por:
Lucia Malla
Amigos de viagem, Antigos, Blog, Blogosfera & mídia social, Mallices
Publicado
21/06/2008
Acho que a maior parte dos blogueiros passa por momentos de “êxtase blogal” e de “depressão blogal”, momentos em que você tem milhares de idéias de posts e outros em que não quer postar nada. Os extremos que vejo desses 2 casos são a criação de vários novos blogs mantidos por uma só pessoa ou o fechamento do seu próprio. Às vezes há razões específicas para o desânimo: o blogueiro viaja, cansou de receber comentários ofensivos, passa por um momento difícil com família, trabalho, etc., anda ocupado… Para o ânimo exacerbado, os motivos são mais difíceis de mensurar, mas o mar de informação em que navegamos todos os dias pode ser uma variável importante nessa equação. Blogar, como (quase) tudo na vida, é, ora pois, uma curva com altos e baixos. E se eu fosse montar um gráfico hipotético do meu “período de blogagem” x “sentimento para blogar”, acho que seria um pouco como um gráfico de temperaturas medidas no mundo do aquecimento global: cheio de altos e baixos, mas com uma tendência geral de subida. (Será que a curva é assintótica? Será que ela um dia chega a um ponto de saturação? Ou cruza o eixo “x” e o blog se extingue? Questões…)
Mas eis que semana passada aconteceram 2 fatos para reafirmar minha percepção de que foi uma ótima idéia eu abrir um blog. Entre altos e baixos, a tendência pode trazer resultados supimpas, inesperados e deliciosos.
Primeiro, foi a grande Beth, que eu (ainda) conheço só virtualmente – e com quem tenho uma afinidade maravilhosa. A Beth me surpreendeu deliciosamente numa manhã, com um “presente para Malla”: a oferta de 4 ingressos para um festival de world music. E eu aceitei o presente de coração, com um sorriso de canto a canto. Porque eu adoro sons diferentes, e ela sabe disso. E fui então na 5a ao Bridgestone Music Festival, no Citibank Hall, conhecer o som jazzista de Rachel Z &The Department of Good and Evil e o pop à la Gilberto Gil de Daby Touré, direto da Mauritânia. Os dois shows foram muito bons. A super-simpática Rachel Z fez uma versão jazzista de “Comfortably numb” do Pink Floyd que foi puro êxtase de belezura. Tocou também peças de Wayne Shorter e Bill Evans, além de uma música do Joy Division. E contou com a participação especialíssima de Chico Pinheiro em 2 músicas. Enfim, um showzaço. Já Touré levantou a galera (literalmente) e fez o público cantar seus refrões em língua mauritanesa (?). Muita musicalidade numa voz poderosa – só a baixista que achei “mediana”. Ele merecia mais, porque sua voz é linda. Mas me diverti muito com seu show e valeu demais o presente especialíssimo e os sons novos incorporados.
O segundo fato é uma verdadeira viagem. O fato de eu ter aparecido no Roda Viva fez minha amiga de faculdade Leandra, que assistiu casualmente ao programa em sua casa em Palmas (TO), a colocar “Lucia Malla” no Google – e ela caiu direto aqui no meu blog. “Malla”, para quem não sabe, é um apelido carinhoso que ganhei na faculdade, e a Leandra estava no grupo no exato momento em que foi cunhado esse apelido, numa noite chuvosa dos idos de 1992. Ou seja, ela sabe a gênese da Malla. Éramos muito amigas, viramos noite juntas estudando para várias disciplinas, enfim, nossa separação foi uma dessas casualidades da vida pós-formatura que acontecem, infelizmente, e que deixam a gente com uma ponta de tristeza no coração. Mas, depois de mais de 10 anos sem nenhum tipo de notícias, graças a esse bloguinho, eis que ela me reencontra e a gente retoma o contato! Não sei nem explicar a sensação de felicidade que me tomou quando comecei a receber comentários dela em diferentes posts na 3a feira passada, relembrando detalhes de um tempo tão delicioso da minha vida. Aos poucos, por email, as fofocas das experiências dos últimos 10 anos vem sendo colocadas em dia. Muita vida nesse tempo…
Mas o mais interessante é que eu me senti, com as 2 surpresas da semana, muito satisfeita de um dia ter aberto esse blog e mais, de não ter nele absolutamente nada que me entristeça, nem as “viajadas”, os erros, as risadas, as preocupações, os momentos de dor, as experiências… Aqui, nesse nanométrico sítio, eu sou eu, sem medo de ser feliz, contando as viagens que se passam na minha caixola, da maneira mais malla de contar e ser. Se através deste blog obtive alegrias inesperadas desse naipe, já valeu muito a pena um dia começar a escrever o “Uma Malla pelo mundo”. E só posso agradecer imensamente a todos que por aqui passam: é essa troca tranquila e enriquecedora que mantém meu gráfico pessoal em tendência positiva, trazendo muitas vezes o ânimo necessário para continuar na estrada blogal, cheia de curvas e com uma bela vista pro mar.
(Eu não esqueço de colocar nessa conta os inúmeros outros amigos que fiz via blog, cuja lista é tão grande que não dá nem pra começar a enumerar… que ferramenta linda que junta pessoas com afinidades e gera essa enorme rede de conversa supimpa!)
Beth e Leandra: a surpresa da visita que me deram foi a catalisadora de boas lembranças e esperanças. A vocês, meu obrigada especial.
Tudo de bom sempre para vocês duas, queridas do coração malla. E para todos que viajam comigo a cada post.
(…e a curva do gráfico já começou a subir… 😀 )
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– Já que falamos no entroncamento de amizades do real com virtual, hoje uma amiga que deixou de ser virtual há tempos faz aniversário… Parabéns, Alline!! Curta bastante seu dia e suas aprontações na terra milanesa. E felicidades sempre! 🙂