deve ter amado ver sua cidade natal historiada com um bando de passarinhos! 🙂
- Ver o filme me fez constatar que ando nostálgica do Brasil… Acho que minha resenha foi influenciada por esse sentimento, afinal.